Moody’s coloca ratings de Odebrecht e Andrade Gutierrez em revisão para rebaixamento

As revisões para rebaixamento foram motivadas pela percepção da Moody's de aumento de risco de crédito após os mandados de busca e apreensão emitidos ontem para as companhias e das prisões preventivas e temporárias de alguns de seus executivos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A agência de classificação de risco Moody’s colocou os ratings de crédito da Odebrecht e da Andrade Gutierrez em revisão para rebaixamento após as prisões de seus presidentes, Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, respectivamente, na manhã de ontem, no âmbito da Operação Lava Jato. 

O rating em escala nacional atribuído à Odebrecht Engenharia e Construção S.A. (OEC) é  Aa1.br e em escala global, é Baa3, foram colocados em revisão. Já o rating da Andrade Gutierrez está em Ba2 em escala global, também colocado em revisão para rebaixamento. 

As revisões para rebaixamento foram motivadas pela percepção da Moody’s de aumento de risco de crédito para a Odebrecht e para a Andrade Gutierrez após os mandados de busca e apreensão emitidos ontem para as companhias e das prisões preventivas e temporárias de alguns de seus executivos.

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Embora as investigações ainda estejam em andamento e eventuais sentenças ou penalidades ainda não tenham sido determinadas, esses eventos podem afetar negativamente a execução das estratégias de crescimento das empresas no curto prazo e pressionar ainda mais os já desafiadores fundamentos da indústria de engenharia e construção no Brasil, destacam os analistas da Moody’s.

E destacam que, embora seja difícil prever o prazo e o os desdobramentos jurídicos dessas investigações, o processo de revisão focará na capacidade prospectiva das companhias de suportar seus negócios e continuar operando em tal ambiente.  

No caso da Andrade Gutierrez, a Moody’s destaca que a empresa tem operação em mais de 20 países e liquidez suficiente para cobrir todos os seus próximos vencimentos da dívida, o que atenua parcialmente as implicações potencialmente negativas sobre o negócio no curto prazo. A agência destaca também que a Odebrecht atualmente tem liquidez suficiente para cobrir todos os vencimentos de dívida e garantias extrapatrimoniais, o que parcialmente mitiga potenciais implicações negativas sobre os negócios no curto prazo.

 

“Na medida em que as questões atuais possam ser esclarecidas e resolvidas sob o curso normal da justiça, com implicações restritas ou gerenciáveis para os negócios domésticos e internacionais da companhia e para o seu perfil de liquidez, os ratings podem ser confirmados nos níveis atuais”, avaliam.

Por outro lado, os ratings podem ser rebaixados se a Moody’s perceber aumento dos riscos oriundos dessas investigações, tais como redução da liquidez para cumprir com o serviço das dívidas ou redução significativa no seu portfólio de projetos que resultaria prospectivamente em maior alavancagem e perfil de negócios enfraquecido.



Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.