Marina Frankestein! Veja as personalidades que foram comparadas à candidata do PSB

Ao longo de sua campanha presidencial, a ex-senadora viu seu nome ser comparado aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Marina Silva, candidata à presidência pelo PSB, ganhou protagonismo ao longo da corrida eleitoral, diante da sua disparada das intenções de voto após a morte de seu companheiro de chapa, Eduardo Campos. Além de tê-lo substituído na cabeça de chapa, a pessebista, considerada uma mulher multifacetada, foi comparada a uma série de personalidades, entre eles, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.   

Celso Russomano

Celso Russomanno

A campanha de desconstrução de Marina Silva e a sua queda nas pesquisas levou a indicações de que ela poderia estar numa situação parecida com a do candidato a prefeito de São Paulo, Celso Russomanno (PRB) em 2012.

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O candidato chegou a liderar a corrida municipal, mesmo com pouco tempo de televisão, chegando a apresentar uma vantagem de 17 pontos sobre o segundo colocado apenas duas semanas antes da eleição. 

A sucessora de Eduardo Campos devolveu parte do eleitorado que, inicialmente, roubara dos principais concorrentes – Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). De acordo com o blogueiro do InfoMoney, Vítor Oliveira, contudo, a analogia com a candidatura de Celso Russomano à prefeitura de São Paulo em 2012 parece óbvia, ainda que exagerada, uma vez que Marina já fora bem votada em 2010.

Henrique Capriles

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Henrique Capriles - Bloomberg

A campanha da presidente do PT encontrou um reforço na campanha eleitoral contra Marina Silva. A Telesur, estatal de TV criada por Hugo Chávez, e que foi criada a partir de financiamentos dos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia e Argentina em 2005, publicou um artigo sobre eleições brasileiras e que atacam a candidatura da presidenciável Marina Silva, comparando-a a Henrique Capriles, um dos nomes mais fortes da oposição venezuelana, conforme destacou hoje o jornal O Globo. 

“Marina Silva, candidata do Partido Socialista Brasileiro, que é uma organização política de extrema-direita, é fiel seguidor dos ditados de Washington e que de socialista só tem o nome”, destacou o texto assinado por Miguel Angel Ferrer, economista, fundador e diretor do Centro de Estudos de Economia e Política. Ele é analista político em programas de rádio ligados a Telesur.

“Marina Silva não nega a cruz de sua paróquia. Sua plataforma eleitoral mostra abertamente sua direita, postura pró-imperialista. Ela quer derrubar os grandes avanços que fizeram do Brasil o gigante sul-americano e uma nação verdadeiramente soberana, não só longe dos desenhos dos Estados Unidos mas, francamente contrária a eles”, afirmou. Marina é comparada com Fernando Collor de Mello, José Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, tidos como submissos e dependentes do governo dos EUA. 

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Naturalmente, ‘Dona Marina’ conspira para liquidar o programa brasileiro de sucesso no combate à fome para substituí-lo, obviamente, com alguma programa de ajustamento desenvolvido no Fundo Monetário Internacional, para que todos, incluindo, naturalmente, os mais pobres, fiquem cada um por si”. 

A Telesur também diz que é “reveladora” a opinião de que Marina trabalhará para impulsionar os direitos humanos em Cuba chamando-a novamente de ‘dona Marina’.“Tem dona Marina alguma ideia do enorme prestígio que tem Cuba no mundo, precisamente no campo do respeito e proteção aos direitos humanos? Quem sugeriu à candidata dos Estados Unidos tornar esse tema parte principalíssima de sua agenda eleitoral?”, questiona.

Collor e Jânio

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Renan Calheiros e Collor

Na campanha eleitoral no começo do mês, a candidata petista Dilma Rousseff dedicou boa parte de seu programa de televisão com críticas à Marina Silva (PSB), que aparece na frente da petista no segundo turno. Dilma relacionou a pessebista aos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor (PTB-AL), hoje senador candidato à reeleição e parte da base do governo no Congresso.

O vídeo recorreu a momentos traumáticos da história política brasileira para questionar a governabilidade de uma eventual gestão de Marina.

“A base de apoio de Marina Silva tem hoje 33 deputados. Sabe de quantos ela precisaria para aprovar um simples projeto de lei? No mínimo 129. E uma emenda constitucional? 308”, diz o locutor do programa de TV exibido em rede nacional.

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“Como é que você acha que ela vai conseguir esse apoio sem fazer acordos? E será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?”, continua.

“Duas vezes na nossa história, o Brasil elegeu salvadores da pátria, chefes do partido do eu sozinho. E a gente sabe como isso acabou”, afirmou o locutor do programa, fazendo referência a Jânio Quadros e a Fernando Collor de Mello, dois presidentes brasileiros que não cumpriram o mandato. 

Marina: mais Itamar do que Collor

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Itamar Franco

O “risco Marina” parece não preocupar. A visão é de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ministro das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso e economista-chefe da Quest Investimentos, conforme fala no início de setembro.

Para ele, Marina Silva (PSB) deve adotar um modelo de governo mais parecido com o de Itamar Franco, que Fernando Henrique Cardoso integrou. “Forças mais arejadas de toda a sociedade ajudariam este governo (Marina) para selar a remoção do PT do Poder”, disse Mendonça de Barros, em sua conta no Facebook na última sexta-feira.

O risco ficaria com a falta de base política e dificuldade de diálogo político, o que traz receio com o governo Collor – não pela questão ética, mas pela falta de diálogo/base no Congresso -, indica Mendonça de Barros. Mas, para ele, a opinião consensual é que diversos quadros de melhor qualidade, assim como o próprio PSDB, se alinharia com a Maria e ao PSB para dar suporte no Congresso. Com isso, o modelo de Itamar Franco, que FHC integrou, passa a ser modelo de referência, e não o de Collor.

Segundo ele, as percepções sobre um eventual governo de Marina Silva são mais favoráveis depois da tragédia que alterou o quadro eleitoral no Brasil, com o falecimento do candidato Eduardo Campos (PSB) na última quarta-feira. Para ele, a gestão econômica de Marina é muito mais ortodoxa e pró-mercado do que a da presidente Dilma Rousseff. Marina buscou apoio de economistas como André Lara Resende e Eduardo Gianetti da Fonseca no ciclo eleitoral anterior, e deverá seguir essa cartilha. Isto é, trazer a inflação para a meta, realinhar os preços administrados, ter disciplina fiscal, entre outros, apontou.

Lula

vídeo Lula

Histórias fortes, de superação de diversos obstáculos, que já foram ou que ainda serão retratadas em filmes. Mas, ao mesmo tempo que são tão similares, os rumos que estas trajetórias podem tomar devem ser bastante diferentes.

Cada vez mais, o perfil de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente em 2002 e reeleito 4 anos depois, mostra muita similaridade com o de Marina Silva, candidata escolhida pelo PSB para substituir Eduardo Campos na corrida presidencial de 2014. Os dois enfrentavam certa desconfiança do mercado financeiro sobre como iriam gerir o governo, ao mesmo tempo em que suas imagens acabam se sobressaindo a do partido a que pertencem.

O equilíbrio entre mostrar que pode ser diferente, ao mesmo tempo que pode assegurar a estabilidade tão cara aos eleitores brasileiros permeou o cenário desde a candidatura até a eleição de Lula. Este equilíbrio teria que ser apresentado por Marina para que ela despontasse na disputa eleitoral, além do patamar da casa dos 20 pontos dos eleitores insatisfeitos com a política atual que ainda não haviam encontrado um representante entre os que estavam aí. 

Ciro Gomes

Ciro Gomes

Marina também está sendo comparada com outro político de destaque em 2002, o cearense Ciro Gomes, em meio à perda de impulso da candidatura. Em relatório no início de setembro, o Brasil Plural revisou as suas estimativas para Marina. 

“Os recentes acontecimentos, inevitavelmente, trazem à mente a mais famosa onda de ‘falha’ em política nas eleições brasileiras, a do ex-ministro Ciro Gomes em 2002”, ressaltaram os analistas.

O ano de 2002 mostrou uma certa reticência dos eleitores que queriam mudanças em resolver votar no candidato do PT de então, Luís Inácio Lula da Silva, que se tornaria o candidato a incorporar este desejo. O momento em que Ciro Gomes entrou foi anterior, mas não muito mais cedo do que Marina. Segundo Ibope, Datafolha e Sensus, ele conseguiu aparecer na frente de Lula entre 2 e 5 pontos até meados de agosto no segundo turno, embora atrás no primeiro.

“Em seguida, com o peso de ataques de candidatos com mais peso na TV, José Serra (PSDB) e o próprio Lula, além de seus problemas e gafes na campanha, ‘Gomes derreteu’, e nem chegou perto do segundo turno. E chegou a ser ressaltado muitas vezes que Serra, ao desconstruir a candidatura de Ciro, acabou ajudando Lula”, afirmam. 

FHC de saias 

FHC - Fernando Henrique Cardoso

Para Humberto Costa, líder do PT no Senado, a ex-senadora apresentou um programa de governo que a coloca alinhada ao ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Marina Silva é o FHC de saias um pouco mais ortodoxo. As propostas de política econômica são muita parecidas às praticadas por FHC enquanto estava na presidência”, disparou Costa. “Ela será submissa ao mercado e deixará que eles regulem tudo. Esse negócio de dar autonomia total ao Banco Central é equivocado. Nem o FHC teve coragem de levar isso adiante, porque representa um retrocesso”, completou.

O líder petista afirmou que algumas medidas apontadas no plano de governo da chapa presidenciável pessebista destacam as atitudes inconsequentes que Marina pode tomar caso seja eleita. “O plano de baixar a inflação sem considerar os efeitos na taxa de desemprego é apenas um exemplo do quanto Marina é inconsequente”, criticou, acrescentando que a candidata ao Planalto pelo PSB é “pior até mesmo que Aécio (Neves), do PSDB”.

De acordo com Costa, a postura passiva de Marina fará com que ela “baixe a cabeça para o mercado financeiro”, permitindo que a política neoliberal aumente a taxa de juros e permita a volta da inflação.

O petista afirmou ainda que Marina tenta enganar o povo ao se vender como opção de “nova política” e destacou as incongruências da candidata. “Precisamos avaliar os riscos desse posicionamento político instável, que prega uma coisa e faz outra. Sem dúvidas, é uma política errática e o eleitor precisa colocar isso na balança”.

Militares e até Hitler

Adolf Hitler

Em carreata, o deputado Paulo Maluf criticou a candidata do PSB à sucessão presidencial, Marina Silva, comparando o discurso dela a presidentes do período do regime militar, como Ernesto Geisel e Emílio Médici. 

“Dizer que vai governar sozinha? Quem sabe [Adolf] Hitler, [Benito] Mussolini ou [Joseph] Stalin poderiam falar isso. Aqui, com a mídia livre, não pode acontecer”, afirmou, destacando que não vê condições administrativas e politicas para que ela governe.

Luiza Erundina

Há quem diga que Luiza Erundina e Marina tem personalidades parecidas, porque seus valores éticos pesam em suas decisões e alianças. Além de terem saído do PT em épocas diferentes, mas por divergências internas, ambas nem sempre concordaram com parcerias feitas em campanhas das quais participaram. 

Em 2012, Erundina deixou de ser candidata à vice-prefeitura de São Paulo na chapa do prefeito Fernando Haddad por não ter concordado com a aliança feita com Paulo Maluf, seu desafeto de longa data. Marina não desistiu de ser candidata à vice-presidência na chapa de Eduardo Campos, mas não participa de eventos ao lado de parceiros do PSB como Geraldo Alckmin. 

Bônus: Marina, a exterminadora

Exterminador do Futuro

Fora do campo político, a própria Marina Silva entitulou-se ironicamente como a “exterminadora do futuro”, enquanto Dilma seria a “exterminadora do presente”.

Mas isso foi em defesa da própria Marina: em meados do mês em encontro com jovens empreendedores, ela se defendeu do que chamou de “marketing selvagem”, praticado contra ela por seus adversários na disputa presidencial.  

“Com certeza vocês já viram aí que eu vou acabar com o pré-sal, com o Minha Casa Minha Vida, com o Bolsa Família, com o Mais Médicos, que vou parar com a transposição do Rio São Francisco, parar com a Transnordestina… só se eu fosse a ‘Exterminadora do Futuro'”, disse, numa alusão a conhecido filme de ficção-científica.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.