MCM vê Temer ganhando “cabo-de-guerra” com Dilma; presidente deve cair em maio

Para analista político Ricardo Ribeiro, vai ser muito difícil que Dilma consiga reverter o cenário e retenha os partidos do centro ao seu lado; porém, futuro segue sombrio

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio ao cenário político cada vez mais complicado e que culminou com a saída do PMDB da base aliada do governo, elevando e muito as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as negociações com os partidos remanescentes para o PT continuar no poder ficam ainda mais às claras. 

O governo tenta manter os partidos que formalmente o apoiam, como o PP, PSD, PR, PRB e o PTB, buscando distribuir os cargos do PMDB e liberar verbas orçamentárias importantes num ano eleitoral. Estes partidos possuem 142 deputados, assim distribuídos: PP 49, PR 40, PSD 31 e PRB 22. Se considerarmos os deputados do PT e demais partidos de esquerda, haverá pouco mais de 200 votos favoráveis ao governo, quando são necessários 171 votos para barrar o impeachment na Câmara dos Deputados. 

Porém, segundo aponta o analista político da MCM Consultores Ricardo Ribeiro, é muito difícil que o governo consiga reverter os sinais de deterioração política e consiga conter a debandada dos partidos do centro a favor do impeachment. Ribeiro prevê agora que a presidente Dilma deve cair por volta da segunda quinzena do mês de maio. 

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“O desafio é conter a insatisfação dos deputados destes partidos de centro, que estão descontentes com o crescente desgaste do governo junto à opinião pública. O vice, Michel Temer, que possui melhor capacidade de negociação política do que Dilma, também vai conversar com os líderes destes partidos”, ressalta a MCM.

Em meio a pouca perspectiva de “futuro” que pode ser oferecida pelo governo da presidente Dilma em meio aos sinais de forte deterioração, os aliados de Temer podem reagir com mais rapidez e conhecimento para fornecer cargos num eventual futuro governo. Vale destacar a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, que afirma que os líderes que ainda estão com o governo reclamam da lentidão do governo para agir e negociar cargos diante da crise, fazendo menção aos ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini. 

“A concessão de espaço do governo é do jogo político e qualquer governo vai ter que usar desse expediente. O PMDB é muito profissional neste tipo de barganha, vai ter que reservar cargos mais para a área técnica e outros mais para a política”, destaca Ribeiro.

Neste cenário, o governo e a oposição terão até meados de abril para aglutinar suas forças, pois será nessa ocasião que a Comissão Especial já terá votado o parecer do impeachment de Dilma. 

Para o analista político, caso o impedimento ocorra, o começo do governo Temer deve ser positivo no sentido de criar uma descompressão das expectativas negativas do mercado e da economia, registrando um apoio expressivo do Congresso.

Contudo, os riscos são significativos em um prazo mais longo, em meio às novas delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato podendo implicar importantes nomes que podem estar na linha de frente de um futuro governo Temer.

Além disso, há a questão TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que pode levar a cassação de chapa Dilma-Temer, afetando assim o “novo governo”: cabe lembrar que, nesta semana, foram revelados trechos da delação premiada no âmbito da Operação Acrônimo da publicitária Danielle Fonteles, uma das sócias da agência Pepper Interativa, confirmam o recebimento de R$ 6,1 milhões de forma ilegal referente a serviços prestados à campanha de Dilma Rousseff em 2010. E também as perspectivas de que atinja a campanha da presidente em 2014, tanto na Lava Jato quanto na Acrônimo podem levar a complicar a situação de Temer. Assim, o futuro deve seguir permeado por incertezas. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.