Mendonça de Barros: Brasil nunca viraria uma Venezuela… e por causa do PMDB

Para o ex-diretor do Banco Central, apesar das críticas ao fisiologismo do partido, a permanência dele na base aliada impede uma uma guinada forte para a esquerda

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em tempos de desconfiança com a situação econômica, o fundador da Quest Investimentos, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e ex-diretor do BC durante a época de hiperinflação, Luiz Carlos Mendonça de Barros, destacou que a “situação ainda tem que ficar muito ruim para achar que está ruim”. Em palestra realizada durante a 4ª XP Expert, realizado em Atibaia (SP) no último final de semana, Mendonça de Barros ressalta que, na época em que foi diretor da autoridade monetária, entre 1985 e 1987, a inflação chegava a 2% por dia e que, por isso, precisa ver algo muito ruim para realmente ficar assustado com a economia nacional. 

“[O cenário atual da economia] não é tranquilo, mas não vejo um desastre muito grande pela frente”, disse. O economista aponta ainda que o governo exagerou na condução das suas políticas para reverter a crise, mas isso “não quer dizer que estamos à beira de um precipício”.

Além disso, ele refuta a tese quase que apocalíptica de que o Brasil vai virar a Venezuela, e tem uma tese bastante controversa sobre o assunto: “o Brasil nunca vai virar a Venezuela porque tem o PMDB”, afirmou, referindo-se ao partido de centro que faz parte do governo independentemente do partido que entra no poder.

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Mesmo em meio às polêmicas em relação ao partido, como denúncia de corrupção e fisiologismo (relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores), o partido de certo modo assegura que não haverá uma guinada para a extrema esquerda no País. 

Ativo valioso
Sobre o futuro da economia e a política nacional, Mendonça de Barros destacou que a variável mais próxima da vida econômica dos brasileiros é da renda média real e reforçou que, nos últimos 17 anos até 2010, houve um aumento na série de 1993 até 2010 de 4,7% do crescimento.

Além disso, houve uma ingresso maior da população inserida no mercado de trabalho formal. “Não existe nos BRICs um País com esse ativo”. De acordo com Mendonça de Barros, esta é a beleza da eleição de 2014, pois se testará se as mudanças ocorridas na sociedade se refletirão nas urnas. 

De acordo com o economista, está se formando uma nova sociedade e o discurso do PT – de que votar em outros partidos poderá significar a perda das últimas conquistas sociais -, será testado. Concluindo, ele afirma que questão crucial para o Brasil são as reformas microeconômicas, como a reforma tributária e a diminuição do custo Brasil.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.