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Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump se reuniram neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, em um encontro que buscou reduzir as tensões comerciais e políticas entre os dois países.
“Vamos chegar a um acordo”, afirmou o presidente dos Estados Unidos ao deixar a reunião, enquanto Lula adiantou que “haverá boas notícias” após as conversas.
A reunião bilateral, realizada no Centro da Cidade de Kuala Lumpur (KLCC), começou às 15h30 no horário local (4h30 em Brasília) e durou cerca de 50 minutos. Pelo lado brasileiro, acompanharam o encontro o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, e o diplomata Audo Faleiro, da equipe de Celso Amorim.
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Já a comitiva americana contou com o secretário de Estado Marco Rubio, o secretário do Tesouro Scott Bessent e o representante de Comércio Jamieson Greer.

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Tarifas e sanções
O tarifaço de 50% imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros dominou a pauta da reunião. Brasília vê as sobretaxas como uma retaliação política, imposta após o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no STF, enquanto Washington as enquadra como medidas de “proteção comercial”.
Trump foi evasivo ao ser questionado se reduziria as tarifas, mas sinalizou otimismo.
“Vamos discutir isso por um tempo. Sabemos o que cada um quer. Acho que conseguiremos fechar bons acordos”, disse.
O republicano também elogiou o Brasil e afirmou que o país “é grande, lindo e cheio de oportunidades”.
Durante a conversa com jornalistas, o americano chegou a citar Bolsonaro e o chamou de “direto”, dizendo “se sentir mal pelo que aconteceu com ele”. Lula não comentou a declaração.
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Posições divergentes
As ações de Washington contra os governos de Nicolás Maduro (Venezuela) e Gustavo Petro (Colômbia) também estiveram no pano de fundo do encontro.
Enquanto Trump tem endurecido o discurso e ampliado sanções na América Latina, Lula tenta preservar uma postura de equilíbrio, defendendo a soberania dos países vizinhos e a retomada do diálogo regional.
“O Brasil quer um continente forte, mas com respeito entre as nações”, tem reiterado o presidente brasileiro em fóruns internacionais.
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Protagonismo do dólar
Outro ponto sensível foi o papel do dólar nas transações internacionais. Lula voltou a defender a diversificação das moedas de troca, especialmente no âmbito do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Trump, por outro lado, rechaçou a proposta e reiterou que poderá elevar tarifas contra países que tentarem reduzir a influência da moeda americana. A divergência reforça a disputa por protagonismo financeiro global, e mostra que, mesmo com o gesto de aproximação, as diferenças estruturais entre os dois governos persistem.