Marina Silva critica “marketing selvagem” que a coloca como “exterminadora do futuro”

"Com certeza vocês já viram aí que eu vou acabar com o pré-sal, com o Minha Casa Minha Vida, com o Bolsa Família, com o Mais Médicos, que vou parar com a transposição do Rio São Francisco, parar com a Transnordestina... só se eu fosse a 'Exterminadora do Futuro'", disse

Lara Rizério

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SÃO PAULO  – A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, se defendeu do que chamou de “marketing selvagem”, praticado contra ela por seus adversários na disputa presidencial. 

Em encontro com jovens empreendedores em São Paulo, Marina afirmou que está sendo combatida “a ferro e fogo” por já ter apresentado suas propostas, enquanto seus rivais ainda não o fizeram. 

“Com certeza vocês já viram aí que eu vou acabar com o pré-sal, com o Minha Casa Minha Vida, com o Bolsa Família, com o Mais Médicos, que vou parar com a transposição do Rio São Francisco, parar com a Transnordestina… só se eu fosse a ‘Exterminadora do Futuro'”, disse, numa alusão a conhecido filme de ficção-científica.

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“Mas o marketing selvagem faz isso e ainda produz um filmezinho. Vocês viram uma peça que a criança está lendo, e se eu ganhar, o livro fica em branco?”, questionou em alusão a uma peça de propaganda da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição.

“Como que alguém que a educação fez um milagre na vida vai acabar com o Fies, o Pronatec, o Prouni?”, acrescentou Marina, que teve a oportunidade de se alfabetizar e estudar apenas quando já era adolescente.

A ex-senadora também criticou Dilma sobre a atual administração da Petrobras, defendendo que a indicação de diretores da empresa seja feita “a partir de critérios de competência, de ética, por comitê de busca, valorizando os funcionários que são altamente competentes e relevantes”.

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“Se isso incomoda… a candidata presidente Dilma, que disse que vai manter do mesmo jeito, que no seu governo não haverá mudanças… continuarão (a fazer indicações) por critérios puramente políticos, com os resultados que o Brasil está vendo: a Petrobras, uma empresa respeitada, eficiente, competente, ameaçando –isso sim– a exploração do pré-sal e os recursos para a Saúde e para a Educação”, declarou.

Marina também apontou que o atual governo provocou “distorção” nos objetivos originais do BNDES, já que alguns procedimentos que foram adotados quando do aprofundamento da crise internacional no final de 2008, não foram mais abandonados.

“Naquele momento de crise, se justificavam determinados procedimentos, que foram repetidos mesmo quando a crise já dava sinais de que era necessário voltar aos objetivos iniciais, isso foi criando uma distorção”, disse.  

“Mas a mais nefasta de todas as políticas que hoje precisam ser reparadas é o volume de dinheiro que foi destinado, sem que o contribuinte saiba quais os critérios, sem que isso tenha passado por um debate dentro do Congresso,… para meia dúzia de empresas que foram escolhidas pelo Estado”.  

A candidata também se comprometeu a apresentar uma proposta para a Reforma Tributária em seu primeiro mês de governo, acrescentando, porém, que ainda estão sendo feitas discussões sobre o assunto.

   

“Nossa determinação é orientada por aquilo que eu tenho repetido sempre, o princípio da justiça tributária, da simplificação e da transparência, ao mesmo tempo em que queremos fazer uma reforma tributária de forma fatiada para evitar que ela seja boicotada pelos agentes do próprio pacto federativo”, explicou, admitindo que “não é uma equação fácil”.

   

“Se fosse fácil fazer reformas, o sociólogo teria feito a reforma política, e o operário teria feito a reforma trabalhista. Eu prefiro ter humildade e continuar o debate exatamente para evitar as distorções que estão sendo feitas.” 

Não quis ser a “Madre Tereza de Calcutá”
Optei por não ser a Madre Tereza de Calcutá, que não quer se envolver na política. Nem por estar em um partido de aluguel. Escolhemos o que ninguém esperava. Ningém esperava que apoiaria Eduardo Campos, porque eu tinha mais intenções de votos do que ele”, ressaltou.

Ela ainda afirmou que, desde que “perdemos o Eduardo Campos, que era um jovem empreendedor, com boas ideias, os seus atributos foram conhecidos”. 

“[Em 2010], a sociedade tomou a mim e a Guilherme [Leal, vice de Marina na eleição passada] como o caminho da mudança e da esperança. Por isso consegui tantos votos”.

Marina também falou sobre a sua indisposição com o ex-presidente Lula. No final de semana, em entrevista à Folha de S. Paulo, ela teria se emocionado ao falar dos ataques do ex-presidente a ela. “Eu vi aberrações declaradas contra Lula, e as mesmas coisas estão sendo ditas contra mim. Isso tem me deixado preocupada, por causa dos avanços que a sociedade alcançou. Algumas pessoas dizem que devo tudo ao meu partido de origem. Isso também se deve à sociedade? Ela devem tudo que conquistaram ao Estado?”.

Ela também destacou sobre a importância do empreendedorismo: “empreender é a capacidade de antecipar agora que aquilo que muita gente só vai compreender depois. Existem na vida os pioneiros e os colonizadores: os pioneiros são os que vão na frente. Os empreendedores são aqueles que tem a capacidade de ir a frente para responder as questões dos colonizadores”, ressaltou.

“Hoje, há um sistema que não favorece o empreendedor. Quando vai chegando a um ponto de maturação, as empresas são tomadas por esse movimento predatório e não são capazes de se sustentar”, destacou.

(Com Reuters).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.