Lula diz saber que está “lascado”, mas ressalta que ainda tem uma fonte de força

SÃO PAULO – Em um discurso bastante inflamado na noite da última segunda-feira em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que está “lascado”, uma vez que “todo dia” surge um novo processo contra ele, mas afirmou que tem força como cabo eleitoral. Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em primeira instância por Sérgio Moro, ele afirmou que não quer absolvição, mas que espera um pedido de desculpas do juiz Sérgio Moro. 

“Eu sei que eu tô lascado, todo dia tem um processo. Eu não quero nem que o Moro me absolva, eu só quero que ele peça desculpa. Eles estão mexendo com uma pessoa que tem como legado respeitar as pessoas, eu sempre respeitei os de baixo e os de cima. Agora, não tenho medo, e não posso aceitar as mentiras que a Polícia Federal contou a meu respeito, não posso aceitar as mentiras que o Ministério Público contou e não posso aceitar o juiz Moro ter aceito as mentiras e ter feito o julgamento que fez”, afirmou. 

Muito aplaudido pela plateia, Lula voltou a criticar a Operação Lava Jato, além de desafiar os seus acusadores a ver o que acontecerá no Brasil se o impedirem de ser candidato ao Palácio do Planalto em 2018.  “Eles agem todo santo dia para me tirar da disputa. Obviamente que eles podem. Juntam meia dúzia de juiz e votam. Não me deixam ser candidato e pronto. Se eles acham que, me tirando da disputa, está resolvido o problema deles, façam e vamos ver o que acontece no País. Se acham que não vou ter força para ser cabo eleitoral, testem.” 

O ex-presidente argumentou ainda que, se o objetivo da Lava Jato é não deixá-lo ser candidato, os investigadores não deveriam deixar “o povo sofrer” por causa disso. Apesar de condenado no caso do tríplex do Guarujá e réu em outras seis ações, o petista lidera as pesquisas de intenção de voto.

O ex-presidente também atacou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato ao Planalto que também aparece bem posicionado na disputa eleitoral. “Eles (do mercado financeiro) conversaram com o Bolsonaro, e o Bolsonaro agradou o mercado. Se o Bolsonaro agradou o mercado, nós do PT temos que desagradar o mercado. Eu não tenho cara de demônio, mas eu quero que eles me respeitem”, afirmou.