Lula ataca “lado podre” da Justiça, agradece apoiadores e critica Bolsonaro, em seu primeiro discurso solto

Ao deixar a carceragem da PF após 580 dias preso, Lula fez breve discurso aos apoiadores e prometeu percorrer o país

Marcos Mortari

(JASON SILVA/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)

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SÃO PAULO – Em seu primeiro pronunciamento depois de deixar a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agradeceu os militantes que acamparam na capital paranaense nos 580 dias da prisão, atacou o que chamou de “lado podre, mentiroso e canalha” da Justiça e teceu críticas ao governo Jair Bolsonaro (PSL).

O líder petista deixou a prisão menos de 24h após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar o entendimento que permitia o início do cumprimento de pena a réus condenados em segunda instância. Ontem, os ministros da corte decidiram retomar a regra de que o cumprimento da pena somente poderá ocorrer após o trânsito em julgado — o chamado trânsito em julgado.

Lula ficou 19 meses preso na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba (PR), condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), em decisão que passou por duas instâncias e foi referendada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Por ainda caberem recursos, ele foi beneficiado pelo novo entendimento formado no STF.

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O ex-presidente deixou a sede da PF às 17h42 — cerca de uma hora após a expedição do alvará de soltura juiz Danilo Pereira Jr., da 12ª Vara Criminal Federal de Curitiba. Em um palanque improvisado, ele discursou a apoiadores em frente ao local. Boa parte da fala foi dedicada aos militantes que acamparam e manifestaram apoio durante o cumprimento da pena.

“580 dias gritaram aqui: ‘Bom dia, Lula’. ‘Boa tarde, Lula’. ‘Boa noite, Lula’. Não importa se estivesse chovendo, que estivesse 40 graus, que estivesse zero grau. Todo santo dia, vocês eram o alimento da democracia”, disse.

Depois, Lula passou a criticar aqueles que ele considera responsáveis por sua prisão — a quem também acusa de tentar criminalizar movimentos de esquerda.

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“De um lado, o lado podre do Estado brasileiro, o lado podre da Justiça, o lado pode do Ministério Público, o lado podre da Receita Federal, o lado podre da Polícia Federal, que trabalharam para tentar criminalizar a esquerda, criminalizar o PT, criminalizar o Lula”, afirmou.

Lula, porém, disse sair da prisão “sem ódio”, sem “mágoa dos policiais federais, dos carcereiros, de ninguém” e voltou a desafiar a força-tarefa da Lava-Jato.

“Se pegar o (Deltan) Dallagnol (chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba), o (Sérgio) Moro (ex-juiz da Lava Jato) e alguns delegados, enfia e bate num liquidificador. O que sobrar não é dez por cento da honestidade que eu represento. Eles têm que saber que caráter e dignidade não é uma coisa que a gente compra em shopping center, no bar”, disse.

O ex-presidente criticou o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “mentiroso”. “Esse país pode ser muito melhor na hora que ele tiver um governo que não minta tanto pelo Twitter como Bolsonaro mente”.

Ele também disse haver uma piora nos indicadores sociais do país. As políticas do ministro Abraham Weintraub também sofreram críticas diretas do ex-presidente.

Lula também disse que vai retornar para São Paulo e participará de reuniões no Sindicato dos Metalúrgicos durante o fim de semana. Passada esta etapa, ele disse que percorrerá os estados em uma caravana. “As portas do Brasil estarão abertas para eu percorrer esse país”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.