Lula volta a ironizar Elon Musk: “Nunca produziu um pé de capim neste país”

Novamente sem citar o nome do bilionário dono do X, Lula alerta para o "crescimento da extrema direita" no Brasil e no mundo e reconhece que 2023 foi um "ano de martírio"

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Mais uma vez sem citar o nome do bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), da Tesla e da SpaceX, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir o tom contra o empresário, em discurso no início da tarde desta quarta-feira (10).

Depois de ser atacado por Musk, que disse que Lula foi eleito em 2022 com a ajuda do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o petista afirmou que o Brasil não aceita mais “cabresto” e não pode andar “de cabeça baixa”.

“Temos uma coisa muito séria neste país e no mundo: se queremos viver ou não em um regime democrático. Se vamos permitir que o mundo viva a xenofobia e o extremismo”, disse Lula, ao participar de um anúncio relacionado ao programa Minha Casa, Minha Vida.

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“É o que está acontecendo: o crescimento da extrema direita, que se dá o luxo de permitir que um empresário americano que nunca produziu um pé de capim neste país ouse falar mal da Corte brasileira, dos ministros brasileiros e do povo brasileiro. Não é possível”, esbravejou o presidente, sem mencionar o nome de Musk. O dono do X, na verdade, nasceu na África do Sul, mas se naturalizou americano.

“A gente pode ser bom, muito harmonioso, mas não queremos andar de cabeça baixa. Não somos melhores do que ninguém, mas não queremos mais cabresto”, prosseguiu Lula.

“Nós estamos voltando à normalidade neste país. Nós vamos construir um país democrático, civilizado, em que ninguém será perseguido pela cor, pelo time, pelo partido, nada disso é importante para mim. O que importa é que todo e qualquer brasileiro será tratado com carinho e respeito.”

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Na véspera, durante um outro evento no Palácio do Planalto, Lula já havia mandado uma indireta ao dono do X. “Hoje, temos gente que não acredita que o desmatamento e as queimadas prejudicam o planeta Terra. Tem muita gente que não leva a sério o que significa manutenção das florestas, da vida no planeta, e que não tem para onde fugir. Tem até bilionário tentando fazer foguete, viagem, para ver se encontra lugar lá fora”, disse Lula, na ocasião.

Além de dono do X, Elon Musk é o chefe da SpaceX – empresa do setor aeroespacial, fundada em 2002 nos Estados Unidos, que projeta, fabrica e lança foguetes ao espaço. O empresário também comanda a fabricante de carros elétricos Tesla. “Ele vai ter de aprender a viver aqui, a utilizar o muito do dinheiro que ele tem para ajudar a preservar isso aqui, a melhorar a vida das pessoas”, completou Lula, na terça-feira (9).

“Ano de martírio”

Além das críticas a Elon Musk, Lula reconheceu que o primeiro ano de seu governo foi marcado por dificuldades e falou em “reconstrução” do país.

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“Vocês não sabem de que forma nós encontramos este país. Foi um ano de martírio”, afirmou Lula. “E tivemos uma compreensão do Congresso Nacional. O PT tem 70 dos 513 deputados na Câmara. E nós conseguimos, em uma relação civilizada com o Congresso, aprovar a PEC da Transição, que permitiu que tivéssemos uma governança mais tranquila em 2023.”

Lula voltou a dizer que, depois de 15 meses de governo, chegou a hora de colher os primeiros resultados. “Nós tratamos a terra, adubamos, carpinamos, colocamos semente e, agora, este ano de 2024 é o ano da nossa colheita”, disse. “Nós entramos agora em uma trajetória ascendente. Nós vamos cumprir cada palavra que falamos na nossa campanha de 2022.”

Minha Casa, Minha Vida

Lula participou do anúncio do resultado da seleção de propostas de 112 mil unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) nas modalidades Rural e Entidades.

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De acordo com o governo federal, serão 75 mil moradias para a modalidade Rural e 37 mil para a Entidades. As habitações devem beneficiar comunidades quilombolas, povos indígenas e famílias que vivem em áreas de risco.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.