Lula ministro? Brasil em ebulição? Confira análises sobre o pedido de prisão do ex-presidente

Presidente mais isolada, acirramento da radicalização política e PMDB como fiel da balança: enquanto o "imponderável" segue atuando, políticos tentam mexer suas peças e decifrar o cenário atual

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público de São Paulo nesta quinta-feira (10) foi mais um golpe contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Porém, apesar de ser ainda cedo para dizer sobre possíveis desdobramentos do caso na esfera jurídica, uma vez que a juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, ainda analisará o pedido, é possível antecipar desdobramentos políticos do acontecimento. 

Conforme destacam Mauro Schneider, economista-chefe da MCM Consultores Associados, e Gabriel Petrus, analista político da Barral M. Jorge, a principal consequência política imediata é o acirramento dos ânimos, ainda mais levando em conta a proximidade de manifestações contra o governo e o PT marcadas para o próximo domingo (13). ” A temperatura política do país está no limite”, avalia Petrus.

Já para o cientista político da Tendências, Rafael Cortez, as manifestações não devem registrar um significativo acirramento, ainda mais levando em conta que a juíza não deve decidir sobre o assunto até o domingo e o fato dos protestos pró e anti governo já terem sido marcados em datas diferentes justamente para evitar eventuais confrontos.

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Por outro lado, a eventual prisão de Lula aumentaria ainda mais o cenário de isolamento político do ex-presidente e de Dilma, afirma Cortez, reforçando a legitimidade do pedido de impeachment contra ela (que tinha perdido força). Outro efeito negativo recai sobre a articulação política, já que a presidente adotou a estratégia de aumentar os espaços do lulismo em seu governo. Com Lula mais fraco, ela se enfraquece ainda mais. 

Para Schneider, cada um desses últimos eventos (e a lista é grande) tem levado ao enfraquecimento de Lula e também de sua sucessora, Dilma Rousseff. Com isso, afirma, “estamos caminhando para cenários distintos do atual, que é o de paralisia na política e na economia”.

“Estamos indo para uma encruzilhada”, afirma o economista-chefe da MCM, ao destacar que, ou se continua o processo de enfraquecimento do mandato da presidente, ou há uma radicalização pela luta da sobrevivência. 

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Lula ministro?
Para Petrus, a notícia do pedido de prisão preventiva também pode forçar a presidente a tomar decisões sobre o rumo de seu governo muito rapidamente. “Isso poderia incluir a reforma ministerial ou anúncio de uma nova medida econômica, na tentativa de desinflar as pressões políticas”, avalia. 

Entre os cotados para ser ministro, está justamente Lula, que está no “olho do furacão”. Para Rafael Cortez, o pedido de prisão preventiva contra o petista aumenta a chance que ocorra esse movimento. Há duas razões para que isso ocorra: a complicada situação do ex-presidente e também a tentativa de “salvar o governo”, uma vez que ele poderia ajudar na articulação política. “Em tese, a presença de Lula em Brasília facilitaria a articulação”, afirma, mesmo em um cenário de contestação por conta do cerco contra ele estar se fechando cada vez mais. 

O que se aventa por enquanto é que Dilma ofereceu ministério para o ex-presidente, mas foi alertada de que poderia ser acusada de obstrução da Justiça. Contudo, os petistas avaliam que a juíza que decidirá sobre a prisão pode refutar o pedido e, desta forma, Lula estaria mais confortável para aceitar ou não o cargo neste cenário.

PMDB: o fiel da balança
Além disso, há um outro fiel da balança: o PMDB. Cortez aponta que o partido é a chave central do processo e a tendência é de que a legenda se distancie do Palácio do Planalto naturalmente.

Assim, além das manifestações, segue no radar a convenção do PMDB no sábado, com muitos rumores de que o PMDB está ensaiando um desembarque do governo. Para Schneider, “porém, o PMDB vai procurar encontrar o tipo de equilíbrio que é típico do partido, afastar sem se afastar”. 

Neste cenário “ambíguo” do PMDB, o cientista político Rafael Cortez ressalta que a presença de Lula em um ministério poderia ser importante pois ele teria mais sensibilidade para observar o cenário que se desenha para a presidente Dilma Rousseff, principalmente com relação à votação para o impeachment e articular o “um terço” necessário na Câmara dos Deputados para que o processo seja barrado. 

Porém, há outros fatores “imponderáveis” que devem continuar no radar, como a notícia de que a Andrade Gutierrez entregou dados de doações não oficiais da campanha de Dilma em 2014. Em meio a novas delações de empreiteiras que devem estar por vir, o que se indica é que “a fonte de instabilidade que ameaça o mandato presidencial, não está nos controles do governo”, afirma Cortez. A Tendências Consultoria mantém o cenário de 55% de chance de interrupção do mandato de Dilma, mas Cortez reforça: não há dúvida da direção de agravamento da crise e da fragilidade presidencial.


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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.