Macri marca nova era política na Argentina em tempos de crise no populismo

Conforme destaca o Financial Times, a vitória do ex-presidente do Boca Juniors traz ao fim 12 anos do governo populista dos Kirchner, enquanto muitos líderes de esquerda da América Latina, notadamente Brasil e Venezuela, sofrem com a crise

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Mauricio Macri, o prefeito de centro-direita de Buenos Aires, será o presidente argentino a partir do próximo dia 10 de dezembro, uma vez que ele venceu as eleições presidenciais de domingo. A repercussão internacional foi bastante forte e, conforme destacou o Financial Times, a vitória do opositor a Cristina Kirchner marca o início de uma nova era para a segunda (alguns dizem terceira) maior economia da América Latina.

“Hoje (ontem) é um dia histórico. É uma mudança de época”, disse Macri em seu discurso após o anúncio de que ele se consagrou o vencedor das eleições no país. Com mais de 97% dos votos apurados, ele contava com 51,6% dos votos, ante 48,3% de Daniel Scioli.

No discurso, Macri falou da necessidade de derrotar o narcotráfico e de estabelecer melhores relações com outros países. “Quero dizer aos irmãos da America Latina e do mundo, que queremos trabalhar com todos”, disse. “Esperamos encontrar uma agenda de cooperação”.

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Segundo o jornal britânico, a vitória do ex-presidente do Boca Juniors traz ao fim 12 anos do governo populista dos Kirchner, enquanto muitos líderes de esquerda da América Latina, notadamente Brasil e Venezuela, sofrem com a crise de sua popularidade e com os ajustes ao fim de crescimento econômico de uma década estimulado pela alta dos preços de commodities. 

O próprio Macri herdará um cenário econômico complicado, incluindo um déficit fiscal, inflação de dois dígitos e uma escassez aguda de dólares graças ao isolamento da Argentina dos mercados de capitais internacionais desde o default da dívida soberana em 2001, na época, o maior da história. Muitos esperam uma forte desvalorização do peso argentino. 

O novo presidente assume com um Banco Central com escassas reservas (US$ 26 bilhões). “Mas apenas US$ 4 bilhões desse total estão disponíveis para ser usados, se for necessário”, disse o economista Fausto Spotorno. Ele assume com o desafio de corrigir a economia que, desde 2012, não cresce ao ritmo “chinês” de mais de 8%. Outro problema é a divida externa: uma minoria (7%) dos credores externos não aceitou as propostas de renegociação do governo argentino. Alguns desses credores (os chamados fundos abutres) compraram os papeis da dívida argentina a preços baixos e entraram na Justiça norte-americana para cobrar o devido, sem desconto. 

Apesar dos desafios econômicos enfrentados por Macri, muitos argentinos comemoraram uma transferência pacífica e democrática do poder em um país que tem sido afetada por golpes militares e crises econômicas que derrubaram diversos governos ao longo do último século. A “Argentina está se tornando um país diferente,” afirmou um eleitor ao jornal. 

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O cenário segue de desafios, além dos econômicos. O analista política Rosendo Fraga destacou para a Agência Brasil que o maior desafio de Macri vai ser armar uma coligação política para poder governar. Apesar de ter conquistado os governos da capital, Buenos Aires, e das quatro maiores províncias argentinas, ele tem minoria no Congresso.

(Com Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.