Lula diz que irá a “um ou dois debates” no 2º turno: “Quero ir para a rua”

Ex-presidente se reúne com governadores e agradece a Simone, FHC e PDT por apoio contra Jair Bolsonaro

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (Andressa Anholete/Getty Images)

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Em um dos principais atos de apoio organizados pela campanha até agora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, no fim da tarde desta quarta-feira (5), com vários governadores, senadores e lideranças políticas de diversas regiões do país. A maioria era de estados do Norte e do Nordeste – onde o petista teve sua maior votação no primeiro turno.

Durante seu pronunciamento, o petista afirmou que pretende comparecer a poucos debates no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL), pois vai priorizar as agendas de rua e o contato direto com o eleitor para conquistar votos.

“Eu gosto de comício, de passeata, de carreata. Eu acho que na campanha a gente tem que olhar no olho das pessoas. A gente tem que sentir o bater do coração das pessoas”, disse Lula. “Sei que vai ter debate, mas eu não vou fazer mais debate que o necessário. Posso fazer um ou dois debates, mas eu quero ir para a rua conversar com esse povo”, completou.

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Elogio a Simone, visita a FHC e “alfinetada” em Ciro

No dia em que recebeu os apoios do PDT – partido de Ciro Gomes –, de Simone Tebet (MDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula agradeceu pelo endosso à sua candidatura, mas aproveitou para alfinetar seu ex-ministro.

Para Simone Tebet, que apresentou propostas a serem incorporadas pelo plano de governo de Lula, o ex-presidente foi só elogios. “A companheira Simone acaba de lançar o manifesto dela, que é muito bom. Acho muito importante que seja assim. É um apoio formal, é um apoio programático”, afirmou.

Também apoiado por FHC, Lula manifestou o desejo de fazer uma visita ao ex-adversário – que o derrotou em duas eleições para a Presidência, em 1994 e 1998. “Além do apoio do Lupi e da Simone, eu vi algumas fotografias publicadas pelo Fernando Henrique Cardoso [nas redes sociais]. Fiquei emocionado”, disse Lula.

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“Hoje eu falei com o filho dele e disse que eu e o Alckmin gostaríamos de fazer uma visita ao FHC. A gente só quer fazer uma visita humanitária de velhos companheiros, já que a vida é dura e ela passa, e muitas vezes a gente não percebe”, afirmou.

Ao comentar o apoio do PDT, o petista lembrou que, no segundo turno da eleição de 1989, ele teve de pedir apoio a Leonel Brizola – figura histórica do atual partido de Ciro. Segundo Lula, naquela eleição Brizola chegou a sugerir que ambos renunciassem às suas candidatura e apoiassem Mário Covas (PSDB).

Neste momento, Lula citou Ciro, afirmando que o pedetista queria que Fernando Haddad (PT) não fosse candidato em 2018, para apoiá-lo. “Quem quer ir para o segundo turno tem que passar pelo primeiro. Não tem como cortar caminho. As pessoas precisam disputar as eleições”, afirmou, completando que ficou “muito feliz com o apoio do PDT” no segundo turno.

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Em outro momento do discurso, Lula rebateu críticas de Ciro ao modelo do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) adotado nos governos do PT. “Esses dias o Ciro fez umas críticas por causa do Fies… O Fies vai voltar e nós ainda vamos financiar”, disse o petista.

Governadores e senadores

Participaram do encontro com Lula os governadores Helder Barbalho (MDB-PA), Rui Costa (PT-BA), Carlos Brandão (PSB-MA), Clécio Luís (Solidariedade-AP), Paulo Câmara (PSB-PE), Paulo Dantas (MDB-AL), João Azevedo (PSB-PB) e Regina Sousa (PT-PI). A governadora do Ceará, Izolda Cela, foi convidada, mas não compareceu.

Também estiveram presentes os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Paulo Paim (PT-RS), Paulo Rocha (PT-PA), Jader Barbalho (MDB-PA), Kátia Abreu (PP-TO), Jean Paul Prates (PT-RN), o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT), entre diversas outros.

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“Essa diferença [de votos pró-Lula no Nordeste] tem um caráter estratégico decisivo para essa eleição”, avaliou o senador eleito Flávio Dino (PSB), do Maranhão. “O Maranhão, sozinho, compensou a diferença no estado de São Paulo. Significa dizer que ampliar no Norte e Nordeste é um dos vetores da nossa vitória.”

O senador Renan Calheiros, antigo aliado de Lula, defendeu que a campanha do segundo turno tenha uma amplitude ainda maior, em busca dos votos do centro. “Nós devemos ampliar o espectro da candidatura para ter uma grande vitória na eleição”, afirmou, citando o apoio do ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles.

“Estamos preparados tecnicamente e fisicamente para suarmos a camisa e ajudar Lula a ganhar a eleição”, completou Calheiros.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.