Lula se emociona em reencontro com ex-ministro e chora ao falar da saúde de bisneta

Ao lado do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, a quem chamou de "mais que um irmão", Lula participou da inauguração da planta da fábrica de produção de insulina da Biomm, em Nova Lima (MG)

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, durante visita à planta de produção de insulina da Biomm, em Nova Lima (MG) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Em um evento marcado pela emoção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chorou várias vezes durante o discurso, foi inaugurada, nesta sexta-feira (26), a planta da fábrica de produção de insulina da Biomm, em Nova Lima (MG).

Segundo Palácio do Planalto, a cerimônia marcou a retomada da produção do hormônio no país por uma empresa brasileira, depois de duas décadas. A expectativa é a de que 1,9 milhão de pacientes sejam atendidos.

Lula não se conteve e chorou ao se reencontrar com o empresário, ex-ministro e amigo pessoal Walfrido dos Mares Guia, de 81 anos. Ele integra o Conselho de Administração da Biomm e fez uma homenagem ao petista ao discursar.

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Mares Guia foi ministro do Turismo (de 2003 a 2007) e das Relações Institucionais (2007) nos governos anteriores de Lula. Ele também foi deputado federal (1999-2003) e vice-governador de Minas Gerais (1995-1999). Na política, teve passagens pelo antigo PRS, PTB e PSB.

“A minha vinda para Nova Lima é mais do que inaugurar uma fábrica. É fortalecer uma relação com a família Mares Guia”, disse Lula. “Quando assumi a Presidência, eu não conhecia o companheiro Walfrido. Eu tinha sido eleito presidente da República, queria montar o ministério mais amplo possível, com pessoas de bem”, relatou.

Visivelmente emocionado, chegando às lágrimas em vários momentos, Lula disse que Walfrido “é uma das pessoas mais extraordinárias” que ele já conheceu. “Você é, para mim, mais do que um irmão. Você é um companheiro”, afirmou o presidente, chorando, antes de abraçar o ex-ministro.

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Lula também chorou ao falar sobre o estado de saúde de sua bisneta Analua, que tem diabetes tipo 1 e precisa tomar insulina todos os dias. A doença corresponde a um percentual entre 5% e 10% dos casos de diabetes. Nessa condição, o sistema imunológico ataca as células que produzem a insulina, fazendo com que não haja produção suficiente para que a glicose entre nas células.

“A gente não ama quem a gente não conhece. É o conhecimento, é a relação que faz você gostar ou não gostar”, disse Lula, emocionado.“Isso aqui é a consolidação de um sonho. De uma vida de amor e crença de um ser humano e de vários seres humanos.”

Falando antes do presidente, Walfrido dos Mares Guia chamou Lula de “querido amigo” e “grande líder deste país”. “Nós estamos diante de um dos melhores governos e equipes que este país já teve”, afirmou o aliado de Lula.

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“Que energia atômica esse homem [Lula] tem para superar todas essas coisas! Eu tenho 81 anos, há 63 eu trabalho e há 21 eu conheço ele. Nunca vi na minha vida uma pessoa não ter ressentimento. Parece que ele tem um espelho, vem a flecha e ela volta. Ele não perde tempo para reclamar de quem o denigre”, completou o ex-ministro.

Além da emoção, a política

Além da forte emoção durante todo o discurso, Lula também aproveitou para criticar adversários e se defender de críticas. O petista rebateu a tese de que teve “sorte” em vários momentos de seus governos anteriores e também no atual, principalmente em relação ao cenário econômico.

“Não é sorte. Se eu tivesse a sorte que eles pensam que eu tenho, eu ganhava na loteria. Eu acredito nas coisas que eu faço. Eu tenho um sonho e acredito que o ser humano pode fazer tudo o que ele quer. Basta que ele tenha determinação e não fraqueje diante de nenhum obstáculo”, afirmou.

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“Eu voltei a governar o Brasil com a determinação de provar àqueles que não gostam da democracia e preferem a mentira e o ódio que um país construído à base da verdade, do amor, da fraternidade, da democracia e da solidariedade é muito melhor do que um país criado à base do ódio e da desavença”, concluiu Lula.

A fábrica da Biomm

Com um investimento de R$ 800 milhões, a fábrica da Biomm tem capacidade para suprir a demanda nacional de insulina e favorecer o acesso dos pacientes com diabetes ao tratamento, de acordo com a companhia. O Brasil é um dos países com maior incidência de diabetes no mundo, com 15,7 milhões de pacientes adultos, segundo dados do Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

A fábrica terá capacidade para 20 milhões de unidades de carpules (refis) de insulina glargina por ano. A unidade também poderá fabricar 20 milhões de frascos de outros biomedicamentos, como a insulina humana recombinante. A estimativa é a de que a fábrica, que conta com 12 mil metros quadrados de área construída, gere 300 empregos diretos e 1,2 mil indiretos.

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Durante o evento, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Biomm assinaram um protocolo de intenções para desenvolver um programa de cooperação mútua, voltado a plataformas de produção de medicamentos para o tratamento de doenças metabólicas.

Além de Lula e Mares Guia, participaram do evento os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Nísia Trindade (Saúde), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.