Joias e armas recebidas como presentes por Bolsonaro são entregues a órgãos públicos

Caso é investigado pela Polícia Federal e pode levar o ex-chefe do Executivo a responder por lavagem de dinheiro, peculato e descaminho

Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (Photo by Wagner Meier/Getty Images)

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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro informou, nesta sexta-feira (24), que as joias recebidas por ele da Arábia Saudita foram entregues ao poder público, enquanto a Polícia Federal confirmou o recebimento de armas também destinadas ao ex-presidente como presente dos Emirados Árabes Unidos.

Na quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) havia conferido o prazo de 5 dias úteis para a entrega das joias à Caixa Econômica Federal e das armas à Polícia Federal.

Em resposta à Reuters, a Caixa Econômica confirmou o recebimento das joias.

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Em nota à imprensa, a Polícia federal informou que as armas –um fuzil da marca Caracal, modelo CAR 816, calibre 5,56 e uma pistola da mesma marca, modelo 1911, calibre 9x19mm– serão periciados e mantidos pela PF à disposição do TCU.

O tribunal havia definido ainda que outro conjunto de joias –avaliado em 16,5 milhões de reais– retido pela Receita Federal por tentativa de entrada ilegal no país também seja entregue à Caixa Econômica Federal.

A Receita Federal apreendeu no aeroporto de Guarulhos, em outubro de 2021, um conjunto de joias avaliado em 16,5 milhões de reais trazido da Arábia Saudita por um assessor do Ministério de Minas e Energia do governo Bolsonaro, que, segundo o portador, teria como destinatária a então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

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Um outro estojo de joias estava em poder do ex-presidente, que avisou sua intenção de entregar o pacote ao TCU após a revelação de que tinha recebido o presente sem a declaração formal de entrada no país.

O TCU já havia determinado a entrega dos presentes recebidos ao poder público, mas apenas na quarta-feira especificou os locais para a devolução.

O caso das joias é investigado pela Polícia Federal e pode levar o ex-chefe do Executivo, a depender do resultado de investigações anunciadas por órgãos de controle, a responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos (peculato), descaminho e delitos de natureza tributária, o que pode torná-lo inelegível, de acordo com especialistas.