Marçal promete “cessar-fogo” com Lula se eleito e diz que gestão Nunes é “bagunçada”

Um dia depois do primeiro debate entre os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) criticou a atual gestão municipal e prometeu construir teleféricos para interligar as favelas da cidade

Fábio Matos

Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (Foto: Reprodução)
Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (Foto: Reprodução)

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O empresário e influenciador digital Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), afirmou, nesta sexta-feira (9) – um dia depois do primeiro debate entre os principais candidatos na eleição paulistana –, que vencerá o pleito de outubro no primeiro turno e, após tomar posse, decretará um “cessar-fogo” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem já fez uma série de críticas e ataques.

Em sabatina promovida pelo G1, Marçal criticou a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, que classificou como “bagunçada”. Marçal também defendeu o enxugamento da máquina administrativa municipal e reiterou propostas que já havia apresentado, como a de instalar uma rede de teleféricos capazes de interligar as maiores favelas da capital paulista.

Quando pregou o “cessar-fogo” com Lula e os adversários políticos, caso se eleja prefeito de São Paulo, Marçal respondia a uma pergunta sobre a viabilidade de suas propostas, em meio a eventuais limitações orçamentárias.

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“Uma prefeitura tão rica não precisa se preocupar com isso. Para tudo o que os meus especialistas estão levantando tem dinheiro. O que não tem é disposição”, disse o candidato do PRTB.

“Se faltar dinheiro na nossa receita, no orçamento da prefeitura, sabe de onde eu posso levantar receita? Temos 70 deputados federais no estado de São Paulo. A maioria deles leva as emendas para o interior de São Paulo. Com o relacionamento, eu vou trazer esses investimentos para a cidade. Por que os deputados não trazem? Eles usam isso para trocar por voto”, prosseguiu Marçal.

“Como vou conseguir dinheiro? Trazer emendas de deputados e dar o devido louvor a eles; com parcerias público-privadas; e vou ter diálogo com o presidente da República. Tem que ter um cessar-fogo depois das eleições. Não dá para o Brasil ficar com políticos que têm inimizades com outros políticos”, completou.

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Críticas a Ricardo Nunes

Durante a sabatina, Pablo Marçal reiterou críticas que já havia feito ao governo do prefeito Ricardo Nunes. O empresário defendeu a diminuição do tamanho da máquina administrativa municipal e afirmou que a atual gestão esbarra na desorganização e na falta de planejamento, além da escassez de dados e informações.

“A cidade de São Paulo tem 32 subprefeituras, só que não está tudo integrado em um prédio. O horário de funcionamento compete com o horário do trabalhador. E a pessoa vai pegar um atestado para resolver problema de cadastro? Por que não pode integrar tudo? É o que a gente vai fazer”, afirmou Marçal.

“A prefeitura de São Paulo tem um aplicativo, o 156, que é para inglês ver. Ninguém dá conta de usar aquilo. E não tem o serviço que as pessoas precisam”, criticou o empresário.

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O candidato do PRTB à prefeitura disse que “a gestão de Ricardo Nunes é muito bagunçada”. “Ele não sabe os números. Eles não respondem, e as pessoas estão sofrendo com isso. O segredo de uma má gestão é não ter os números. Sem os números, não tem como você tomar decisões”, afirmou.

Teleférico nas favelas

Na entrevista, Marçal reforçou uma proposta que já havia apresentado em sabatina anterior, promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo: a construção de uma rede de teleféricos que interliguem as favelas da cidade.

O candidato também disse que desistiu da proposta de criação de um pedágio urbano na capital, após ouvir especialistas na área. Marçal propôs, ainda, a construção de “bolsões” de carros em rodovias, para ajudar a desafogar o trânsito.

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“A coisa mais inteligente para resolver o problema de trânsito é fazer com que a pessoa não acorde às 4 horas ou às 5 horas, tenha que ser arrastada por 2 horas até o centro da cidade, entre em um prédio, abre um computador e vá mexer na internet. Por que essa pessoa não pode mexer lá perto da casa dela? Por que não podemos levar oficinas para as comunidades?”, indagou o candidato.

Para Marçal, “a primeira solução para o trânsito é a descentralização”. “Eu quero transformar a comunidade em um ponto gastronômico. E a gente vai trazer turismo. Imaginem colocar centros olímpicos, hoteleiros, gastronômicos e de empreendedorismo nessas comunidades”, prometeu.

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Educação

Questionado sobre quais são as suas principais propostas para a educação, Pablo Marçal elogiou o modelo das escolas cívico-militares, implementado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“Eu sou educador. Amo o ensino e sei que é o lugar onde a gente mais vai economizar o nosso dinheiro”, disse. “O atual prefeito pegou o ensino desta cidade em segundo lugar e fez esse ensino cair 20 e poucas posições.”

“Eu vim do ensino público. A gente investe R$ 25 bilhões, e 90% das crianças não estão aprendendo e não estão liderando o crescimento nem apontando nada para o futuro. Alfabetização é muito simples. O modelo que o PT vem empregando, e eles já assumiram 3 vezes a prefeitura de SP, não quer fazer com que a criança amadureça rápido. É muita teoria e pouca prática”, criticou Marçal.

Segundo o candidato do PRTB, “nós estamos criando militantes em nossas escolas”. “Sou fruto de escola pública, sou filho de faxineira, e eu aprendi a idolatrar Karl Marx, a ficar com raiva dos EUA e criar essa guerra entre trabalhador e empreendedor”, afirmou.

Segurança pública

Outro assunto abordado na sabatina foi como enfrentar a violência urbana e fortalecer a segurança pública na maior cidade do Brasil. De acordo com Marçal, é necessário “tratar o efeito e a causa”. “A cidade de São Paulo tem poucas câmeras para o tanto de gente que tem aqui”, afirmou.

“Tenho um drone na minha segurança pessoal que acha gente debaixo de árvore. Não acredito em nada de grande solução que vai gastar bilhões. Tudo tem que ter um amparo da lei, tudo tem que ser testado e ter o respaldo da população”, explicou o candidato, defendendo o uso da tecnologia para o monitoramento e a prevenção.

“Vamos sentar com o governo do estado, que tem a polícia ostensiva. E nós vamos triplicar a guarda, porque a sensação de insegurança na cidade é absurda”, complementou.

Dirigentes do PRTB e o PCC

Durante a sabatina, Pablo Marçal foi questionado sobre as denúncias envolvendo dirigentes do seu partido, o PRTB, suspeitos de ter ligação com o crime organizado.

Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, o presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, teria sido flagrado em conversas com um suposto membro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

No áudio publicado pelo jornal, o dirigente diz que teria participado da soltura do traficante André do Rap, um dos líderes do PCC, que deixou a prisão em 2020 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Quando eu vi pelo noticiário, eu encaminhei a ele [Leonardo] e perguntei o que era isso. Ele me disse que isso era uma montagem”, disse Marçal.

“Se isso é uma conversa fiada, que ele apresente as declarações dele. Ele mesmo tem de se defender. Não estou defendendo ele. Eu não tenho como achar nada. Não sei a veracidade do áudio”, prosseguiu o candidato. “De toda forma, acredito que as pessoas precisam ter direito ao contraditório e à ampla defesa. Eu não faço parte disso.”

Marçal afirmou, ainda, que não conhece “todo mundo do partido” e ingressou “há pouco tempo” na legenda. “Eu queria um partido de gente que não tem problema. O que eu garanto é que eu, Pablo Marçal, não tenho nenhuma vinculação e não vou baixar a cabeça para quem quer que seja bandido”, disse.

“Se o presidente tiver alguma coisa [de envolvimento com o PCC], eu vou pedir o afastamento dele. Mas isso tem de ser comprovado”, concluiu.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”