Lula se contradiz ao falar sobre Duque a Moro; petistas admitem que situação do ex-presidente “se complicou”

Algumas perguntas ficaram no ar após depoimento de Lula a Moro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro é o grande destaque nos principais jornais do país. Lula negou as acusações, como a de que seria o responsável pelo apartamento triplex.

Em um dos pontos baixos para o ex-presidente e apontado por diversos jornais, esteve a confirmação do petista de encontros que ele teve com o o ex-diretor da Petrobras Renato Duque.

Conforme aponta o blog de Gerson Camarotti no G1, de forma reservada, até mesmo parlamentares petistas admitiram que a situação de Lula ficou mais complicada ao reconhecer o encontro, 

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“A pergunta que ficou sem reposta é simples: por que um ex-presidente da República vai se encontrar num hangar do Aeroporto de Congonhas com um ex-diretor da Petrobras investigado no esquema da Lava Jato?”, destaca o colunista. 

Em depoimento recente, Duque afirmou que se encontrou com Lula em 2014, quando a Lava Jato já estava em curso. Duque comentou que, naquela reunião, o ex-presidente questionou se ele tinha uma conta na Suíça com recebimentos da empresa SBM, dizendo que a então presidente Dilma Rousseff tinha recebido informação de que um diretor da Petrobras tinha recebido dinheiro daquela empresa na Suíça. Ele contou que respondeu que não, que nunca tinha recebido dinheiro da SBM e então Lula pergunta novamente: “‘E das sondas, tem alguma coisa?’. E tinha. Falei: não, não tem. E ele: ‘Presta atenção: se tiver alguma coisa, não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome'”. Em seguida, o ex-diretor disse que Lula falou que iria “tranquilizar” Dilma. 

No depoimento de ontem, Lula deu uma outra versão para o encontro. Ele justificou sua preocupação com a conta no exterior de Renato Duque depois de ter visto a notícia publicada por jornais.  

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Camarotti ressalta que, do ponto de vista prático, a advertência feita por Lula a Duque teve consequência: a investigação que culminou com a 10ª fase da Lava Jato, identificou que o ex-diretor da Petrobras havia transferido recursos da Suíça para Mônaco.

Outro detalhe do encontro foi destacado pela Folha, que também cita contradição. Moro questionou Lula sobre relação entre Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e Duque, e ex-diretor da Petrobras, e sobre como o ex-presidente sabia previamente dessa relação. 

Lula disse ainda, em um primeiro momento, que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto tinha uma relação de amizade com Duque e, logo em seguida, afirmou não saber se os dois eram amigos. 

Outra contradição foi apontada por Camarotti. “Duque disse que se encontrou com Lula, também nos anos de 2012 e 2013. Esses encontros evidenciam outra contradição no depoimento do ex-presidente: de que não tinha qualquer relação com o loteamento político da Petrobras”. 

Advogados de Lula, contudo, defendem que o saldo do interrogatório foi positivo e que a inocência do ex-presidente ficou comprovada, De acordo com eles, Lula sofreu um bombardeio de perguntas, mas que resultaram em zero de provas, afirmam. 

Além disso, publicamente, parte dos dirigentes petistas avalia que Lula se saiu bem do depoimento. Porém, entendem que isso não deverá ser suficiente para que ele seja absolvido pelo magistrado, conforme destaca o jornal O Globo.

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.