Lula estará no 2º turno se puder competir – e isso trará emoção ao mercado -, diz Stuhlberger

E esse é um dos motivos para que um dos maiores gestores do Brasil esteja cauteloso com o Brasil, conforme ele destacou na Expert 2017

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Sem grandes convicções para se posicionar no atual cenário brasileiro, o gestor do mais bem-sucedido hedge fund do Brasil, Luis Stuhlberger, tem duas grandes posições na Verde Asset. NTN-Bs de prazos mais curtos e que pagam acima de 5,5%, de olho em uma taxa de juro real de equilíbrio de cerca de 4%, além de manter a aposta na desvalorização da moeda chinesa.

Um dos motivos para essas decisões é a maior cautela com o ambiente brasileiro. O cenário político é obscuro e as eleições de 2018 ainda estão longe de acontecer, mas Stuhlberger já está de olho em alguns sinais que o pleito do ano que vem poderá dar, conforme ressaltou em painel da Expert 2017, evento realizado pela XP Investimentos.

“É muito difícil fazer prognóstico nessa altura do campeonato. (…) Mas o que vemos é que, se, Lula puder competir, é claro que estará no segundo turno”, afirma o gestor, traçando um paralelo com 1989 para destacar a provável volatilidade e emoção que o mercado pode ter no ano que vem. Stuhlberger lembra que, nas primeiras eleições diretas após a redemocratização, Fernando Collor estava bem na frente nas pesquisas, enquanto havia três ou quatro com o mesmo patamar de intenção de votos, algo que pode se repetir ano que vem, mas com Lula na frente e uma incógnita sobre o segundo turno. “Por isso a questão da elegibilidade do Lula, que pode se definir nos próximos 4 meses, deve levar a alguma volatilidade, algum tipo de emoção. Mas também pode não ter [a candidatura]. Neste sentido, o fundo tem posições muito leves uma vez que não há convicção grande para haver um posicionamento direcional em função da eleição”, aponta.

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As duas apostas “leves’ do fundo são, como já destacado acima, em NTN-Bs e contra a moeda chinesa. Sobre as NTNB-s, Stuhlberger aponta que essa não é uma aposta direcional, mas uma alocação básica de recursos ao ressaltar que o juro real do Brasil de equilíbrio hoje está muito abaixo do que já esteve desde a criação do plano real. “Com a economia crescendo pouco, com a inflação de serviços cedendo e com o desemprego no nível que está, com alguma confiabilidade fiscal e do Banco Central, o juro real de equilíbrio pode ir para 4% sem reformas. Não estou falando de um governo caótico, mas de alguma coisa razoável, factível”, aponta gestor do Verde.

Sobre a aposta contra a moeda chinesa, Stuhlberger ressalta que ela não acontece por conta de uma percepção de que a economia do país não esteja indo bem, mas por que é um ativo que até o próprio governo gostaria de desvalorizar e em meio a uma situação de expansão fiscal desmesurada como nunca foi feita antes na história da China.

Conforme destacado em suas últimas cartas, Stuhlberger vem recorrentemente diminuindo a sua exposição em ações brasileiras. Porém, o que poderia fazê-lo mudar de ideia? Atualmente, o gestor ressalta que a posição dos investidores institucionais e das pessoas físicas em bolsa é muito baixo, enquanto os estrangeiros estão comprando. Em um cenário de um juro nominal entre 7% e 9% e com um bom presidente para fazer as reformas a partir de 2019, levando em conta ainda um ambiente em que as empresas listadas em bolsa estão sendo mais “disputadas” dado o baixo número de IPOs dos últimos anos, o volume tanto dos institucionais quanto dos PFs na bolsa pode crescer muito e influenciar as ações em bolsa, aponta ele.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.