Michelle, sem eletrônicos e vigilância 24h: como será a internação de Bolsonaro no DF

Ex-presidente será hospitalizado nesta manhã e passará por dois procedimentos; previsão é de que a internação dure entre cinco e sete dias

Agência O Globo

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixa o hospital onde foi submetido a uma cirurgia de pele, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após ser condenado pela maioria do STF por planejar um golpe para permanecer no poder após perder as eleições de 2022, em Brasília, Brasil, em 14 de setembro de 2025. REUTERS/Mateus Bonomi
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixa o hospital onde foi submetido a uma cirurgia de pele, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após ser condenado pela maioria do STF por planejar um golpe para permanecer no poder após perder as eleições de 2022, em Brasília, Brasil, em 14 de setembro de 2025. REUTERS/Mateus Bonomi

Publicidade

A internação do ex-presidente Jair Bolsonaro, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, será marcada por um esquema de segurança reforçado, restrições de acesso e controle direto da Polícia Federal (PF) desde a saída da prisão até a alta hospitalar. A decisão do ministro Alexandre de Moraes detalha como será cada etapa da passagem de Bolsonaro pelo hospital DF Star, em Brasília, onde ele será submetido a exames e a uma cirurgia para correção de hérnia inguinal bilateral.

Bolsonaro será conduzido ao hospital na manhã desta quarta-feira. O deslocamento deverá ocorrer de forma discreta, com desembarque direto pelas garagens da unidade, sem qualquer exposição pública. Todo o trajeto ficará sob responsabilidade da Polícia Federal, que também comandará a segurança durante a internação.

A ordem judicial determina vigilância ininterrupta. Pelo menos dois policiais federais deverão permanecer permanentemente posicionados na porta do quarto hospitalar, com fiscalização 24 horas por dia. Além disso, a PF manterá equipes de prontidão dentro e fora do hospital, com autonomia para reforçar o efetivo sempre que considerar necessário.

Continua depois da publicidade

O acesso ao quarto será rigidamente controlado. Moraes proibiu a entrada de celulares, computadores ou qualquer outro dispositivo eletrônico, com exceção apenas dos equipamentos médicos indispensáveis ao tratamento. A fiscalização do cumprimento da regra caberá exclusivamente à Polícia Federal, que atuará dentro da unidade hospitalar durante todo o período de internação.

No plano pessoal, a decisão autoriza a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como acompanhante durante toda a internação, respeitadas as normas do hospital. Qualquer outra visita — inclusive de familiares próximos — dependerá de autorização judicial específica, o que na prática restringe o círculo de contato do ex-presidente enquanto estiver hospitalizado.

A defesa havia solicitado a entrada recorrente de dois de seus filhos, Flávio e Carlos Bolsonaro, o que foi negado por Moraes.

Do ponto de vista médico, esta quarta-feira será dedicada a exames clínicos, laboratoriais e de imagem, além do preparo pré-operatório. A cirurgia está prevista para a manhã de quinta-feira, dia de Natal, com duração estimada entre três e quatro horas, segundo informou o cirurgião Cláudio Birolini. A equipe médica se comprometeu a divulgar boletins diários com atualizações sobre os procedimentos e a evolução do quadro clínico.

Além da correção da hérnia inguinal bilateral, os médicos avaliam a realização de um bloqueio anestésico do nervo frênico, procedimento que pode ajudar a controlar as crises de soluços persistentes relatadas por Bolsonaro nos últimos meses. O momento dessa intervenção ainda será definido, a depender da avaliação clínica após a cirurgia principal.

Na decisão, Moraes frisou que a autorização para a internação não altera o cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão imposta ao ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. O ministro destacou que Bolsonaro mantém “plenas condições de tratamento de saúde” mesmo sob custódia e que o hospital escolhido fica em local próximo à Superintendência da Polícia Federal, o que, segundo ele, preserva a segurança e a execução da pena.

Continua depois da publicidade

A expectativa da equipe médica é que Bolsonaro permaneça internado entre cinco e sete dias após a cirurgia, período necessário para controle da dor, fisioterapia, prevenção de eventos trombóticos e acompanhamento do pós-operatório. A alta dependerá da evolução clínica.