Lula “assume” terceiro mandato para salvar Dilma – mas pode ser tarde demais

Ex-presidente - e agora ministro da Casa Civil - deve assumir articulação política e será o grande destaque do governo da enfraquecida Dilma; mas, para analistas, ainda há mais chances da presidente cair no que continuar até 2018

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Por mais que haja indicações de que Dilma Rousseff possa ganhar tempo com a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil na manhã de hoje, muitas avaliações sobre o anúncio foram claras: Lula iniciou o seu terceiro mandato e assumiu as rédeas do governo.

Com exigências para assumir o cargo – mesmo estando em uma situação complicada por ser alvo de investigação na Lava Jato – e podendo até mesmo fazer com que Dilma nomeie outros ministros da sua preferência, além de propor medidas econômicas, os analistas políticos e os investidores passarão agora a olhar muito mais para o agora ministro do que para a presidente. 

 “Acabou o mandato político de Dilma; Lula está lá [no governo agora] para manter o mandato constitucional”, afirma o analista político da Barral M. Jorge, Gabriel Petrus. Apesar de discordar da tese de que Dilma virou a “rainha da Inglaterra”, Petrus destaca a falta de capital político da presidente e a busca por socorro através da figura de Lula para que ele tente barrar o impeachment através da busca de um acordo entre ele e o principal partido da base aliada, o PMDB. 

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Em entrevista ao Wall Street Journal, Paulo Sotero, diretor do diretor do Instituto Brasil do Wilson Center, afirmou que “a escolha significa a transferência do poder real para Lula, enquanto há um abandono voluntário do poder de Dilma Rousseff”. 

E, segundo relatório da Arko Advice, a nomeação do ex-presidente Lula para o Ministério da Casa Civil é um movimento arriscado que dá a exata dimensão do desespero e da enrascada em que o governo se encontra. “Ao nomeá-lo, a presidente Dilma Rousseff está praticamente abdicando de governar”, afirmam os analistas político da consultoria.

“Lula tentará retomar o diálogo com a base aliada e defenderá mudanças na política econômica. Cabe à Casa Civil a coordenação de todos os programas estratégicos e as nomeações de primeiro e segundo escalões. O primeiro grande desafio de Lula, que também será responsável pela articulação política, é evitar que o PMDB desembarque do governo. Na convenção da legenda, ficou definido que a decisão final sobre o assunto será tomada em 30 dias”, afirmou a Arko.

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Fôlego? Não por muito tempo…
Agora o Planalto ganha novo fôlego para lidar com a crise política, destaca a Arko. Porém, afirma, a sua duração é altamente incerta, já que Lula, com prestígio afetado entre a população, os empresários e os políticos, pode ser tragado por fatos novos apurados pela Operação Lava-Jato, ressalta a consultoria. Com isso, segue em 60% as chances do Congresso aprovar o impeachment. 

“As acusações feitas pelo senador Delcídio do Amaral em delação premiada são graves e abrirão novas frentes de investigação. Outras delações estão a caminho, como a do expresidente do PP Pedro Corrêa e as de diretores da Andrade Gutierrez e da Odebrecht. Além de novas manifestações programadas para as próximas semanas, principalmente quando o processo de impeachment começar a avançar na Câmara.”

Um sinal de que o governo ainda tem poder de cooptação é o fato de Mauro Lopes, do PMDB, ter aceitado a nomeação para a Secretaria da Aviação Civil mesmo após a convenção do partido de proibir seus quadros de assumir cargos no governo. “Mas, de acordo com informações da Arko Advice junto às lideranças do partido, a expressiva maioria (90%) hoje defende a saída do governo”.  

Para a Eurasia Group, o grande temor dos mercados, de uma política econômica heterodoxa através de expansionismo fiscal, não deve se concretizar. Ao contrário, “Lula deve tentar orquestrar uma grande barganha com o PMDB que distancie o governo de uma política
macroeconômica populista”, afirma a consultoria. 

Contudo, os analistas da Eurasia também ressaltam que os esforços de Lula vão falhar e as investigações da Lava Jato e os protestos resultantes vão acabar por levar à derrubada de Dilma. A chance de Dilma cair, para a consultoria, é de 65%. 

Assim, as indicações das consultorias são: mesmo com Lula tomando as rédeas do governo e com todo o seu capital político, é improvável que ele consiga salvar a presidente Dilma. O desafio é homérico. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.