Mercado crava alta de combustíveis pela Petrobras: qual será o impacto para os “principais afetados”?

Próximos dias são de grande expectativa por um novo anúncio da Petrobras, que deve gerar impacto na inflação, enquanto analistas mostram otimismo com a companhia em meio a regras mais claras de reajuste

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O movimento das ações da Petrobras (PETR3;PETR4) na véspera já deu o tom: fique de olho nos comunicados a serem divulgados pela companhia nos próximos dias antes da abertura do pregão ou depois do fechamento do mercado. Apesar da grande expectativa, o conteúdo deste informe em especial parece já ser bastante conhecido pelo mercado: a estatal deverá anunciar uma elevação do preço dos combustíveis.

Os primeiros dias do mês já são de atenção para os investidores da Petrobras pelo menos desde outubro, quando a empresa estatal divulgou a sua nova política de preços. A petroleira destacou em comunicado na época que o Grupo Executivo de Mercados e Preços se reuniria uma vez por mês para rever os preços, com base no mercado internacional. Já ocorreram três reuniões, com duas decisões de queda dos preços de diesel e gasolina e uma alta em dezembro. 

Agora, em meio à defasagem da gasolina com relação ao exterior, o mercado não vê surpresa caso a companhia aumente os preços dos combustíveis. Em meio a tantos rumores, esta medida vem sendo observada de formas diferentes pelos diversos agentes de mercado: analistas, investidores da ação, economistas e consumidores. 

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Desde que a medida começou a ser implantada pela estatal, ela é elogiada por analistas de mercado. De acordo com o destacado pelo BTG Pactual na época, “a previsibilidade na precificação de combustíveis diminui bem o risco do negócio da Petrobras e aumenta as chances de sucesso nas parcerias no refino, que fazem parte do plano de desinvestimento de 2017-2018″. A melhor comunicação da empresa com o mercado também é bem-vinda, uma vez os investidores gostam de regras claras para investir. 

 A XP Investimentos também destaca que segue otimista com o case de Petrobras, devido a expectativa de um petróleo mais elevado, melhor gestão na companhia, os planos de demissão voluntária, foco no retorno e metodologia de preços de combustíveis. 

Inflação e o bolso do consumidor
Enquanto os analistas apontam a melhora no cenário para a Petrobras, os economistas focam no impacto para a inflação em 2017. Conforme apontou a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, para a Bloomberg, o preço da gasolina no Brasil está defasado de 4,5% a 5% em relação ao mercado internacional, quando o cálculo é feito apenas considerando a variação desde o ajuste anterior. Ou de 8%, quando se calcula simplesmente o preço externo do combustível convertendo para as condições nacionais. 

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Mais conservadora, a equipe macroeconômica do Credit Suisse afirma esperar uma alta na gasolina no primeiro trimestre do ano. Os economistas do banco suíço apontam que o aumento da gasolina nos mercados internacionais ocorreu em 60% das vezes nos meses de janeiro, março, abril, julho e dezembro, com uma alta média e mediana dos preços no primeiro trimestre de aproximadamente 20%. “Se esse padrão continuar, a inflação será muito maior do que o esperado pela maioria dos participantes de mercado no primeiro trimestre”, afirmam. 

Com isso, um aumento nos preços da gasolina dessa magnitude nos primeiros três meses do ano seria desfavorável, aponta o Credit, uma vez que impediria uma queda na inflação medida pelo IPCA, dada a elevada incerteza inflacionária e a concentração dos aumentos nos preços administrados vinculados à inflação passada na primeira metade do ano. 

Segundo o Credit, “a expectativa para a dinâmica dos preços internacionais do petróleo e da taxa de câmbio sugere um aumento nos preços da gasolina no mercado doméstico em 2017. Com base em uma taxa de câmbio US$ 3,80 e petróleo a US$ 58 o barril no final de 2017 estimada pelo Credit, o preço doméstico do gasolina seria 38% maior do que o preço internacional atual”, avalia. Assim, um aumento nos preços da gasolina dessa magnitude elevaria a inflação medida pelo IPCA em 1 ponto percentual. Já usando as estimativas do mercado para o dólar, de R$ 3,48, e a curva futura do petroleo de US$ 56 o barril, a diferença entre os preços domésticos e internacionais seria de 23%, impactando a inflação dos preços administrados em 2,5 pontos percentuais.

Apesar destas expectativas de aceleração do IPCA, o provável aumento dos preços não deve gerar resposta do BC em termos de política monetária, afirma Solange Srour. Os últimos dias foram de revisões de projeções para a atuação do Banco Central em meio à desaceleração da inflação: o Focus da última segunda-feira projeta a Selic a 10,25% ao ano no final de 2017, uma queda de 3,5 pontos percentuais em relação ao atual patamar de 13,75%. 

A economista-chefe da ARX prevê corte de 0,50 ponto da Selic em janeiro e uma aceleração da queda no mês seguinte, de 0,75 ponto percentual. “Já haveria espaço para o BC acelerar para 0,75 ponto”, diz Solange. Para tanto, ela cita dados de inflação divulgados recentemente, alta mais comedida dos preços de serviços, piora das expectativas para PIB em 2017 e avanço na agenda de reformas. 

Já para o consumidor, o impacto pode ser um pouco nebuloso uma vez que o percentual aplicado pode não ser necessariamente o mesmo do que o anunciado pela Petrobras, uma vez que o valor do combustível nas bombas é uma decisão de cada posto. Sobre isso, vale o destaque: mesmo quando a Petrobras anunciou redução do preço de combustíveis, em outubro, os postos não baixaram os valores cobrados da gasolina e diesel. Inclusive, algumas praças registraram aumento dos valores. Desta forma, mesmo sem saber o impacto real, é melhor os brasileiros prepararem o bolso. 

(Com Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.