Lula e Putin juntos de novo? A boa notícia é que “sempre existe” China e Índia, diz Forbes

Há muitas semelhanças entre os dois países, avalia o colunista da publicação americana, Kenneth Rapoza

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Dois países do chamado BRICs, acrônimo criado por Jim O’Neill em 2001, foram alvo de comparações pelo colunista da Forbes, Kenneth Rapoza, em publicação da última quarta-feira (8). O colunista ainda questiona: será que Vladimir Putin e Lula estarão juntos de novo?

Em matéria chamada “Rússia versus Brasil: um conto de dois países em crise”, vários pontos são comparados entre as duas nações, desde economia até a visão dos dois países sobre os seus líderes. 

Rapoza ressalta que ambos têm em comum o fato de serem exportadores de commodities, de terem a pecha de possuírem um estado grande e de estarem lidando com uma série crise política e com o fato de que a corrupção é endêmica em seu sistema, apontando que “um país está um pouco melhor do que o outro neste sentido”.

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O colunista lembra que, há dez meses, viajou para a sua antiga “casa” no Brasil, em São Paulo, e viu uma região inteira que se recuperava dos anos consecutivos de recessão e crise política, recordando de seu artigo em que apontava que o “Brasil era uma bagunça completa”. 

“Para a classe política, a bagunça é ainda maior agora”, afirma Rapoza, destacando que Michel Temer, sem dúvidas, é o líder menos popular das Américas, quiçá do mundo, enquanto a criminalidade tem subido muito em cidades como Salvador e Rio de Janeiro. Enquanto isso, o desemprego atinge 14 milhões de pessoas. Para o colunista, a crise brasileira é criada pelo establishment político, em meio à crise do “petrolão” que mostrou o conluio entre grandes corporações privadas e políticos. 

Mais recentemente, há duas semanas, Rapoza esteve na Rússia, que também estão por um momento de recuperação da economia. Enquanto isso, diversos protestos contra a corrupção têm ganhado força no país, desafiando a Rússia Unida, partido do presidente Vladimir Putin.

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Contudo, aponta, Putin é mais popular em seu país do que Temer é. “Temer não está concorrendo à eleição, enquanto Putin, mesmo que não formalmente, está disputando o pleito”. Assim, enquanto Washington, Londres, Berlim ou Paris, se tivessem que escolher entre dois presidentes, escolheria Temer, afirma ele. “Mas se os brasileiros tivessem que escolher entre os dois, eles provavelmente escolheriam Putin”. Enquanto isso, as companhias da Rússia estão com problemas, assim como as do Brasil, mas o que as diferem são as suas ligações com os EUA.

Neste sentido, Rapoza faz uma outra comparação: enquanto os russos se sentem vítimas do mundo, os brasileiros se sentem vítimas do governo. 

Contra as probabilidades?

Contudo, graças à liquidez global e às políticas monetárias consistentes dos bancos centrais russo e brasileiro, os dois países estão de “volta à vida”, afirma Rapoza. Mas, enquanto as suas economias estão melhorando, o mercado prefere o Brasil, aponta o colunista, ao lembrar que nove companhias fizeram IPO esse ano, em comparação a quatro russas.

Apesar dessa preferência no momento, há a visão de que há mais risco político no Brasil que na Rússia. O risco político da Rússia vem do Ocidente.  Enquanto isso, no Brasil, a política doméstica é destaque, com “ninguém sabendo quem será o presidente do Brasil”. E avalia: “se as pesquisas forem confiáveis, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vencerá. A única ressalva é que ele está sob investigação na Operação Lava Jato [sendo inclusive condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro]”.

Se o cenário que se desenha se concretizar, Rapoza aponta: “como no caso da Rússia, não espere grandes reformas”.

A Rússia terá votações no próximo mês de março e, “como todos sabem”, se Putin concorrer, ele ganha. Assim, o risco político na Rússia depende do Congresso americano, avalia. Mas, caso ele ganhe, será o status quo. 

Já no Brasil, se Lula ganhar, não é um retorno aos bons dias do início dos anos 2000, quando ele assumiu o governo, apontando que o PT não terá o poder que teve na época. A previsão é de uma polarização política muito grande e não há perspectiva boa sobre a capacidade de governar de Lula ou mesmo se ele poderia terminar o seu mandato, de acordo com a avaliação feita pela especialista Andrea Murta. 

“A boa notícia é que sempre existe a China e a Índia …”, conclui a publicação, em referência aos outros dois países que inicialmente compunham os BRICs. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.