Lula mostra porque foi “visionário” e as “bombas” de Cunha: as frases que agitaram a semana

Lula disse que "crise ia piorar" - e piorou mesmo: as frases da semana foram muitas, também no cenário internacional, mas os destaques estiveram no ambiente político brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As semanas vão passando no cenário político e os brasileiros são constantemente desafiados sobre a capacidade que eles possuem de se surpreender.

Nesta semana, além da nova fase da Operação Lava Jato que apreendeu “três carrões” de Fernando Collor de Mello, os protagonistas do cenário político foram Eduardo Cunha, ao anunciar o seu rompimento do governo, e Luiz Inácio Lula da Silva, ao falar sobre a crise política e também ao comentar o inquérito aberto pela Procuradoria da República no Distrito Federal para investigar suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente para favorecer a construtora Odebrecht (confirmando que a crise piorou, agravada ainda pelo depoimento de Cunha).

Como não poderia deixar de ser, eles têm uma menção especial no nosso “frases da semana”. No cenário internacional, Alemanha e a Grécia ganham destaque. Confira as principais frases da semana:

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Nada é tão ruim que não possa piorar…

“Preparem-se porque as coisas vão ficar piores”
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, durante encontro com a presidente Dilma Rousseff e ministros para “tentar” diminuir a tensão com relação à crise política.

“Trata-se de um procedimento absolutamente irregular, intempestivo e injustificado, razão pela qual serão tomadas as medidas cabíveis para corrigir essa arbitrariedade no âmbito do próprio Ministério Público, sem prejuízo de outras providências juridicamente cabíveis”
Instituto Lula, ao dizer que foi surpreendido pela notícia sobre o inquérito aberto pela Procuradoria da República no Distrito Federal para investigar suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer a construtora Odebrecht. 

“Eu não vou pagar pela merda dos outros”
Dilma Rousseff, em fala do dia 26 de junho, após a delação premiada de Ricardo Pessoa, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo no último domingo. A presidente havia se reúnido com ministros – e mostrado bastante nervosismo.

“A Lava Jato teve seu momento déjà-vu, com a atualização da Elba para o Porsche. Eis a verdadeira ascensão social dos anos Lula”
Marcus Pestana, deputado pelo PSDB-MG, sobre a fase Politeia da Operação Lava Jato, que apreendeu carros do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello.

“Não é de hoje esse tipo de perseguição, de vingança, cometido contra mim pelo procurador-geral.”
Fernando Collor, fazendo referência às apreensões da PF em suas residências funcional e particular em Brasília. Durante a operação, foram apreendidos uma Ferrari, um Lamborghini e um Porsche. Os carros estavam na Casa da Dinda, residência pertencente à família de Collor e que foi usada por ele na época em que era presidente da República.

“Collor era um político sozinho, sem partido e teve um comportamento pessoal chocante, como presidente. Era um personagem burlesco no poder. Dilma tem respeitabilidade pessoal, tem um partido e tem o apoio de movimentos sociais” 
Aloysio Nunes (PSDB-SP), em entrevista ao colunista Bernardo Mello Franco, da Folha de S. Paulo, defendendo cautela sobre um eventual pedido de impeachment.

“O Temer (vice-presidente) não tem condições de salvá-la. Se ela (a presidente Dilma) ficar quicando na boca do gol, eu vou chutar”
Geddel Vieira Lima, primeiro-secretário da Executiva Nacional do PMDB.

“Ministro, me perdoe, mas quem fez o banquete, farreou e se embriagou até a última hora da festa não fomos nós. Agora, nos chamam para limpar o salão. Mas não nos peça, ministro, para limpar o vômito dos outros sem luvas. Precisamos de tempo pelo menos para colocar as luvas.”
Cássio Cunha Lima, senador pelo PSDB-PB, ao ministro da Fazenda Joaquim Levy.

O(s) dia(s) em que Cunha dominou as manchetes

“O PMDB não aguenta mais a aliança com o PT”
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, durante café da manhã em que fez um balanço dos seis primeiros meses no comando da casa.

“Eu durmo. Quem não deve não teme”.
o mesmo Cunha, desta vez sobre as investigações da Operação Lava Jato. No mesmo dia, o delator Julio Camargo afirmou que o deputado pediu US$ 5 milhões em propina.

“Qualquer coisa que seja a versão que está sendo atribuída é mentira. É mais um fato falso, até porque esse delator [Camargo], se ele está mentindo, desmentindo o que ele delatou, ele por si só já perde o direito à delação”
Cunha, negando mais uma vez o envolvimento na Lava Jato.

“O presidente da Câmara a partir de hoje é oposição”

“Eu, como político, vou pregar que o PMDB rompa com o governo”

“Na minha opinião, Temer deve sair da articulação política”

“O governo não me engole, é ódio contra mim”

“Há um bando de aloprados no Palácio”

“Estou muito indignado”

“PGR escolheu a mim para investigar”

“Governo abriu uma devassa fiscal contra mim”

“Por que não abriram inquérito contra Mercadante, Delcídio?”

Apenas algumas frases de Eduardo Cunha, ao anunciar o seu rompimento (pessoal) com o governo Dilma Rousseff e dizer que, a partir de agora, faz parte da oposição.

E a reação …

 “O presidente da Câmara anunciou uma posição de cunho estritamente pessoal. O governo espera que esta posição não se reflita nas decisões e nas ações da presidência da Câmara, que devem ser pautados pela imparcialidade e pela impessoalidade”
Palácio do Planalto, ao dizer que o governo disse esperar que a posição do presidente da Câmara dos Deputados não reflita em suas ações à frente da casa.  

 “Como presidente [da Câmara] ele é imparcial, quase como um magistrado. Ele já era assim antes, e tenho certeza que no cumprimento das funções pode continuar igual”
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, dizendo que Cunha sempre mostrou imparcialidade no cargo, e isso não deve mudar com o anúncio do parlamentar de que rompeu com o governo federal. 

“Cunha perdeu condições de continuar à frente da Câmara”
Sílvio Costa, deputado pelo PSC-PE, defendendo o afastamento temporário do parlamentar do cargo máximo da mesa diretora da casa ou até mesmo seu impeachment. “Por muito menos, a Câmara afastou Severino Cavalcanti”. 

Enquanto isso, na Alemanha e na Grécia…

“É um acordo muito duro para o povo, mas, para ver os lados positivos, há a cobertura completa das necessidades financeiras do país por três anos e, no fim do memorando, se fala em uma eventual reestruturação da dívida”
Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, defendendo acordo com credores, que foi aprovado na quarta-feira.

“Não podemos pedir para todos virem para a Alemanha. Não conseguiríamos dar conta”
Angela Merkel, chanceler da Alemanha, em resposta a uma adolescente palestina que pode ser deportada a qualquer momento para o Líbano, e que provocou choro da estudante. 

“Qualquer debate sobre uma saída da Grécia tem agora que pertencer ao passado”
Sigmar Gabriel,  líder social-democrata e vice-chanceler. Essa visão, no entanto, está longe de ser unânime no país.


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.