Luta ideológica contra capitalismo alimenta subdesenvolvimento do Brasil, aponta livro

No livro "Capitalismo: modo de usar", o economista Fabio Giambiagi destaca que o Brasil precisa assumir que é capitalista para progredir

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Um dos maiores especialistas brasileiros na área de finanças públicas e previdência social, o economista Fabio Giambiagi lançou ontem, na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, o seu novo livro “Capitalismo: Modo de Usar”.

A obra busca fazer uma análise descomplicada para os leitores em geral – e não direcionada unicamente ao universo para os economistas – de como o progresso futuro está rigorosamente atrelado às leis do capitalismo – com valorização da competitividade e do empreendedorismo.

O livro destaca que o desafio está, em boa medida, no alcance de uma mudança na mentalidade de grande parte da sociedade brasileira, estacionada no passado em sua desconfiança profunda do sistema capitalista e ilusão com o ideal socialista.

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Giambiagi percorre a trajetória recente da economia do país e faz demonstrações, de forma crítica, que o Brasil tem um componente anticapitalista densamente enraizado na sociedade, aprofundando o debate sobre como esta cultura pode explicar algumas das principais causas do subdesenvolvimento do país.

“A superação do preconceito contra o sistema capitalista é um imperativo para o desenvolvimento do Brasil”, afirma o autor. Para ele, a luta ideológica contra a ortodoxia econômica se traduz em um viés antiempresarial e conspira contra o progresso e a riqueza.

O economista cita que, enquanto sociedades de países da Europa e dos EUA se destacam pela obsessão pela produtividade o Brasil, em contraposição, está entre os 25% menos produtivos da América Latina: a produtividade do trabalho no Brasil é de US$17.295 por trabalhador, enquanto nos EUA é de US$ 93.260 e, na Coreia do Sul, US$ 59.560. Ainda assim, o aumento real dos ganhos dos trabalhadores brasileiros ficou acima dos ganhos de produtividade do país entre 2003 e 2010.

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O economista dá alguns exemplos do que, para ele, demonstra como a cultura nacional mantém viva a noção de que a solução de todos os problemas virá dos favores estatais, ao defender uma forte presença do Estado e bem estar social amplo. 

A Previdência é o maior símbolo deste equívoco, diz Giambiagi, traduzida na despesa do INSS: em 1988 foi de 2,5 % do PIB, em 2015, será de quase 7,5 % do PIB – e continuará subindo, uma vez que o número de idosos aumentará em torno de 4% ao ano nos próximos 15 anos. “É uma tragédia anunciada. É como se o país tivesse feito uma escolha pelo passado em detrimento das gerações futuras”.

Giambiagi destaca que, para uma economia ter êxito no mundo moderno, cabe aos governos, um papel crucial na regulação e na coordenação de certas políticas. Porém, a chave do dinamismo é a competição travada no campo do setor privado. “É para os EUA que temos que olhar. É um país com uma boa base de contrato social e, no restante, o que prevalece é a competitividade”.

Assim, avalia, para progredir, o Brasil precisa, de uma vez por todas, se assumir como uma economia capitalista. O papel do Governo será fundamental para liderar uma agenda de reformas. “Estas requerem cinco condições: a) um bom diagnóstico; b) convicções firmes; c) energia para implementar a agenda; d) uma enorme capacidade de persuasão; e, finalmente, e) um grande poder de articulação. Se estes requisitos forem cumpridos, o país vai dar um salto”.

Capitalismo: modo de usar

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.