Marido de Zambelli pediu licença do cargo antes de deputada sair do país

Condenada pelo STF, deputada afirma que fixará residência no exterior e cita tratamento médico

Marina Verenicz

Carla Zambelli e o marido, Coronel Aguinaldo - Foto: Divulgação/Facebook
Carla Zambelli e o marido, Coronel Aguinaldo - Foto: Divulgação/Facebook

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O marido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o coronel da reserva Aguinaldo Oliveira, também do PL, pediu licença duas semanas antes de sua esposa deixar o país rumo à Europa. Condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Zambelli e afirmou que pretende fixar residência na Itália, país do qual também possui cidadania. Segundo sua assessoria ela está atualmente na Flórida, Estados Unidos.

Oliveira pediu afastamento temporário do cargo de secretário de Segurança Pública de Caucaia (CE), cidade na região metropolitana de Fortaleza. Segundo publicação no Diário Oficial do município, a licença começou em 21 de maio com término previsto para 30 de maio. O motivo alegado foi a necessidade de acompanhar um parente doente — não identificado.

A deputada chegou a mencionar em entrevista que partiu “há alguns dias” para o exterior com a justificativa de tratamento médico para si. Sua saída do país ocorreu em meio à escalada de pressões judiciais que incluem um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) por sua prisão preventiva.

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Carreira militar e relação com Bolsonaro

Aguinaldo Oliveira, que disputou a prefeitura de Caucaia em 2024 e terminou em último lugar com 12,26% dos votos, comandou a Força Nacional de Segurança Pública durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele exerceu o cargo por três anos, subordinado ao Ministério da Justiça.

A saída temporária do cargo ocorre em meio ao agravamento da situação judicial da esposa. A condenação de Zambelli foi proferida pela Primeira Turma do STF no caso da invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além da pena de prisão em regime fechado, a decisão prevê a perda do mandato parlamentar, inelegibilidade e o pagamento de R$ 2 milhões por danos morais coletivos.

Zambelli também é ré em outro inquérito no STF, no qual responde por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, após perseguir um homem com arma em punho durante as eleições de 2022 em São Paulo. Nesse processo, ela ainda não foi julgada.

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Risco de fuga e cidadania italiana

Para a PGR, o deslocamento internacional da deputada levanta a suspeita de que ela estaria tentando escapar das consequências de sua condenação. O órgão mencionou o episódio como justificativa para o pedido de prisão preventiva. Nos bastidores do STF, ministros ouvidos pela imprensa classificaram a saída do país como uma tentativa de fuga.

Zambelli, por sua vez, alegou possuir cidadania italiana, o que, segundo ela, impediria eventual extradição. Embora o Brasil e a Itália mantenham acordos de cooperação jurídica, a legislação italiana não permite a extradição de seus próprios cidadãos.