Josué Gomes avisa que não será vice de Alckmin, diz G1

Segundo a jornalista Andréia Sadi, recuo do presidente da Coteminas não afeta aliança entre tucano e "Centrão"

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O empresário Josué Gomes (PR) teve uma nova conversa com o pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSDB) no fim da tarde da última segunda-feira (23). Segundo a jornalista Andréia Sadi, do G1, o presidente do grupo Coteminas teria avisado que não será vice na chapa do tucano.

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A decisão contraria acordo firmado entre lideranças do chamado “Centrão” (DEM, PP, PR, PRB e SD) com o ex-governador paulista, que também sinalizava uma indicação do empresário para compor a chapa presidencial. Segundo a jornalista, porém, Josué Gomes, filho do ex-vice presidente José Alencar (governo Lula), se comprometeu a fazer campanha a Alckmin. Mesmo com a decisão, o apoio do PR à candidatura tucana segue garantido.

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Agora, a discussão sobre o candidato a vice voltaria ao DEM. Interlocutores do “Centrão”, porém, tentam convencer o empresário a mudar de ideia. Nesta terça-feira, Josué Gomes tem uma conversa com petistas sobre uma possível composição na chapa de Fernando Pimentel à reeleição ao governo de Minas Gerais.

Quem é Josué Gomes?

Figura respeitada no meio empresarial, Josué Christiano Gomes da Silva é filho do ex-vice-presidente José Alencar (governo Lula), morto em 2011. Seu pai, décimo primeiro descendente de uma família com 15 filhos, fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas, hoje grupo líder no segmento de cama, mesa e banho das Américas. Na política, foi o nome que trouxe equilíbrio para a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trabalhando como importante canal de interlocução com o setor empresarial.

Josué Gomes, 54 anos, hoje executivo titular da Coteminas, assumiu a Superintendência Geral da companhia em 1996, cargo ocupado por seu pai desde o início, em 1967. Parte do crescimento da empresa se deu sob a gestão do herdeiro. Hoje, o grupo conta com 15 fábricas no Brasil, cinco nos Estados Unidos, uma na Argentina e uma no México, com um total de mais de 15 mil colaboradores. A Coteminas tem como controladas as indústrias Springs Global e Santanese.

Mas a participação de Josué no meio empresarial não se resume à carreira na Coteminas. O executivo já exerceu cargos de comando em mais de uma dezena de empresas brasileiras. É o que mostra levantamento na plataforma Cruza.Dados:

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Fonte: cruza.dados.org

Na política, Josué é nome frequentemente citado. Para as atuais eleições, passou a ser tratado como figura ideal por diversos candidatos, à esquerda e à direita, para ocupar posto que seu pai ocupou no governo Lula, sobretudo depois de sua migração do MDB (pelo qual disputou ao Senado em 2014 e obteve 3.614.720 votos, 40,18% dos válidos) para o PR, em 6 de abril.

A proximidade com o líder petista estimulou discussões sobre uma possível reedição da chapa composta por seu pai no passado. O empresário também chegou a receber convite de Ciro Gomes. Até mesmo um voo mais alto, para a presidência da República, é vez ou outra especulado entre conterrâneos e correligionários.

Pesquisa DataPoder360 realizada entre 20 e 22 de junho mostrou que 28% dos mineiros dizem que votariam “com certeza” ou “poderiam votar” em Josué Alencar caso ele dispute a sucessão do presidente Michel Temer. O levantamento também indicou que 18% dos eleitores simpatizantes de Lula em Minas Gerais acham que o petista, caso não seja candidato à presidência, deveria apoiar o empresário. A pesquisa contou com 4.000 entrevistas por telefone em 161 cidades do estado e tem margem de erro máxima de 2 pontos percentuais.

A pesquisa é mais um indicador da força do empresário em seu estado, o que poderia ajudar o candidato escolhido para a aliança com o “centrão”. Em 2014, Josué foi o segundo candidato mais votado para o Senado. Como na ocasião a disputa se deu por apenas uma vaga na casa legislativa, foi eleito o tucano Antonio Anastasia, com 56,73% dos votos válidos.

Durante a campanha, Josué mostrou ampla capacidade de autofinanciamento e bom relacionamento com o meio empresarial. Além de investir R$ 5 milhões de seu patrimônio na própria campanha, o empresário mineiro recebeu doações legais de nomes como Benjamin Steinbruch (R$ 100 mil), presidente da CSN; a família Gerdau Johannpeter (R$ 240 mil) e o falecido Jacks Rabinovich (R$ 100 mil), do grupo Vicunha.

Do lado dos CNPJs, uma doação de R$ 1 milhão da JBS foi repassada pela campanha da então candidata à reeleição Dilma Rousseff à campanha de Josué Gomes. Naquela época, as doações de pessoas jurídicas eram permitidas pela legislação eleitoral. Hoje, apenas doações de pessoas físicas são permitidas.

O bom relacionamento de Josué no meio empresarial e sua própria fortuna (há quatro anos, o empresário tinha R$ 96.067.848,89 em bens declarados) poderiam ajudar Alckmin na corrida presidencial se a chapa se confirmasse.

A importância do vice

A posição de vice em uma chapa presidencial para esta eleição tem peso maior do que se poderia imaginar em princípio, seja para formalizar antes da disputa a participação do “centrão” em um possível futuro governo, seja pela valorização que o cargo ganhou após o segundo impeachment presidencial desde a redemocratização, com a queda de Dilma Rousseff em 2016.

“Dois presidentes sofreram impeachment, então o vice passa a ser peça importante, porque há segmentos que vão olhar para essa perspectiva de poder. O bloco decidiu unido e vai acabar indicando vice já pensando no futuro governo”, observa Carlos Eduardo Borenstein, analista político da consultoria Arko Advice.

Em uma disputa tão apertada e com tantas candidaturas, o “centrão” passou a ser ator relevante no processo de definição do futuro presidente do País. Na última quinta-feira, lideranças do grupo firmaram aliança com a candidatura de Alckmin à presidência, o que deverá ser formalizado nesta semana.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.