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O chanceler Mauro Vieira afirmou que o governo brasileiro considera “sem cabimento” as ameaças de sanções por parte dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro das Relações Exteriores disse que o Brasil não responderá com confrontos caso medidas sejam adotadas pelo governo do republicano Donald Trump, mas deixou claro que não aceitará interferências externas nas decisões do Judiciário nacional.
“O que o Brasil poderia fazer? Virar a cara, dizer que está zangado? Temos que seguir em frente”, afirmou Vieira, que classificou a hipótese de sanções como improvável. “As leis americanas são aplicadas nos Estados Unidos. As leis brasileiras são aplicadas no Brasil.”
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A ameaça de punições tem sido levantada por autoridades da nova gestão Trump, como o secretário de Estado Marco Rubio, que acusam Moraes de censurar redes sociais americanas. O chanceler rebateu, afirmando que essas críticas partem de desinformação. “Eles argumentam. Mas [Moraes] não é [ditador]. Simplesmente não é. Precisam se informar melhor.”
Vieira afirmou que o Itamaraty já deixou clara sua posição à embaixada dos Estados Unidos e reiterou que qualquer empresa estrangeira atuando no país deve se submeter à legislação brasileira. “Se não quiser, não fique aqui”, declarou.
As tensões entre os governos brasileiro e norte-americano aumentaram após Trump publicar em suas redes sociais, nesta segunda-feira (7), uma mensagem de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem classificou como vítima de uma “caça às bruxas”. “Eles não fazem nada além de persegui-lo. Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, escreveu o republicano.
Ainda antes de ter conhecimento da manifestação de Trump, Vieira disse acreditar que os Estados Unidos continuarão sendo uma potência com “gente inteligente e competente”, independentemente de quem ocupe a presidência, mas reiterou que o Brasil defenderá sua soberania jurídica.
“Pode uma empresa americana deixar de pagar os direitos trabalhistas dos seus funcionários no Brasil? Não pode. Elas têm que cumprir as regras e respeitar as decisões judiciais”, concluiu o chanceler.