Mesmo com ausência de Alckmin, candidatos não economizam em críticas ao governo

Governador de São Paulo não compareceu por problemas de saúde; opositores miraram questões relacionadas à segurança pública e à crise hídrica.

Marcello Ribeiro Silva

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SÃO PAULO – A ausência de Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB ao governo de São Paulo, foi sentida e contribuiu para que prevalecesse um clima morno no debate entre os concorrentes do tucano na disputa estadual.

Ausente e internado sem previsão de alta em função de uma infecção intestinal, Alckmin teve sua gestão bastante criticada pelos opositores, que miraram questões relacionadas à segurança pública e à crise hídrica. 

Os principais aspirantes ao Palácio dos Bandeirantes, Paulo Skaf, do PMDB, e Alexandre Padilha, do PT, se empenharam em criticar Alckmin, que aparece com larga vantagem nas pesquisas de intenção de voto, e evitaram fazer críticas entre si.

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Além de Skaf e Padilha, outros quatro candidatos participaram do programa: Laércio Benko, do PHS, Gilberto Natalini, do PV, Walter Ciglioni, do PRTB, e Gilberto Maringoni, do PSOL.

O clima pouco competitivo que caracterizou o debate foi comprovado pelo fato de nenhum candidato ter feito o polêmico pedido de direito de resposta durante o encontro.

Logo no início, os candidatos falaram sobre o principal alicerce de seus planos de governo e de quais medidas adotariam para concretizá-lo.

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Enquanto o peemedebista focou indiretamente suas críticas na condução do programa de segurança pública da gestão atual, o petista sinalizou que cumprirá, por meio do programa “Agiliza São Paulo”, todas as promessas que Alckmin prometeu, mas não cumpriu nos últimos quatro anos.

“Durante essas duas horas e meia de debate, quatro mulheres serão estupradas, três pessoas serão mortas ou esfaqueadas e 750 pessoas serão furtadas”, disse Skaf, acrescentando que sua primeira ação como governador será implantar o ensino em tempo integral nas escolas públicas e que acabará com a progressão continuada.

“O programa Agiliza São Paulo será estabelecido para cumprir o que Alckmin prometeu aqui no debate da Band em 2010 e não fez nos últimos quatro anos. A Linha 4 do Metrô que devia estar pronta em 2011”, explicou Padilha.

Benko, do PHS, afirmou que pretende estabelecer uma nova política, focando em economia criativa e desenvolvimento sustentável. Ele disse ainda que acabará com a progressão continuada nas escolas. Na mesma linha de raciocínio, Natalini destacou a necessidade de optar pelo desenvolvimento econômico e social, com respeito ao meio ambiente. O candidato ao governo paulista pelo PV pretende estabelecer uma reforma administrativa radical, reduzindo para 16 secretárias de governo. Atualmente, são 25.

O aspirante do PRTB afirmou que “quem não tem controle sobre as finanças, não consegue fazer um Estado para o próximo século”, sinalizando que pretende reabrir o Banespa para fomentar o crescimento e que vai trazer mais investimentos para o estado. Já Maringoni destacou que quer acabar com as privatizações.

No decorrer do debate, também foram citados os problemas que afetam o sistema hídrico e simbolizam uma ameaça ao abastecimento de água para a população de São Paulo. Entre as intervenções, Skaf afirmou que há 10 anos a ameaça também existia, mas que houve um projeto para evitar que a situação chegasse a um estado de calamidade.

“Existe um projeto antigo para dobrar a capacidade do sistema Cantareira. No entanto, faltam as obras para tornar o projeto realidade”, explicou o peemedebista. Outros candidatos também criticaram a falta de planejamento do governo. 

Entre as propostas, Natalini sugeriu protegeu as áreas de mananciais, o aumento da reutilização do recurso e o combate ao vazamento de água. Maringoni, candidato do PSOL, por sua vez, atribuiu o problema hídrico do Estado à privatização da Sabesp.

Outro assunto que foi bastante citado entre os participantes do debate foi a segurança pública. Além dos comentários iniciais de Skaf, as soluções apresentadas para o tema foram integração das polícias, investimentos em melhores salários e em tecnologias mais avançadas.

Enquanto Padilha falou em integração, o presidente da Fiesp disse que acompanhará de perto o trabalho dos policiais para evitar gargalos e proporcionar uma melhora equitativa para a classe.

“Ouço falar que as polícias não se entendem entre si. Cabe ao governador fazer com que haja um enquadramento em benefício da população. Estarei próximo da polícia para cobrar e incentivar para que a segurança pública seja resgatada”, pontuou Skaf.

Maringoni, por sua vez, pontuou que é necessário um trabalho de educação com os policiais, relembrando o movimento repressor apresentado por eles durante as manifestações do ano passado. “Os policiais não podem ser colocados para solucionar problemas sociais. Menos ainda, se adotarem a repressão como metodologia”.

O assunto corrupção e mensalão também não ficou de fora do debate. Natalini questionou de que maneira o ex-ministro da saúde evitaria que seu governo sofresse reflexos do escândalo. “Sempre procurei combater qualquer tipo de malfeito. Quero ter uma postura diferente do PSDB, que durante 20 anos viveu com o escândalo do cartel do trem e do metrô”, defendeu Padilha.

Quando o tema foi educação, todos os candidatos demonstraram reprovação ao sistema de progressão continuada. Alguns sugeriram que as escolas deveriam ser em período integral. Padilha sinalizou que, se eleito, criará os CEUs da juventude, que seria uma versão para alunos do ensino médio dos centros de ensino criados por Marta Suplicy, do PT.

A aliança entre PT e PMDB no governo federal também foi colocada em jogo. Indagado sobre quem votaria na eleição presidencial, Skaf evitou se associar à presidente Dilma Rousseff e afirmou que votaria em Michel Temer, também do PMDB, que é candidato à vice-presidência na chapa da petista.

Recheado com críticas ao governo, não se pode negar que o debate perdeu muito com a ausência de Alckmin. Os próprios rivais do tucano admitiram isso ao chegar aos estúdios da TV Bandeirantes.

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