Michel Temer e Moreira Franco são presos em operação da Lava Jato

A Polícia Federal cumpre um total de oito mandados de prisão preventiva e um de custódia temporária

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro prendeu na manhã desta quinta-feira (21) o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. A decisão foi do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 24 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e Distrito Federal. O coronel reformado da Polícia Militar João Batista Lima Filho também é alvo de mandado de prisão.

Temer foi preso em São Paulo e levado diretamente ao aeroporto de Congonhas, onde vai embarcar em um voo para o Rio de Janeiro em um avião da Polícia Federal. De acordo com o portal G1, o ex-presidente deve fazer exame de corpo de delito no IML em um local reservado e não será levado à sede da PF de São Paulo.

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Em nota, o MDB diz lamentar “a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco”.

“O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa”, diz o texto. O advogado do ex-presidente, Eduardo Carnelós afirmou que a prisão de Michel Temer, seu cliente, “é uma barbaridade”.

Segundo o G1, a PF estava desde quarta-feira (20) tentando encontrar a localização de Temer, mas não conseguiu, o que atrasou a operação de apreensão de hoje, que costuma acontecer nas primeiras horas da manhã.

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A operação foi feita com base na delação do operador do PMDB Lúcio Funaro e que foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro de 2017. No ano passado, Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República informações complementares com documentos que mostram o de parte dos R$ 10 milhões repassados pela Odebrecht ao MDB na campanha de 2014.

Outra delação usada para a operação foi a do empresário José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que fala em “pagamentos indevidos que somam R$ 1,1 milhão, em 2014, solicitados por João Baptista Lima Filho e pelo ministro Moreira Franco, com anuência do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Michel Temer, no contexto do contrato da AF Consult Brasil com a Eletronuclear”.

Os valores, segundo o delator, teriam sido depositados em conta corrente em nome da empresa PDA Projeto, que tem o coronel Lima, amigo de Temer, e sua esposa, Maria Rita Fratezi, por meio de um contrato simulado com a Alumi Publicidade.

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Além do inquérito baseado na delação de Sobrinho, Temer responde a mais outros nove inquéritos. Cinco deles tramitavam no STF, pois foram abertos à época em que ele ainda era presidente e foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo. Os outros foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso em 2019, quando Temer já não tinha mais foro privilegiado.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.