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SÃO PAULO – Mesmo condenado em primeira instância e com sérias chances de não conseguir ser candidato em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o candidato com maior intenção de votos nas últimas pesquisas eleitorais. No último Datafolha, divulgado no final de novembro, o petista obteve 34% e 37% dos votos em distintos cenários, mostrando que a sua candidatura ou não em 2018 será determinante para definir como será a disputa no ano que vem. A expectativa é de que a sua candidatura divida o País entre os pró-Lula e os anti-Lula, ainda mais em meio ao discurso raivoso e antirreformas do ex-presidente.
Porém, análise feita pelo diretor-geral Mauro Paulino e pelo diretor de pesquisas Alessandro Janoni do Datafolha e publicada no último domingo pelo jornal Folha de S. Paulo mostrou que o Brasil está dividido em três grandes grupos, e não em dois como pode se pensar. Para o estudo, foi feita uma análise combinatória de quatro variáveis –intenções de voto no primeiro e segundo turnos, rejeição ao petista e a força de Lula como cabo eleitoral – indicando esse cenário.
Confira quais são eles abaixo:
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- 1. Eleitor pró-Lula: é composto por 38% do eleitorado formado por entusiastas do ex-presidente, que votam nele em alguma situação, tanto no primeiro quanto no segundo turno, não o rejeitam em hipótese alguma e se dizem dispostos a eleger um candidato apoiado por ele. Há maior participação de mulheres, negros acima da média, moradores do Nordeste, com renda e escolaridade mais baixas.
- Sendo fiel a ele, quase todos dizem que apoiaram alguém apoiado pelo ex-presidente caso Lula não esteja na disputa. Contudo, quando ele não está, a maior parte migra para brancos e nulos –a taxa correspondente nesse segmento cresce mais de 30 pontos percentuais. Esse eleitor não identifica os substitutos dele – e a maioria não conhece Fernando Haddad, considerado plano B. Além disso, eles reprovam o presidente Michel Temer mais do que a média e mostram maior pessimismo com a economia, citando o desemprego como principal problema do país.
- 2. Eleitor anti-Lula: o segundo grupo soma 31% do eleitorado e está presente com mais frequência nas regiões Sul e Sudeste, sendo a maioria do sexo masculino, de pele branca, idade e renda familiar mensal acima da média da população.
- Todos os integrantes desse estrato rejeitam completamente o petista e qualquer candidato apoiado por ele. Entre os integrantes dessa fatia do eleitorado, Jair Bolsonaro (PSC) tem forte desempenho, chegando a dobrar suas intenções de voto de cerca de 20%, enquanto o governo de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) também têm bom desempenho no estrato. Em uma hipótese de confronto de segundo turno entre Marina e Bolsonaro, Bolsonaro aparece melhor (tendência inversa à observada no total da população). São os que menos reprovam Temer, identificam mais melhoras econômicas nos últimos meses e apontam a corrupção como principal problema.
- 3. Eleitores-pêndulos: o Datafolha aponta que esse terceiro grupo, formado por 31% da população, não se posiciona nos extremos quando o assunto é Lula e as escolhas no primeiro turno para esse segmento se pulverizam entre Bolsonaro, Marina, Ciro Gomes (PDT), votos brancos e nulos.
- Lula tem desempenho abaixo da média no primeiro turno – no entanto, sua taxa de rejeição também não é tão expressiva, garantindo vitória dependendo da simulação de segundo turno. Entre Lula e Alckmin, o petista venceria o tucano por 51% a 25% e entre Lula e Bolsonaro, seria 46% a 30%. No último cenário entre Marina e Bolsonaro, o deputado teria 28% ante 46% da ex-senadora. As posições e opiniões dessa fatia do eleitorado são muito próximas à média: alta reprovação do governo federal, pessimismo e menções à saúde como principal problema do país. A concentração desse grupo é bastante alta entre moradores das capitais da região Norte e mulheres de baixa escolaridade do Sul e Sudeste. Independentemente do resultado do julgamento de Lula, a migração de votos não deve caminhar numa única direção – “prós” e “antis”, devem ganhar adeptos, antecipando a polarização da disputa em torno da figura do ex-presidente.