MDB oficializa candidatura de Simone Tebet à Presidência; vice segue indefinido

Assim como seu adversário Ciro Gomes, Tebet também se posicionou como uma alternativa à polarização entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula

Anderson Figo

Brasília - Senadora Simone Tebet durante sessão do impeachment no Senado conduzida pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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O MDB aprovou, nesta quarta-feira (27), a candidatura de Simone Tebet à Presidência da República. Foram 262 votos a favor e 9 contra. A decisão foi tomada em convenção nacional realizada pela internet e transmitida ao vivo nas redes sociais do partido.

O posto de vice na chapa com Tebet ainda não foi escolhido — a decisão deve ficar a cargo dos dois partidos que juntos com o MDB formam o “centro democrático”: PSDB e Cidadania. Eles oficializaram hoje o apoio à candidatura da senadora.

O principal cotado para vice era o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que nos últimos dias sinalizou a aliados que pode rejeitar o cargo. Com isso, o nome da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) ganhou força como alternativa para a posição, em uma chapa totalmente feminina.

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Assim como seu adversário Ciro Gomes (PDT), Tebet também se posicionou como uma alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Entendo que hoje é o dia do encontro exigido pela história. Eu faço política e estou na militância do MDB desde sempre. Como no passado, a história novamente está nos convocando ao diálogo, à ação, porque infelizmente o Brasil vive um dos momentos mais sensíveis. Nossos alicerces democráticos estão abalados pela fome, pela miséria, pela desigualdade social, pelo desemprego”, disse Tebet.

“Mas estão abalados principalmente por essa polarização ideológica, essa polarização e esse discurso de ódio de nós contra eles que está nos levando ao abismo. Só nós, só o centro democrático tem a legitimidade para dizer que tem a capacidade de pacificar o Brasil, de unir o Brasil, para que o Brasil volte a ter segurança e estabilidade, e com isso volte a crescer, a gerar emprego e renda para a nossa população”, continuou.

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A senadora também afirmou que o MDB uniu o país “nos momentos de mais profunda turbulência política”, e que espera que o partido faça o mesmo nas eleições deste ano. “É esse MDB que deu espaço de voz e vez a todos nós, que garantiu, junto com Roberto Freire e tantos outros, Ulises, Tancredo, Teotônio, Covas, que nos permitiu estar neste momento podendo ter o direito de nos expressarmos, de votar, votar dentro do partido e depois nas urnas.”

“Estou pronta para poder estar ao lado de vocês, trabalhando com vocês, poder ser a voz do MDB, do PSDB e do Cidadania. Tenho certeza que, com amor, nós vamos reconstruir o Brasil. Democracia já, democracia sempre”, concluiu a senadora.

Os presidentes do PSDB e do Cidadania, Bruno Araújo e Roberto Freire, respectivamente, também usaram suas falas para defender a democracia. “Simone carrega e representa todos nós neste momento de esperança, de crença em um país que luta para firmar com clareza sua democracia, mas sobretudo num ambiente novo poder cuidar das desigualdades sociais, da geração de emprego e do que é verdadeiramente importante nessa discussão”, disse Araújo.

“Hoje não temos ditadura, mas temos uma democracia que é contestada a partir da própria Presidência da República. Portanto, o momento é crucial, é difícil, e envolve toda e qualquer ação nossa como algo histórico, não é apenas momentâneo, conjuntural. Estamos definindo nosso futuro”, afirmou Freire.

O líder do Cidadania reforçou a importância da parceria entre os três partidos. “Esse encontro [entre MDB, PSDB e Cidadania] está nos dando a oportunidade de fazer história pela segunda vez. Essas forças políticas que estão aqui todas elas estiveram na fundação do MDB, quando se transformou num partido que a ditadura imaginava que seria apenas para figurar na foto, dando sustentação ao regime de exceção, e se transformou num grande instrumento na sua derrota. E isso foi fruto dessa aliança de forças políticas que novamente estão se encontrando.”

“Quero dizer da minha imensa satisfação de ter como candidata à Presidência da República uma mulher que tem me surpreendido a todo momento. Já a conhecia como grande senadora. Mas ela nos surpreende e nos dá a dimensão do que significa o ano de 2022 como emergência da mulher em todo mundo. Até porque [as mulheres] demonstraram concretamente e de forma cabal que souberam cuidar muito mais de nós, seres humanos, na pandemia de Covid”, completou Freire.

Tebet é a primeira mulher candidata à Presidência da República pelo MDB, um feito histórico, segundo Kátia Lôbo, presidente nacional do MDB Mulher. “Estou muito feliz de estar aqui hoje, neste dia histórico e emblemático para todas nós, mulheres. Participar desta convenção nacional é um marco na vida de nós, mulheres, onde nós temos pela primeira vez no nosso partido uma mulher candidata à Presidência da República”, disse.

“Simone, saiba que você é a nossa esperança. Vim participar desta convenção para frisar que seguimos juntas, lado a lado, ombro a ombro com você nesta caminhada da esperança. Nós, mulheres, nos espelhamos na sua história, na sua vida”, completou a emedebista.

Ala lulista

O nome de Tebet foi confirmado apesar de não ser unanimidade na sigla. Uma ala do MDB defendia que o partido abrisse mão de ter um candidato ao Planalto e optasse pela neutralidade, liberando seus membros a apoiarem a chapa mais estratégica para seus respectivos estados.

Líderes emedebistas do Nordeste que prefeririam apoiar Lula no pleito de outubro chegaram a pedir que o ex-presidente Michel Temer sugerisse ao presidente nacional do MDB, o deputado federal Baleia Rossi, abandonar o plano de ter uma candidata do partido à Presidência — mas isso não aconteceu.

Um integrante do diretório estadual do MDB em Alagoas, que é presidido pelo senador Renan Calheiros, chegou a entrar na Justiça pedindo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendesse a convenção virtual do partido. O pedido foi negado pelo presidente da Corte, o ministro Edson Fachin.

Temer votou na convenção e fez um depoimento no qual apoiou Tebet e defendeu a Constituição Federal e a pacificação. “Eu tenho convicção absoluta de que mesmo aqueles que radicalizam posições de alguma maneira se sentem confortáveis quando verificam uma candidatura que prega a tranquilização, não só institucional, mas a harmonia entre todos os brasileiros”, afirmou o ex-presidente.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.