Lula: “Se a meta de inflação está errada, muda-se a meta”

Em café com jornalistas, presidente voltou a criticar o atual patamar da taxa básica de juros

Marcos Mortari

Brasília (DF) 20/03/2023 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante solenidade que anunciou a retomada do programa Mais Médicos para o Brasil.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o atual nível da taxa básica de juros (a Selic, fixada em 13,75% ao ano). Em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, o mandatário disse que o patamar é “incompreensível” e sugeriu a possibilidade de mudar a meta de inflação.

Ao comentar declaração atribuída ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que, para atingir uma meta de inflação a 3%, seria necessária uma taxa de juros de 20%, Lula disse que, se o fato for verdadeiro, o objetivo estabelecido para o comportamento dos preços deveria ser modificado.

“Se a meta está errada, muda-se a meta”, afirmou.

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Depois, no entanto, disse que apenas discutia uma fala de Campos Neto e que não pretendia brigar com ele. Lula afirmou, ainda, que a meta de inflação seria problema do Banco Central, que tem o objetivo de buscar cumpri-la, e do Senado Federal, que aprovou a indicação do presidente da instituição.

A meta de inflação, no entanto, é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão integrado, além do presidente do BC, pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e Orçamento – atualmente Fernando Haddad (PT) e Simone Tebet (MDB), respectivamente.

O objetivo para 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Para 2024 e 2025, o patamar estabelecido é de 3%, com a mesma banda de tolerância. Em fevereiro, o IPCA, índice de inflação de referência usado pelo governo, registrou alta acumulada em 12 meses de 5,6%, acima do teto da meta estabelecida para este ano.

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Durante o café da manhã, Lula disse que será preciso que o governo “encontre um jeito” para que a instituição monetária comece a reduzir a taxa de juros. “Vamos ter que encontrar um jeito para que o Banco Central comece a reduzir a taxa de juros”, comentou. “Não é compreensível porque não temos inflação de demanda”, continuou.

Aos jornalistas, o presidente também afirmou que os próximos nomes que indicará para diretorias do Banco Central serão de pessoas que defendem os interesses do governo. E disse que serão pessoas “da mais alta responsabilidade”.

(com agências)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.