Mercado só precificou 40% de chance de vitória de Aécio, diz gestor

Caso Dilma seja derrotada ou continue a perder terreno nas pesquisas, sócio da MVP Capital acredita que Bolsa continuará em alta e dólar e juros, em baixa

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A Bolsa de Valores e a curva de juros futuros refletem expectativas econômicas de médio e longo prazo e não há como negar que as eleições presidenciais já estão mexendo com os mercados. Mesmo antes do início da campanha eleitoral e da propaganda política na TV e no rádio, os agentes já repercutem as pesquisas e o preço dos ativos flutua ao sabor das intenções de voto em cada candidato.

Ainda que a Bolsa tenha subido com força desde março e a curva de juro futuro longa tenha aberto, há espaço para mais valorização, na opinião de Marcelo Villela, sócio fundador da gestora de recursos MVP Capital. Para ele, o preço atual dos ativos reflete cerca de 40% de chance de vitória da oposição. “A gente acha que o mercado ainda não está 50% a 50% [de chance de vitória entre Dilma Rousseff e Aécio Neves]. Atualmente, achamos que está no preço 40% de chance da oposição ganhar, principalmente para curva de juros longa. Acreditamos que o mercado ainda vai precificar 50% de chance da Dilma perder”, disse Villela, em entrevista ao InfoMoney.

Na opinião do gestor, o melhor cenário para a oposição deve acontecer no início da propaganda eleitoral gratuita. “A gente vê que as pessoas ainda não conhecem bem os candidatos da oposição. Achamos que neste início vai ficar claro que os dois têm muito a crescer e vai ‘embolar’ a disputa para o último minuto”, afirmou.

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Desde o dia 14 de março, quando atingiu a mínima do ano, o Ibovespa (principal índice de ações brasileiro) já avançou 25%. Neste mesmo período, pesquisas eleitorais mostraram queda nas intenções de voto na atual presidente. Segundo especialistas, esta correlação negativa entre o desempenho da Bolsa e de Dilma nas pesquisas acontece por conta da insatisfação de boa parte do mercado sobre a condução da política econômica e pela ingerência em alguns setores e empresas, como a Petrobras.

Para Villela, são justamente as ações de estatais e de empresas que podem sofrer intervenções do governo que tendem a valorizar. “Bancos e Petrobras ainda podem subir mais. Por isso tem uma parte do índice [Ibovespa] que a gente gosta mais – das empresas que têm mais exposição a este nível de confiança da economia. Mas no fundo, acreditamos que tudo vai subir um pouco mais. A parte de consumo e de infraestrutura também devem valorizar”, afirmou.

Ele ressalta que, neste ano, outras Bolsas de países emergentes, como a da Turquia, também subiram com força, o que indica que ainda pode haver mais espaço para valorização da Bolsa brasileira – principalmente no caso de crescimento das intenções de voto em candidatos da oposição.

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Na parte de juros, Villelaacredita que o prêmio atual da curva longa (com vencimento acima de 2017) reflete essa chance de 40% de vitória de Aécio Neves e 60% da reeleição de Dilma. “Achamos que a curva longa deveria precificar um juro mais baixo. Existe a expectativa de que a inflação caia em um cenário de vitória da oposição”, apontou o executivo. Com a inflação controlada, o governo não precisaria utilizar do juro alto para conter o avanço dos preços.

Investimento no exterior
Os temas juros e bolsa brasileira fazem parte do dia a dia dos gestores e da alocação do fundo, mas uma das principais apostas da MVP é o investimento em ativos no exterior. Pela legislação, os fundos multimercados só podem ter 20% do patrimônio em ativos fora do país, mas com alavancagem a gestora consegue uma exposição de risco maior nestes ativos.

“O fundo permite que o investidor pessoa física tenha uma diversificação em ativos fora do Brasil sem precisar ter R$ 1 milhão [fundos que investem 100% do patrimônio fora do país são exclusivos para investidores com pelo menos R$ 1 mi em aplicações]. Com R$ 50 mil ele já consegue investir. E apesar de estarmos enquadrados na legislação que permite 20% do patrimônio do fundo ‘, através da utilização de derivativos você consegue alavancar essa parte, de forma que a sua utilização de risco seja maior”, disse Priscila Forbes, responsável pela área de relações com investidores da MVP.

O fundo faz uma alocação fundamentada em temas macroeconômicos, buscando teses de médio e longo prazo. “Não somos um fundo de giro. Podemos ter algumas posições táticas quando é oportuno fazer este movimento, mas a filosofia da casa é galgada em pesquisa macroeconômica profunda”, afirmou Priscila.

Villela exemplifica como as teses macroeconômicas influenciam nas decisões do gestores. “Temos uma visão que o fundamento europeu melhorou muito desde a crise de 2012, mas chegou num ponto em que o crescimento econômico e de crédito ficaram muito limitados e claramente a economia precisa de mais estímulos. Então usamos este tema no mercado de câmbio, com a percepção de que juros mais baixos e política de juro zero vão depreciar o euro em relação ao dólar e libra. Usamos também no mercado acionário: os bancos europeus vão se beneficiar, pois terão um funding barato por muito tempo e mais estímulo. Por isso temos uma cesta que reflete essa valorização dos papéis desses bancos”, explicou.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip