Lava Jato pretende fazer acordo de leniência com só mais uma empreiteira, diz procurador

Deltan Dallagnol falou sobre acordo de leniência após palestra sobre o combate à corrupção

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, participou de evento do IBRI e da Abrasca na última quarta-feira (29), onde proferiu palestra sobre os efeitos da corrupção no ambiente de negócios. 

Após o evento, Dallagnol afirmou que a força-tarefa pretende fazer acordo de leniência com apenas mais uma empreiteira. Ele não disse o nome da companhia que deve fazer o acordo, mas fez referências à Odebrecht em sua fala; o ex-presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, está preso desde junho do ano passado.

“Se o Marcelo Odebrecht (…) quisesse fazer um acordo e dissesse que vai entregar um monte de gente, é a gente (primeira instância) que vai concordar ou não com a redução de pena”, afirmou. Por outro lado, ele não descartou firmar novos acordos de colaboração com pessoas envolvidas na Lava Jato.

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Durante a palestra, o procurador afirmou que o crime de corrupção não é exclusividade de um determinado partido ou governo e atribuiu à impunidade como um dos principais fatores de estímulo a este tipo de prática. “O Brasil é o paraíso da impunidade para corruptos e corruptores”, destacou. Dallagnol afirmou que são necessárias reformas mais profundas que reduzam os estímulos para corrupção, citando a importância de aprovar a proposta que reúne as dez medidas contra a corrupção elaboradas pelo Ministério Público Federal (MPF) e que foram enviadas ao Congresso Nacional com o apoio de 2,2 milhões de assinaturas.

Em outro evento, mais cedo, o procurador disse ter convicção de que o Projeto de Lei será aprovado. “Muitos parlamentares se movimentaram para que esse projeto tramite de modo célere e seja aprovado. Foi criada uma frente parlamentar, para aprovação das medidas, com mais de 200 parlamentares. Nossa convicção é de que esse projeto vai caminhar e, com a apoio da sociedade, vai ser aprovado”, disse Dallagnol.

Entre as medidas propostas está o aumento de penas para crimes relacionados com a corrupção e a criminalização das doações não declaradas em campanhas eleitorais. Para Dallagnol, a proposta é importante para combater a corrupção de forma estrutural. “Mais importante que nós avançarmos apenas em relação a fatos é avançarmos como país para condições que desfavoreçam a corrupção. Nesse sentido vêm as dez medidas contra a corrupção e a necessidade de uma reforma política”, acrescentou.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.