Medida do Governo não muda tendência mundial de queda do dólar

Com agravante do juro alto, mercado mostra ceticismo com alterações; CMN pode anunciar regras ainda nesta quarta-feira

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – “O problema não está no fluxo nem no giro, está no juro!”. A frase de Sidnei Moura Nehme, diretor executivo e economista da NGO Corretora de Câmbio, sintetiza o que também é avaliado pelo mercado em relação às mudanças sugeridas pelo Governo para reduzir a valorização do real.

Declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelam que o CMN (Conselho Monetário Nacional) pode anunciar ainda nesta quarta-feira (12), medidas para reduzir o efeito da desvalorização do dólar nas contas externas do País. Entre as possíveis medidas estão a redução da cobertura cambial e a elevação das taxas de investimento em renda fixa.

Para Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora, a expectativa em torno do anúncio das medidas nesta quarta-feira já afeta as negociações no mercado de câmbio. O dólar comercial abriu em alta de 0,53%, cotado a R$ 1,69. Apenas neste ano a divisa já perdeu mais de 5% em valor. Em 2007, a desvalorização chegou a 17%.

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Tendência mundial

A perda de valor do dólar não é exclusividade da taxa de câmbio com a moeda brasileira. É uma tendência mundial. O câmbio entre a moeda européia e a norte-americana assumiu um patamar recorde neste ano. A queda na taxa básica de juro dos EUA, que já chega a 225 pontos-base em seis meses, agrava a situação.

Em relatório publicado nesta manhã, o banco UBS avalia que a efetividade das medidas em conter a apreciação do real é limitada “já que este movimento tem sido guiado por fluxos de longo prazo e fraqueza generalizada do dólar”.

O Governo estuda estender a tributação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para capital de curto prazo que entra no País por meio de empréstimo de moeda estrangeira.

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Cobertura cambial

Ademais, outra medida é a retirada da cobertura cambial, ou seja, os exportadores poderiam deixar no exterior até 100% dos recursos obtidos com exportações. Atualmente o percentual está em 30%.

“No momento em que o mundo procura se desfazer dos dólares (…), os exportadores também têm interesse em transformar rapidamente os valores de suas exportações em moeda estrangeira em reais, motivados pela atração da eleva remuneração que é proporcionada pelo país”, afirma Nehme.

Ou seja, a medida teria pouco efeito, da mesma forma que a ampliação para 30% da possibilidade de manutenção dos recursos no exterior, realizada no ano passado, que contou com a adoção de poucas empresas. Segundo notícias veiculadas na imprensa, o Governo também avalia a reposição da alíquota de 15% de IR (Imposto de Renda) nos investimentos de estrangeiros em títulos públicos.

“Uma eventual desvalorização do real, que não acreditamos que vá ocorrer, significaria mais inflação, o que levaria o Banco Central a ter que aumentar a taxa de juros, o que, por sua vez aumentaria ainda mais o diferencial de juros”, avalia Miriam Tavares, economista e diretora da AGK Corretora de Câmbio.

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