Ministros querem que Dilma reconheça erros publicamente; presidente busca apoio empresarial

Em reunião de emergência, a presidente reconheceu a situação de dificuldade política e baixa popularidade pela qual passa o governo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff reuniu ontem (6) ministros políticos do PT para cobrar deles a responsabilidade pela articulação política com o Congresso Nacional. Após o vice-presidente Michel Temer ter feito um apelo público pela união do país, ela elogiou aos ministros o papel que Temer tem desempenhado, mas disse que ele está sobrecarregado e que é necessário todo o conjunto dos ministros envolvido na governabilidade.

O encontro ocorreu durante a tarde, no Palácio da Alvorada, e não constou da agenda oficial da Presidência. Antes, Dilma recebeu Michel Temer no Planalto. A presidente reconheceu a situação de dificuldade política e baixa popularidade pela qual passa o governo. Ela também pediu que os ministros voltem a dialogar e negociar com os deputados e senadores, evitando a aprovação de medidas que prejudiquem a situação econômica do país.

Por outro lado, de acordo com relatos de três ministros ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, três ministros defenderam que a presidente faça uma declaração pública reconhecendo os erros cometidos durante a sua gestão. O diagnóstico é que, se nada for feito antes dos protestos, a situação pode se tornar irreversível. Por outro lado, não há consenso sobre o que deve ser feito. 

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Uma das alternativas citadas foi a de diminuir o tamanho da Esplanada, mas reduzir os cargos também significa a diminuição o poder de barganha que o governo tem para negociar com os partidos políticos apoio no Congresso. Ministros não falaram abertamente sobre o risco de um pedido de impeachment mas, nos bastidores, nenhum deles descarta o cenário. 

Na madrugada de ontem, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a vinculação do salário de advogado público ao de ministro do Supremo Tribunal Federal. A avaliação do Palácio do Planalto é que é preciso retomar a atitude e reagrupar a base.

Participaram do encontro os ministros Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, José Eduardo Cardozo, da Justiça, Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação, Ricardo Berzoini, das Comunicações, e Jaques Wagner, da Defesa.

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Governo busca apoio da elita empresarial 
De acordo com a Folha, Dilma também pretende reunir os líderes do PIB (Produto Interno Bruto) para tentar obter apoio e, assim, driblar a crise.

O governo quer chamar a elite empresarial brasileira para um encontro nos moldes da reunião com os governadores, ocorrida semana passada, no Palácio da Alvorada.

Em meio à crise, o governo quer refazer as pontes com o capital, na tentativa de influenciar o Congresso contra a aprovação de projetos com forte impacto fiscal. Entre os nomes, estariam Rubens Ometto, da Cosan, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Jorge Gerdau, da Gerdau, e Abílio Diniz, da BRF. Todos são considerados relativamente próximos ao Executivo. O governo concluiu que precisa não só recuperar interlocução com os movimentos sociais, mas também refazer as pontes com o capital. 

Ontem, os presidentes da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), Eduardo Gouvêa Vieira, e da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, manifestaram apoio à proposta de união pela governabilidade, apresentada Michel Temer.

Em nota conjunta divulgada ontem (6), eles dizem que “o momento é de responsabilidade, diálogo e ação para preservar a estabilidade institucional do Brasil”. Segundo Vieira e Skaf, o Brasil enfrenta a mais aguda crise econômica e política dos últimos 20 anos.

Ele dizem que o país “não pode se permitir irresponsabilidades fiscais, tributárias ou administrativas, e deve agir para manter o grau de investimento tão duramente conquistado, sob pena de colocar em risco a sobrevivência de milhares e milhares de empresas e milhões de empregos”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.