No apartamento do ex-ministro estava seu filho de 16 anos e uma empregada. Os policiais foram ao Hospital Albert Einstein, após contato telefônico com ele. Mantega telefonou e disse que iria descer até a frente do hospital. Segundo o delegado da PF, o ex-ministro não estava no centro cirúrgico e a PF não entrou no hospital para prendê-lo.
Segundo o delegado, o ex-ministro Guido Mantega recebeu a equipe da PF com muita tranquilidade e colaborou totalmente e está na superintendência, em São Paulo, aguardando a hora para se dirigir a Curitiba. A PF estima que ele chegará ao Paraná entre 17h e 18h.
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirma que a situação do hospital foi uma “coincidência triste”. Porém, afirmou, não se pode deixar de cumprir uma ordem judicial. “Foi uma coincidência infeliz apenas”.
Os presos temporariamente na Operação são: Luis Eduardo Neto, Rubem Maciel da Costa Val, Danilo Sousa Baptista, Luis Eduardo Guimarães Carneiro, Luis Claudio Machado Ribeiro, Francisco Corrales Kindelan e Guido Mantega.
Carlos Fernando destacou que o motivo para os pedidos de prisão é que o grupo estaria reincidindo em ações criminosas. Ele ainda acrescentou que a “circunstância” ligada ao ex-ministro se liga ao “quadro geral” de corrupção instalada pelo então governo federal.
Santos Lima disse que o objetivo da prisão de Mantega é para que a força-tarefa possa analisar documentos, tomar depoimento e formar decisão sobre a necessidade de pedir prisão preventiva. De acordo com ele, poderia haver um problema para a colheita e a análise das provas. Porém, ele destacou que não houve um elemento concreto sobre o assunto, por isso a prisão temporária.
O procurador destacou ainda que Eike é investigado, por que sabia pelo menos dos pagamentos de propinas relacionadas à segunda vertente, que são ligadas a pagamentos a José Dirceu. Porém, com os depoimentos e as provas apresentadas, não viu necessidade de pedir a prisão do empresário. Contudo, destacou que a equipe da Lava jato ainda está na sede da OSX colhendo materiais e nada impede que outras medidas sejam tomadas contra Eike.
Ele disse que, neste momento, está sendo rastreado o caminho do dinheiro. Em relação ao PMDB, não há suspeita de envolvimento de agentes políticos; já em relação ao PT, além de Dirceu, os indícios apontam para André Vargas.
A Arquivo X
De acordo com nota do Ministério Público Federal no Paraná, em julho de 2012, o Consórcio Integra Offshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, firmou contrato com a Petrobras no valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70. Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).
Para operacionalizar o repasse, Eike Batista firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.
As consorciadas, que não tinham tradição no mercado específico de construção e integração de plataformas, viabilizaram a contratação mediante o repasse de valores a pessoas ligadas a agentes públicos e políticos.
As investigações revelaram que há indícios de que cerca de R$ 7 milhões foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para um operador financeiro já condenado no âmbito da Operação Lava Jato. Ele teria ligações com um partido político e com a Diretoria Internacional da Petrobras. Os repasses foram viabilizados por empresa de fachada que, de acordo com a Procuradoria do Paraná, não tinha uma estrutura minimamente compatível com os valores recebidos.
As investigações também identificaram repasse de mais de R$ 6 milhões pelo Consórcio Integra Ofsshore com base em contrato ideologicamente falso firmado em 2013 com a Tecna/Isolux. As provas testemunhal e documental, que instruíram a representação do Ministério Público Federal (MPF), revelam que o valor foi transferido no interesse do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e de pessoas a ele relacionadas.
Constatou-se ainda que, no período dos fatos, empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de R$ 10 milhões à Credencial Construtora, já utilizada por Dirceu para o recebimento de vantagens indevidas.
Entre março de 2013 e junho de 2014 foram identificados repasses de mais de R$ 6 milhões da Mendes Júnior a empresas ligadas a um executivo do grupo Tecna/Isolux.
(Com Agência Brasil)