Lula diz que “não persegue nenhum governador ou prefeito” e promete nova visita ao RS

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de cerimônia de divulgação dos resultados do Novo PAC Seleções Cidades, nesta quarta-feira (8), no Palácio do Planalto, e voltou a falar sobre a tragédia no RS

Fábio Matos

Presidente Lula cumprimenta o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), em visita a regiões castigadas por inundações (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou uma cerimônia de divulgação dos resultados do Novo PAC Seleções Cidades, nesta quarta-feira (8), no Palácio do Planalto, para assegurar que o governo federal está investindo em obras de saneamento básico e na prevenção de eventos climáticos extremos como os que castigaram o estado do Rio Grande do Sul nos últimos dias.

Em discurso ao final do evento, Lula disse, ainda, que a União não discrimina prefeitos ou governadores que sejam de oposição. De acordo com o presidente da República, o próprio Programa de Aceleração do Crescimento (o novo PAC) é uma prova disso.

“Custa caro para nós sermos republicanos. Este país não tem o hábito do republicanismo. Conheço muitos governadores que nunca receberam um centavo durante os mandatos de presidentes. Bastava fazer oposição ou ser de um partido diferente que naquele município ou estado não havia nenhuma obra federal. Nós mudamos isso”, afirmou Lula.

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“É o preço de a gente fazer política e criar uma imagem civilizatória deste país. Não temos o direito de achar que só posso dar dinheiro para os amigos e nada para os adversários. O dinheiro não é para amigo ou adversário, mas para as necessidades vitais do povo brasileiro”, prosseguiu o petista.

“Este governo não vai perseguir nenhum governador, nenhum prefeito e muito menos eu quero saber de que partido ele é, qual é a região dele ou o time pelo qual ele torce. Eu quero saber que ele é prefeito, governador e foi eleito pelo povo, que tem o direito de receber os benefícios do Estado brasileiro”, completou Lula.

Tragédia no Rio Grande do Sul

Em seu pronunciamento, Lula voltou a falar sobre o desastre no Rio Grande do Sul, que já matou 100 pessoas, atingiu mais de 400 municípios e deixou 230 mil pessoas fora de suas casas até o momento. O presidente destacou a importância da prevenção e de investimentos que, muitas vezes, não são visíveis para a população.

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“Eu sempre disse que o Brasil sempre teve um tipo de governante que não gosta de investir em saneamento básico. Esse negócio de enterrar manilha para catar dejetos humanos não é correto. O negócio é fazer ponte e viaduto, para as pessoas verem”, criticou Lula.

“As pessoas não levam em conta que, quando a gente faz investimento em uma encosta, estamos garantindo que as pessoas não vão mais correr por conta de um deslizamento de terra. Quando a gente financia o tratamento de esgoto, estamos fazendo investimento na saúde, na qualidade de vida das pessoas. Isso não aparece em uma placa, mas aparece na longevidade das pessoas, que viverão mais decentemente.”

Segundo o presidente, o atual governo “dedicou boa parte” dos esforços durante os seus primeiros 15 meses a “ajudar a enfrentar os problemas no Rio Grande do Sul”. “Começamos em fevereiro [de 2023], com o combate à seca que prejudicou muitos produtores rurais. Depois, em setembro, teve a enchente do Vale do Taquari, a maior até então. Mais de 18 ou 19 ministros do governo estiveram lá. Grande parte dos recursos que foram obtidos vieram do governo federal, até porque compreendemos a difícil situação financeira que vive o estado”, disse.

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Para Lula, “ainda não é possível ter a dimensão dessa enchente”. “Só teremos dimensão do que foi esse desastre climático quando a água voltar à normalidade. E, quando voltar à normalidade, eu quero visitar todos os municípios atingidos para ver o que aconteceu, de fato”, prometeu o presidente. Lula já esteve duas vezes no Rio Grande do Sul desde a eclosão da tragédia. “Nós estamos compromissados para que o Rio Grande do Sul receba, por parte do governo federal, tudo aquilo a que tem direito”, reiterou Lula.

Em relação aos efeitos das mudanças climáticas, o petista afirmou que o planeta Terra “está cobrando” a humanidade por não preservar adequadamente o meio ambiente. “Têm acontecido coisas estranhas em vários lugares do país e do mundo. Temos de mudar isso”, concluiu.

Novo PAC Seleções Cidades

A nova rodada do PAC Seleções Cidades, anunciada nesta quarta, prevê investimentos de R$ 18 bilhões. A seleção envolve dois eixos e cinco modalidades.

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No eixo Água para Todos, está inserida a modalidade Abastecimento de Água Rural. O eixo Cidades Sustentáveis e Resilientes, por sua vez, abrange contenção de encostas, renovação de frota, urbanização de favelas e regularização fundiária.

Na nova etapa do PAC Seleções, o foco serão as áreas urbanas e regiões metropolitanas. Há projetos de renovação de frotas de ônibus elétricos; regularização fundiária urbana; obras de encostas; do Periferia Viva (obras em favelas integradas ao espaço local); e abastecimento de água em áreas rurais. Todos os estados do país e mais o Distrito Federal foram contemplados.

Além de Lula, participaram da cerimônia no Planalto a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB); o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB); e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Jader Filho (Cidades) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”