Joesley quebra silêncio e fala de delação como “renascimento”: “um novo ser humano”

Empresário afirmou que teve "coragem para romper com elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades do nosso país"

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Em artigo publicado neste domingo no jornal Folha de S. Paulo, o empresário Joesley Batista, da JBS (JBSS3), quebrou o silêncio e decidiu falar publicamente sobre a sua delação premiada, que gerou a maior crise do governo Michel Temer. Ele afirmou que não esperava o “súbito vazamento” e quebrou o silêncio “para acabar com mentiras e folclores e dizer que é de carne e osso”.

Ele apontou que a data do vazamento da colaboração premiada – 17 de maio, aniversário de um de seus filhos — foi também “o dia de seu renascimento”. “Senti-me um novo ser humano, com valores, entendimento e coragem para romper com elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades do nosso país”, afirmou.

De acordo com ele, desde que houve o vazamento, a sua reação foi de medo, preocupação e angústia. “Desde então, vivo num turbilhão para o qual são arrastadas minha família, meus amigos e funcionários”, afirma.  Ele diz ainda que políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da J&F para suas campanhas eleitorais, passaram a criticá-lo, lançando mão de mentiras. “Disseram, por exemplo, que, depois da delação, eu estaria flanando livre e solto pela Quinta Avenida, quando, na verdade, nem em Nova York eu estava”, afirmou, dizendo que foi “para uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos, longe da curiosidade alheia”.

Continua depois da publicidade

Segundo Joesley, “a única verdade que sei é que, desde aquele 17 de maio, estou focado na segurança de minha família e na saúde financeira das empresas, para continuar garantindo os 270 mil empregos que elas geram”. “Por isso, demos início a um agressivo plano de desinvestimento que tem tido considerável êxito, o que demonstra a qualidade da equipe e das empresas que administramos.”

De volta a São Paulo, Joesley afirma ver na imprensa “políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de ‘abuso de autoridade'”. “Eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família”, destacou. 

Joesley ainda reclama que “poucos mencionam a multa de R$ 10,3 bilhões que pagaremos, como resultante do nosso acordo de leniência”. Segundo ele, a obrigação servirá para que as próximas gerações jamais se esqueçam dessa lição do que não fazer. “Não tenho dúvida de que esse acordo pagará com sobra possíveis danos à sociedade brasileira”, afirma.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.