João Santana diz a Moro que mentiu à PF para não “destruir a presidência” de Dilma

Segundo o Estadão, ex-marqueteiro do PT citou três fatores que, segundo ele, pesaram para que mentisse em seu primeiro depoimento

Lara Rizério

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SÃO PAULO –  O publicitário João Santana e sua mulher, Mônica Moura, admitiram na quinta-feira (21) em audiência com o juiz Sergio Moro que receberam dinheiro de caixa dois para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff de 2010. Em fala para Moro, Santana e a esposa afirmaram que os depósitos no valor de US$ 4,5 milhões feitos pelo lobista Zwi Skornicki na conta deles na Suíça de fato serviram para quitar dívidas da campanha de 2010, que somavam R$ 10 milhões.  

Em março, quando foram presos, eles tinham dito que o dinheiro era relativo às campanhas que fizeram no exterior. Eles afirmaram agora que mentiram no primeiro depoimento para não prejudicar a agora presidente afastada.

Segundo o Estadão, João Santana citou três fatores que, segundo ele, pesaram para que mentisse em seu primeiro depoimento:  o psicológico – o susto da prisão – o “profissional” – queria manter o sigilo do contrato com o PT – e o “político”. Em relação ao terceiro ponto, Santana, que atuava como conselheiro de campanhas e estratégias eleitorais da petista, disse que não queria “destruir a presidência”, em um momento em que o impeachment de Dilma Rousseff o impeachment da petista era discutido na Câmara.

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“Eu raciocinava comigo, eu que ajudei de certa maneira a eleição dela não seria a pessoa que iria destruir a presidência, trazer um problema. Nessa época já iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto, e sabia que isso poderia gerar um grave problema até para o próprio Brasil”, afirmou. 

Pelo Twitter, Dilma afirmou que não autorizou pagamento de caixa 2 a ninguém. “Se houve pagamento, não foi com o meu conhecimento”, destacou.

“Eu não quis atrapalhar o processo, não quis incriminá-la [Dilma]. Não quis colocar isso porque achava que iria piorar a situação. Achava que ia contribuir para piorar a situação do país falando o que realmente aconteceu. E acabei falando que foi recebimento de uma campanha no exterior. Eu queria apenas poupar, não piorar a situação que estava acontecendo naquele momento.”

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João Santana também indicou o mesmo motivo para não ter confirmado anteriormente o recebimento. “Achava que isso poderia prejudicar profundamente a presidente Dilma. Nesse momento, eu raciocinava comigo. Eu que ajudei na eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente. Nessa época, se iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto. Sabia que isso poderia gerar um grave problema, ” disse Santana.

Mônica Moura também admitiu que a maioria das campanhas políticas é feita por meio de recursos não declarados.

“Os trabalhos de politicos sempre são pagos em caixa dois. “No meu trabalho, na minha atividade, isso acontece sempre. Os partidos não querem declarar o valor real que recebem das empresas. Em contrapartida, as empresas não querem declarar o valor real dado a cada partido e, nós, profissionais, ficamos no meio disso. Portanto, nunca era declarado todo o valor”, acrescentou.

Durante depoimento prestado ontem ao juiz Sérgio Moro, João Vaccari, citado no depoimento, preferiu ficar em silêncio. Em nota, o PT declarou que todas as “operações do partido foram feitas dentro de legalidade”. O partido também ressaltou que a s contas de campanha eleitoral de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.