Mantega diz que FMI comete, com atraso, mesmo equívoco de analistas e descarta recessão

Ministro da fazenda disse que o FMI comete o mesmo equívoco perpetuado por outros no passado, quando afirmaram que o Brasil enfrentaria uma tempestade perfeita ou estaria entre as cinco economias mais frágeis

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, desqualificou na última terça-feira (29), o relatório divulgado ontem pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) afirmando que o Brasil seria o país emergente mais vulnerável a mudanças da economia mundial. Por mais de uma vez, Mantega disse não ter informação sobre “o escalão” dentro do FMI responsável pelo relatório. “O relatório é de uma equipe do FMI que não sei quem é. Não é o diretor para o Hemisfério Sul”, afirmou. O ministro disse que o relatório é de um escalão inferior.

Mantega disse que o FMI comete o mesmo equívoco perpetuado por outros no passado, quando afirmaram que o Brasil enfrentaria uma tempestade perfeita ou estaria entre as cinco economias mais frágeis. Segundo o ministro, ninguém mais falou nesse assunto e nada aconteceu.  “Com seis meses de atraso, o FMI repetiu o erro cometido no passado por outros analistas”, declarou.

Mantega destacou que, nos últimos seis meses, o câmbio teve uma baixa volatilidade e o real foi a moeda que mais se valorizou (9,4%) em relação a todas as moedas. “Portanto, se fortaleceu”, disse. Ele ressaltou ainda o aumento das bolsas de valores de 21,5% nos últimos seis meses. Além disso, segundo ele, o Brasil teve, de janeiro a junho deste ano, uma conta financeira melhor que nos seis primeiros meses de 2013, quando já foi bom. Ele enfatizou também a entrada de investimento estrangeiro direto desde 2011. “Portanto, é um país atrativo”, comentou.

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O ministro lembrou a emissão externa feita na semana passada pelo Tesouro Nacional do Global 2045, um título com 30 anos de vencimento e taxa de retorno de 5,13%. “São sinais de que o Brasil tem a confiança do mercado internacional e é sólido do ponto de vista cambial.”

O ministro sublinhou que o Brasil tem reservas internacionais altas, a quinta maior do mundo, o que deixa o País numa situação confortável. Ele citou ainda a pequena dívida externa de curto prazo que, segundo ele, é de apenas 7,6% de um total de US$ 330 bilhões.

Mantega disse que o Brasil tem um sistema financeiro sólido e pouco alavancado. “O Brasil tem uma situação bastante sólida, que nos permitiu atravessar as turbulências causadas pela retirada dos estímulos pelo Fed e isso foi superado e nos colocou à prova. Então, não faz sentido a conclusão desse relatório. Eu não li o relatório. Só nos on lines”, disse.

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O ministro afirmou que a avaliação feita no relatório não tem sido incluída nas análises das instituições financeiras respeitáveis. Ele disse que o déficit em transações correntes no ano passado foi afetado negativamente pelo déficit da conta petróleo, que, segundo ele, este ano, está melhor. Mantega afirmou que a Petrobras está aumentando a produção de petróleo, o que vai melhorar o déficit comercial da conta petróleo. Ele disse que, se houver uma melhora da economia mundial, também será sentido nas contas externas do Brasil. “Estamos no pior momento do comércio internacional”, disse.

Sem risco de recessão
Mantega descartou ainda o risco de recessão para a economia brasileira neste ano. Apesar do PIB ter crescido 0,2% no primeiro trimestre deste ano, em ritmo menor que no quarto trimestre do ano passado, o ministro disse que não há possibilidade de o país fechar 2014 com índices negativos. “Não haverá recessão este ano. Quem está falando em recessão está equivocado”, disse.

Mantega também comentou a decisão do Banco Central de injetar R$ 45 bilhões na economia – R$ 30 bilhões da liberação de compulsórios (parcela que os bancos são obrigados a deixar retida no BC) e R$ 15 bilhões de redução de riscos de crédito. Para o ministro, apesar de aumentar o volume de recursos em circulação, a medida reativará a demanda sem pressionar a inflação.

Segundo Mantega, a inflação está em queda e continuará a cair nos próximos meses. A redução do preço dos alimentos, que pressionaram os índices no primeiro semestre, contribuirá para trazer a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para abaixo do teto da meta, de 6,5%, até o fim do ano.

O ministro acrescentou que o fim da Copa do Mundo reduziu o preço de passagens aéreas e de hotéis, que teve reflexos sobre a inflação nos últimos dois meses. “Esses fatores [preços dos alimentos e de itens vinculados à Copa] mostram que a inflação não foi provocada pela demanda. Portanto, é perfeitamente possível e coerente reativar a economia [por meio da liberação dos compulsórios] sem aumentar a inflação”, declarou.

(Com Reuters e Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.