Lula chama de “arbitrária” revogação de vistos de ministros do STF pelos EUA

Em nota divulgada pelo Planalto, Lula manifestou solidariedade aos ministros atingidos pela revogação de vistos, anunciada pelo secretário de Estado dos EUA

Reuters

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília
09/07/2025 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília 09/07/2025 REUTERS/Adriano Machado

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou neste sábado (19) a revogação de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal pelo governo dos Estados Unidost de “mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento”.

Em nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula manifestou solidariedade aos ministros atingidos pela revogação de vistos, anunciada na sexta-feira (18) pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

“A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, escreveu.

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“Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos Poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito”, acrescentou.

Na noite de sexta, Rubio anunciou que Washington estava restringindo os vistos para autoridades do Judiciário brasileiro e seus familiares imediatos, citando objeções aos processos legais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Rubio ordenou a revogação de vistos para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e para os que chamou de seus aliados no tribunal, bem como para seus familiares imediatos, sem especificar demais nomes.

Em publicação no X, também na sexta, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que os demais ministros atingidos foram Luís Roberto Barroso, atual presidente da corte; Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes.

A ministra classificou a medida anunciada por Rubio como “uma afronta ao Poder Judiciário brasileiro e à soberania nacional” e disse se tratar de uma “retaliação agressiva e mesquinha” à decisão do STF de impor medidas cautelares a Bolsonaro por sua atuação, ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, junto a autoridades norte-americanas para impor sanções ao Brasil.

Também em mensagem na rede, o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi alvo da restrição de visto dos EUA e afirmou que o Judiciário brasileiro não será intimidado pela medida.

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“Asseguro que nenhum expediente inidôneo ou ato conspiratório sórdido haverá de intimidar o Poder Judiciário de nosso país em seu agir independente e digno”, escreveu Messias.

A Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

O presidente dos EUA, Donald Trump, criticou os processos contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”, um termo que ele usou para descrever os processos aos quais ele mesmo respondeu, e pediu que as acusações fossem retiradas.

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Em uma carta na semana passada, ele anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, abrindo a mensagem com críticas ao julgamento.

Bolsonaro está sendo julgado pela Primeira Turma do STF sob a acusação de planejar um golpe de Estado após perder a eleição presidencial de 2022 para Lula.

O ex-presidente negou que tenha liderado uma tentativa de derrubar o governo, mas reconheceu ter participado de reuniões com o objetivo de reverter o resultado da eleição.

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Eduardo Bolsonaro, que licenciou-se do mandato parlamentar e se mudou para os Estados Unidos onde tem feito campanha nos últimos meses pela aplicação de sanções norte-americanas a autoridades brasileiras, disse em publicação no X na madrugada deste sábado que “ainda há muito por vir”, após a restrição de vistos a ministros do STF.