“Lula se deixou perder encantado pelas delícias do poder”, diz FHC

Em entrevista ao SBT Brasil, FHC ainda afirmou que o Brasil terá que elevar impostos para superar crise; ao falar sobre impeachment, o ex-presidente afirmou que a força dele vem da rua, e não do Congresso

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal SBT Brasil feita por Kennedy Alencar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, perdeu-se pelas “delícias do poder”. 

“Lula se deixou perder encantado pelas delícias do poder e pela cultura política tradicional. Ele acabou aceitando como normal o que ele sempre criticava”, afirmou.

O tucano afirmou que Lula perdeu a autenticidade e afirmou que o conhece desde os tempos em que ele morava em “casa de pobre”. “Eu conheço o Lula de priscas eras. Eu já votei nele e ele em mim. Faz muito tempo isso. Mas acho que o Lula se perdeu no caminho, para ser sincero. Se perdeu, porque aquela autenticidade que ele tinha se perdeu. Hoje, ele é um político tradicional. Acha que a manutenção do poder é mais importante do que tudo. Ele tem tendência a fazer sempre acordos. Uma das questões que mais me choca na trajetória do presidente Lula, eu o conheço do tempo que ele era líder de sindicato, de ir à casa dele lá de pobre em São Bernardo, é que ele foi absorvido pela cultura tradicional da política brasileira. Para ele, o toma lá dá cá não é exceção, mas regra”, afirmou.

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Ao ser perguntado sobre o processo de impeachment e se a reforma ministerial diminui o ímpeto por isso, o ex-presidente afirmou que a reforma dá uma certa sobrevida à presidente. Porém, ele afirmou que a força do impeachment, se houver, vem da rua, e não do Congresso. 

“A força do impeachment, se houver, vem da rua. Não vem de dentro do Congresso. Sempre foi assim. Com o Collor foi assim também. E o Collor tinha uma maioria. E a maioria desapareceu porque a sociedade queria outra coisa. Do ponto de vista de quem governa, precisa ter um equilíbrio. Se você cede demais aos partidos… E é a sensação que dá vendo pelos jornais, de que a negociação com o PMDB não foi propriamente com o PMDB. Foi com dissidentes internos do PMDB. Isso é um caminho perigoso”, destacou.

Ao jornalista Kennedy Alencar, o ex-presidente afirmou não ter examinado “com cuidado” a petição protocolada na Câmara pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. Porém, questionou a argumentação apresentada pela dupla. “Eles argumentam que foi de tal natureza a agressão à Lei de Responsabilidade Fiscal (no caso das pedaladas fiscais) que isso configuraria o impeachment. Talvez tenham razão, mas não basta. É preciso que a população entenda. Você falar de pedalada fiscal é muito abstrato” .

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Segundo FHC, se o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) virar réu no STF, perderá condição política de continuar no cargo. “Uma vez aceita a denúncia, fica muito difícil se manter na presidência de qualquer instituição. O mesmo vale pra presidente Dilma. Ela tem todo o poder presidencial porque, por enquanto, não tem nada que diga… não há processo de impeachment”. 

Crise de confiança
Ao ser perguntado sobre economia, FHC afirmou que “o problema maior nosso é de confiança” e disse ter agido com mais responsabilidade na economia do que Dilma. “Eu não botei o pé no acelerador quando não tinha gasolina”.

FHC afirmou que “todo mundo prefere não pagar imposto, mas vai ser necessário” para vencer a crise. Ele ainda afirmou não saber se uma eventual alta de tributos virá por meio de uma nova CPMF.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.