Lula: “Vamos respeitar quem não pensa como nós pensamos”

Pelo Twitter, presidente eleito diz respeitar "quem não é igual a gente" e que vai "recuperar um Brasil para todos"

Marcos Mortari

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Após um pregão de muito nervosismo no mercado na véspera com seu discurso feito a parlamentares no CCBB pela manhã, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), usou as redes sociais para colocar panos quentes e dizer que vai “respeitar quem não pensa como nós pensamos” e que “vamos juntos recuperar um Brasil para todos”.

“Vamos respeitar quem não é igual a gente. Vamos respeitar quem não pensa como nós pensamos. A democracia é isso. Nós vamos juntos recuperar um Brasil para todos. E peço a ajuda de vocês para fazermos isso. Bom dia”, escreveu Lula em postagem feita na manhã desta sexta-feira (11).

Investidores têm manifestado preocupação com a situação fiscal do país, em meio às discussões sobre a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que crie um “waiver” (uma licença para gastar fora do teto) para acomodar despesas para o Bolsa Família de R$ 600,00, um reajuste real do salário mínimo e outras promessas de campanha de Lula.

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Nos últimos dias, ganhou força no mundo político a ideia de retirar do teto de gastos todas as despesas com o Bolsa Família de forma permanente. No Orçamento de 2023, isso significaria um espaço de R$ 105 bilhões para acomodar outras despesas na regra fiscal.

Antes, já havia circulado a informação de que a equipe de Lula estudava pedir um “waiver” de R$ 175 bilhões ao Congresso Nacional montante considerado − exagerado por boa parte do mercado.

Agentes econômicos cobram do novo governo maior clareza sobre o espaço fiscal a ser solicitado ao Congresso Nacional, os termos da proposta e quais são os planos do presidente eleito para o arcabouço fiscal. Há também uma pressão para a apresentação do comandante do Ministério da Fazenda e sua equipe. Tal sinalização é vista como fundamental para o futuro das contas públicas.

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Ontem (10), Lula defendeu uma discussão econômica mais ampla, que não leve apenas a questão fiscal em consideração. “Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país?”, questionou.

“Por que toda hora as pessoas falam ‘é preciso cortar gasto, é preciso fazer superávit, é preciso fazer teto de gastos’? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gastos não discutem a questão social deste país? Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento? Por que não estabelecemos um novo paradigma de funcionamento deste país?”, indagou.

“A única razão que tenho de voltar a exercer o cargo de presidente é tentar restabelecer a dignidade do nosso povo. E a prioridade zero, outra vez, o mesmo discurso que disse em dezembro de 2002, não tenho que mudar uma única palavra: se, quando eu terminar esse mandato, cada brasileiro tiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida”, disse emocionado.

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As declarações foram interpretadas por agentes econômicos como uma intenção maior do novo governo em gastar e de relativizar o quadro de restrição fiscal enfrentado pelo país. Na prática, isso gera uma percepção maior de risco, o que pressiona o dólar e a inflação. Como resultado, os juros futuros sobem e o mercado de ações é penalizado.

O Ibovespa encerrou a quinta-feira em queda de 3,35%, a 109.775 pontos, destoando do desempenho favorável dos índices das principais bolsas internacionais. O dólar comercial subiu 4,14%, a R$ 5,396 na compra e R$ 5,397, em sua maior alta desde março de 2020.

O EWZ, que replica, em dólar, os ativos que compõe o Ibovespa, sofreu tombo de 6,53%, também em sua maior queda em 32 meses.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.