Joe Biden volta a ser franco favorito com força do establishment e momentum

Embora a disputa sequer tenha chegado à de metade dos 3.979 delegados, uma nova virada de Sanders é considerada cada vez menos provável

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A surpreendente vitória de Joe Biden na chamada “Super Terça”, dia decisivo para as primárias do Partido Democrata, coloca o ex-vice-presidente na gestão Barack Obama novamente na posição de franco favorito para representar a legenda nas eleições presidenciais norte-americanas contra o atual presidente Donald Trump.

O desempenho também reforça o movimento de recuperação da campanha de Biden — que correu riscos de naufragar após resultados muito ruins na largada das primárias até o bom desempenho na Carolina do Sul — e a força do establishment democrata, que trabalhou a favor da construção de um cenário mais favorável para uma candidatura centrista.

Conforme pontua o analista político Victor Scalet, da XP Investimentos, o maior risco para as candidaturas consideradas moderadas no partido era justamente a pulverização de nomes, que disputavam praticamente a mesma faixa de delegados. Confira entrevista na íntegra pelo vídeo acima.

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Nesse sentido, as desistências de 4 pré-candidatos (Tom Steyer, Pete Buttigieg, Amy Klobuchar e Michael Bloomberg) e o subsequente apoio a Biden certamente contribuem para seu ganho de força do ex-vice-presidente, que agora corre como a única alternativa de centro. Isso mitiga o risco de o centro ficar abaixo da cláusula de desempenho em alguns estados e entregar de bandeja mais delegados à ala mais à esquerda.

Por outro lado, seu principal adversário no pleito, o autodeclarado socialista democrata Bernie Sanders, divide espaço com Elizabeth Warren, que até o momento continua no pleito, embora enfraquecida com a terceira colocação em seu próprio estado, Massachusetts. A fragmentação agora passa a ser uma pedra no sapato da esquerda, embora não com a mesma intensidade que foi para os centristas.

“Depois da Carolina do Sul, o desempenho de Biden foi surpreendente e ajudou a mudar a narrativa da campanha”, observa Scalet. Ele lembra que, em diversos estados, pesquisas mostraram que os filiados democratas decidiram seus votos às vésperas do pleito, o que potencializa o efeito do bom momento de campanha do ex-vice sobre a escolha.

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“Mas outro fator muito relevante para o que aconteceu na Super Terça foi a desistência de alguns candidatos e a permanência de Warren. A impressão que fica é que houve algum tipo de acordo do establishment do Partido Democrata, que não quer um candidato como Sanders, que toca fora da banda”, complementa.

Embora as primárias democratas ainda não tenham chegado à alocação de metade dos 3.979 delegados em disputa, o analista vê chances reduzidas de Sanders avançar sobre o terreno recém-reconquistado por Biden. Com o ganho de tração junto às estruturas do partido e a moral conquistada pela campanha nos últimos dias, o ex-vice de Obama reduz riscos de surpresas.

“O partido conseguiu limpar o campo. Pete e Amy voaram para dar apoio a Biden. No Texas, o ex-candidato Beto O’Rouke apoiou Biden. Foi uma vitória do establishment do Partido Democrata. Houve o ímpeto da campanha de Biden após o resultado da Carolina do Sul e o partido conseguiu atuar de maneira a manter o establishment no poder”, afirma Scalet.

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No mercado de apostas, Biden nunca esteve tão forte. Agora, a probabilidade atribuída a uma vitória dele nas primárias é de 84,3%, contra 15,8% de Sanders. Dez dias atrás, era o socialista que liderava, com 57,3%, contra 9,9% do ex-vice de Obama, 21,8% do magnata Bloomberg e 10,7% de Buttigieg. Mesmo assim, Donald Trump continua favorito nas eleições.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.