Lula e Bolsonaro discutem sobre salário mínimo, trocam acusações de mentiroso e fazem “jogo de empurra” com Roberto Jefferson em debate morno

Encontro, apesar de amplamente aguardado, deixou em segundo plano a discussão de propostas e concentrou trocas de farpas e frases de efeito

Marcos Mortari Anderson Figo

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participam de debate realizado pela TV Globo (Foto: Divulgação)
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participam de debate realizado pela TV Globo (Foto: Divulgação)

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A dois dias do segundo turno das eleições ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estiveram, na noite desta sexta-feira (29), frente a frente pela última vez durante a campanha em debate promovido pela TV Globo.

O encontro, embora amplamente aguardado no meio político e pelo público, foi morno, marcado por trocas de acusações de mentiroso e ataques com o intuito de despertar a rejeição dos espectadores ao candidato adversário. Assim como se observou em outros debates, a discussão de propostas para o país ficou em segundo plano, atrás também de comparações de recortes das duas gestões.

No pleito que se desenha como o mais equilibrado desde 2014, quando Dilma Rousseff (PT) derrotou Aécio Neves (PSDB) por 51,64% a 48,36%, o clima tenso entre os candidatos e integrantes das campanhas presentes no estúdio era perceptível a quem assistia ao evento de casa.

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Afinal, às vésperas da votação, pesquisas indicam uma vantagem para Lula que varia de 0,4 pontos percentuais (Paraná Pesquisas) a 7 pontos percentuais (Ipec) sobre Bolsonaro − situação que, em alguns casos, configura situação de empate técnico entre os candidatos.

O debate foi iniciado com a palavra concedida a Bolsonaro. O candidato à reeleição deu destaque ao tema do salário mínimo, que gerou desgaste à sua campanha após o ministro Paulo Guedes (Economia) mencionar possível mudança na fórmula de reajuste, com impactos também sobre benefícios previdenciários. A ideia seria desindexar o salário mínimo da inflação, o que na prática poderia fazer com que governos pudessem promover perda real aos trabalhadores e aposentados no futuro.

Logo no pontapé inicial do encontro, o atual presidente não apenas procurou desmentir a ideia como prometeu um salário mínimo de R$ 1.400,00 para 2023. O montante é muito superior aos R$ 1.294,00 previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), sancionada por ele mesmo em agosto.

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“Ao longo dos últimos dias, Luiz Inácio, o seu partido foi com toda a vontade na televisão e nas inserções de rádio dizer que eu não ia reajustar o [salário] mínimo, que eu não ia reajustar as aposentadorias, e também que eu ia acabar com o 13º [salário], com as férias e com as horas-extras”, reclamou Bolsonaro.

“Eu não sei o que o nosso adversário está vendo, porque a verdade nua e crua é que o salário mínimo dele hoje é menor do que quando ele entrou. A verdade é que, durante meu governo, eu aumentei o salário mínimo em 74% e ele não aumentou. Ele apenas concedeu a inflação e, em alguns anos, concedeu menos do que a inflação. Agora é muito fácil chegar perto das eleições e prometer. Por que, durante quatro anos, o senhor não aumentou o salário mínimo?”, rebateu Lula.

Bolsonaro insistiu que a campanha petista mentiu em propaganda veiculada no rádio e na televisão que indicava o fim de benefícios trabalhistas e mudanças em políticas públicas sensíveis para a população. O mandatário também lembrou que tais modificações sequer poderiam ser promovidas por um presidente em exercício por se tratarem de cláusulas pétreas da Constituição Federal.

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Lula, por sua vez, insistiu na ausência de reajuste real do salário mínimo, destacou a perda de valor dos repasses do governo para merendas escolares por estudantes de escolas públicas e chamou atenção para o aumento da fome no país. Em outro momento do debate, chegou a associar a Reforma da Previdência, aprovada durante a gestão de seu adversário por empobrecer parte da população.

“Por acaso Guedes te orientou sobre o que vocês fizeram com os aposentados? Você sabe que vocês reduziram a quantidade de dinheiro que a pessoa pensionista recebe? Você sabe que aumentaram o tempo para a mulher se aposentar? Se o Guedes não falou, no intervalo ligue para ele para saber por que o povo está passando fome. É porque o aposentado também está passando fome, porque também não teve aumento do salário mínimo”, afirmou.

Já Bolsonaro aproveitou a brecha para trazer o tema da corrupção, lembrando escândalos envolvendo fundos de pensão de servidores públicos da Petrobras, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e dos Correios, que geraram prejuízos para aposentados do funcionalismo. “A especialidade de roubar aposentado é sua”, rebateu o atual presidente.

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Bolsa Família x Auxílio Brasil

De olho no eleitorado de baixa renda − público que hoje apoia majoritariamente seu adversário −, Bolsonaro voltou a comparar os valores repassados pelo governo no Auxílio Brasil (hoje em R$ 600,00) com o Bolsa Família, programa criado na gestão petista.

“Já que você se julga o pai dos pobres e sua economia ia tão bem, por que você pagou tão pouco aos beneficiários do Bolsa Família? Em média, R$ 190,00. Começava com R$ 40,00”, questionou.

O atual presidente chamou o programa anterior de política eleitoreira, disse que o valor não garantia o combate à fome da população e que a forma como foi desenhado transformava beneficiários em “escravos”, que evitavam buscar uma colocação no mercado de trabalho com medo de perder o auxílio.

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“Só não aprende quem não quer. É uma bobagem comparar o Bolsa Família com o Auxílio Brasil porque o Bolsa Família era apenas um dos programas da política de distribuição de renda que nós fazíamos. Além dele, nós tínhamos as condicionantes de a criança estar na escola, da mulher dar vacina nas crianças, da mulher fazer o tratamento do parto. Nós dávamos programa de compra de alimentos da agricultura familiar, tínhamos o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), fazíamos cisternas, o programa Luz Para Todos”, respondeu Lula.

“Não era só o Bolsa Família. Era um conjunto de programas que fez com que, no meu período de governo, a economia brasileira vivesse um dos melhores períodos da sua história. É apenas isso. No meu governo, o PIB (Produto Interno Bruto) crescia, em média, 4%. No dele, cresce 1%. É simplesmente uma vergonha”, complementou.

Roberto Jefferson

O último debate presidencial também marcou uma espécie de “jogo de empurra” entre Bolsonaro e Lula em relação a Roberto Jefferson (PTB), ex-deputado federal preso no último domingo (23) após insultar a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), e descumprir determinação judicial de manter distância do meio externo em troca de uma reclusão domiciliar.

O político recebeu agentes da Polícia Federal com tiros de fuzil e duas granadas, ataque que deixou dois feridos. Nesta semana, ele teve sua prisão em flagrante convertida para preventiva e foi indiciado por quatro tentativas de homicídio.

Jefferson foi o delator do escândalo do mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar revelado durante o governo Lula. Nos últimos anos, tornou-se aliado próximo de Bolsonaro, inclusive nos enfrentamentos ao Poder Judiciário e na defesa de pautas conservadoras. Desde os episódios recentes, no entanto, foi abandonado pelo presidente, receoso dos impactos de tal associação sobre sua campanha.

Mas Lula tentou recuperar essa proximidade entre os dois em um dos blocos do debate. “Sabe qual é o seu modelo de cidadão pacífico? O seu modelo de paz é o Jefferson, armado até os dentes, atirando na Polícia Federal. Aquele é o seu modelo de paz, de tranquilidade, de harmonia”, disse o petista.

“No meu governo, não vai ter. No meu governo, arma vai ter que ter autorização das Forças Armadas, e a gente vai fiscalizar, porque o crime organizado não pode, em nome da facilitação de armas, adquirir um arsenal mais competente do que a polícia”, completou.

Bolsonaro rebateu: “Não volte ao assunto do Jefferson. É seu parceiro de roubalheira, de compra de votos. Eu determinei, tão logo houve o episódio em [Comendador] Levy Gasparian (RJ), que ele fosse preso imediatamente e o tratamento dispensado fosse o de bandido. Afinal de contas, quem atira em policial é bandido”.

Corrupção

O presidente Bolsonaro acusou Lula de ser corrupto algumas vezes durante o debate e disse, inclusive, que ele deveria estar preso e não concorrendo às eleições. Bolsonaro chegou a dizer que só o Bonner, se referindo ao apresentador do Jornal Nacional William Bonner, que estava comandando o debate, considerava Lula absolvido.

“Você dizer que foi absolvido? Só se foi pelo Bonner. Será que ele vai repetir aqui que você foi absolvido”, afirmou Bolsonaro, referindo-se a quando Bonner entrevistou Lula na bancada do JN antes do primeiro turno, ocasião na qual o jornalista afirmou que Lula não deve nada à Justiça. “Eu acho que o Bonner vai ser indicado para um possível e hipotético e impossível governo teu para ser ministro do STF”, completou o presidente.

Bonner rebateu a fala do presidente. “Eu, de fato, disse na entrevista do JN que o candidato Lula não deve nada à Justiça. Mas, como jornalista, eu não digo coisas da minha cabeça, eu disse isso baseado em decisões fundamentadas do STF. Eu queria só fazer esse esclarecimento lembrando que, inclusive, algumas dessas decisões são bem recentes”, afirmou o apresentador.

Ao responder a acusação, Lula disse ser o único ali com “atestado de idoneidade”. “Grana para o bolso, o povo brasileiro sabe quem levou. o Jair Messias Bolsonaro e a sua família. A quantidade de imóveis que eles compraram, a quantidade de rachadinhas, não está na conta do Lula”, afirmou o petista.

Lula disse que foi julgado na Operação Lava Jato por um “juiz mentiroso”, referindo-se ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, para que ele não pudesse participar das eleições de 2018. “Fui julgado por um juiz mentiroso. Ganhei 26 processos na Justiça Federal. Ganhei dois na ONU e ganhei na Suprema Corte. Eu sou um cidadão idôneo”, afirmou.

Desarmamento

Os candidatos falaram sobre armas, uma bandeira importante do governo Bolsonaro, que nos últimos anos aprovou uma série de medidas que facilitam o porte legal desse tipo de instrumento pela população. O presidente afirmou que Lula foi ao Complexo do Alemão, no Rio, para encontrar “chefões do narcotráfico”.

“Lula, você esteve no complexo do Alemão esses dias. Não foi para ver o povo trabalhador, o povo ordeiro, 99% ou mais da população, cidadãos de bem. Você esteve lá se encontrando com os chefes do narcotráfico, os chefões”, disse Bolsonaro. “E essa campanha de desarmar o país? Você propôs aos chefes do tráfico entregar fuzis? Ou quis apenas fazer média com os chefes do tráfico para ganhar o voto do pessoal da comunidade?”, completou.

Em resposta, Lula disse que “visitou gente extraordinária” no Complexo do Alemão, e voltou a dizer que é “o único presidente da República que tem coragem e moral de entrar numa favela, antes e depois, e ser tratado como ser humano e tratar todo mundo com respeito”. O ex-presidente já havia falado isso no primeiro debate do segundo turno, realizado na sede da TV Bandeirantes, em São Paulo, em 16 de outubro.

Lula também disse ser a favor do desarmamento e que em seu governo, se eleito, vai distribuir livros e não armas. “Para ter arma no meu governo vai ter que ter autorização do Exército. Não vou facilitar o acesso a algo que só serve para matar”, disse o candidato do PT ao Planalto.

Saúde

Lula criticou a condução do enfrentamento à pandemia de Covid-19 pelo governo Bolsonaro e citou a demissão do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmando que ele “era o único que era a favor da vacinação”.

“O Brasil tem 3% da população mundial, entretanto, o Brasil tem 11% das vítimas de covid. Ou seja, três vezes mais do que a média. A pergunta que se faz é a seguinte: por que negligenciamento? Por que passar 45 dias negando a vacina? Por que negar a doença? Por que esconder o seu cartão de vacina?”, disse Lula.

Em resposta, Bolsonaro afirmou que seu governo comprou mais de 500 milhões de doses de vacina e negou ter recusado o imunizante. “Vacina: nós compramos mais de 500 milhões de doses de vacina. No dia que a Anvisa autorizou, no mesmo dia começou a aplicar a vacina no Brasil”, disse o presidente. “Se você tomou a vacina, Lula, agradeça a mim”, completou.

Lula também pediu a Bolsonaro que falasse sobre os feitos do governo dele na área da saúde. “Você lembra quantas ambulâncias você comprou? Você lembra quantos hospitais você fez? Lembra quantas UBSs você fez? Não lembra porque não fez. A única coisa que você fez foi negar a vacina no tempo certo e permitir que mais de 300 mil pessoas morressem sem necessidade nesse país, e um dia você pagará por isso”, disse.

Bolsonaro se esquivou da resposta com um novo ataque ao ex-presidente. “Saúde não se faz com estádio de futebol. Foi uma roubalheira sem tamanha que você patrocinou no passado. O teu governo, Lula, fechou 40 mil leitos de hospitais. Metade de pediatria. Então, se eu ficar discutindo números aqui, não vai dar para chegar a um bom termo comigo. Uma diferença enorme entre nós dois”, afirmou.

O petista também chegou a criticar Bolsonaro pela compra de Viagra para as Forças Armadas, enquanto “para a população falta até fraldas geriátricas para os idosos” porque o governo cortou orçamento para o programa Farmácia Popular. Em resposta, Bolsonaro disse que Viagra é utilizado para “vários tratamentos”.

Meio Ambiente

Um dos temas abordados pelos candidatos com mais acusações mútuas de disseminação de informações falsas foi o meio ambiente. O assunto foi escolhido por Lula em bloco do debate dedicado a discussões de pautas escolhidas pela produção da TV Globo. O petista perguntou sobre o aumento do desmatamento em biomas brasileiros registrado durante a gestão Bolsonaro.

“Você desmatou mais do dobro, nos seus quatro anos, do que nos quatro para o lado de cá. Quem tratou melhor a questão do clima?”, respondeu o atual presidente.

“Ainda bem que eu trouxe Marina Silva (Rede-SP) nesse debate e ela foi minha ministra − e possivelmente foi a ministra que mais ganhou respeitabilidade no mundo com relação à questão do clima. O candidato sabe que nós reduzimos o desmatamento da Amazônia durante uma década em quase 80%, enquanto a agricultura crescia em média 2%. Nós evitamos lançar na atmosfera 5 bilhões de toneladas de CO2”, retrucou Lula.

Em sua fala, o candidato petista também se comprometeu a acabar com as queimadas e com invasões em terras indígenas, sobretudo provocadas pela prática ilegal do garimpo.

“Não dá para comparar números do seu governo com o meu. Você promete tudo agora”, rebateu Bolsonaro.

Política externa

O tema política externa foi trazido por Lula logo no início do debate. O ex-presidente afirmou a Bolsonaro que o Brasil na atual gestão “ficou mais isolado que Cuba”. O país sofre um bloqueio econômico e diplomático encabeçado pelos Estados Unidos por conta de seu regime esquerdista adotado desde 1959.

“Os cubanos têm relação com quase toda a América do Sul. Você não tem relação com ninguém”, disse Lula a Bolsonaro. “Ninguém quer te receber, ninguém vem aqui. Graças a Deus nós deixamos uma história que as pessoas ainda têm confiança”, completou.

Em resposta, Bolsonaro citou sua proximidade com a Rússia, país que tem sido criticado por líderes do mundo inteiro desde quando atacou e matou civis na Ucrânia, em fevereiro de 2022, dando início a uma guerra que dura até hoje.

“Negociei fertilizantes com a Rússia. Imagine o país sem fertilizantes. Onde ia parar a nossa segurança alimentar e a segurança alimentar de mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo?”, disse o candidato à reeleição. Bolsonaro afirmou também que o Brasil está avançando no acordo comercial entre União Europeia e o Mercosul, e que o mundo árabe o “recebe de braços abertos”.

Aborto

Ao trazer o tema aborto para o debate, Lula resgatou uma entrevista que Bolsonaro deu há 30 anos. “O candidato se lembra desse discurso? Eu vou ver um trecho aqui: não adianta uma multidão de brasileiros subnutridos sem condições de servir ao seu país, conclui o então deputado que oferece que seja distribuída pílula de aborto para a sociedade brasileira em 1992, quando era deputado”, disse Lula.

Em resposta, o presidente disse que pode ter mudado de opinião sobre o tema e acusou Lula de ser abortista. “Trinta anos atrás, eu posso mudar, ora. Agora você há poucos dias falou claramente que aborto era uma questão de saúde pública”, disse Bolsonaro. “O Lula muda agora, diz que não é abortista porque tem eleição, assim como seu candidato ao governo do Rio que virou contrário à liberação das drogas”, completou.

Lula respondeu em seguida dizendo que é contra o aborto e que suas esposas na vida sempre foram contra. “Minha mulher é contra o aborto e eu respeito a vida porque eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Portanto, se você quiser jogar a culpa do aborto em alguém, jogue em você mesmo porque em mim não cola”, afirmou o petista.

Mulheres

O candidato do PT ao Planalto também trouxe ao debate o tema violência contra mulher. A estratégia é aumentar a rejeição a Bolsonaro entre esse eleitorado, que já é alta. As mulheres são a maioria dos eleitores brasileiros. “Por que você cortou toda a verba dos programas que protegem as mulheres da violência?”, indagou Lula a Bolsonaro, que disse que criou o Ministério da Mulher e que a violência contra mulheres diminuiu em seu governo.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo aponta que Bolsonaro cortou em 90% a verba destinada ao enfrentamento da violência contra a mulher durante o seu mandato. O dinheiro é usado nas unidades da Casa da Mulher Brasileira e nos centros de atendimentos às mulheres que prestam serviços de saúde e assistência às vítimas da violência doméstica, além de financiar programas e campanhas de combate a esse crime. Em 2020, o montante remetido à pauta foi de R$ 100,7 milhões. No ano passado, caiu para R$ 30,6 milhões. E neste ano, R$ 9,1 milhões.

Em julho, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que houve pouca variação no número de feminicídios no Brasil de 2020 para 2021, passando de 1.354 vítimas para 1.341, uma queda de 1,7%. Apesar disso, aumentaram as denúncias de lesão corporal dolosa e das chamadas de emergência para a Polícia Militar por conta de casos de violência doméstica. Houve também aumento no número de vítimas mulheres de ameaças e nos pedidos de medidas protetivas solicitadas e concedidas.

“No meu governo, diminuiu o feminicídio. Diminuiu. Eu atendi as mulheres. Até o Auxílio Brasil, 80% das pessoas que recebem o Auxílio Brasil são mulheres. Até no título da reforma agrária, também 80%. Na Casa [Verde e Amarela] também”, afirmou Bolsonaro, se esquivando de falar sobre o corte orçamentário para os programas de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.