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SÃO PAULO – A retomada do crescimento econômico no Japão não depende, como muitos analistas acreditam, do aumento da natalidade do país, que permitiria compensar o maior envelhecimento dos japoneses.
Pelo menos esta é a visão do Instituto Daiwa de Pesquisa, que comparou a taxa de crescimento da economia com o avanço populacional no período entre 1955 e 2003.
População não impediu crescimento histórico
Segundo o pesquisador do Instituto Daiwa, Hitoshi Suzuki, no período em questão o PIB per capta do país cresceu 4,2% na média, muito acima, portanto, do crescimento da população que foi de apenas 0,7% ao ano no mesmo período. Os dados comprovariam que a população não teve forte influência no crescimento do país nas últimas décadas, segundo o pesquisador.
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Atualmente, a população japonesa é estimada em 127,7 milhões de pessoas, e a expectativa é que esse número atinja seu máximo em 2006, depois do que deve cair 20% até 2050. Apesar disso, Suzuki é bastante enfático quando afirma que a crise demográfica não pode ser desculpa para uma queda na atividade da economia japonesa.
Na sua visão, basta que o Japão consiga manter ganhos de produtividade atrativos, que a economia irá continuar crescendo, sobretudo, em uma base per capita.
Para superar o envelhecimento da população e queda da natalidade, Suzuki defende a liberalização do comércio e a ampliação das vantagens tecnológicas do Japão como forma de aumentar a produtividade das companhias japonesas.
Livre comércio e tecnologia
No que refere à liberalização do comércio, ele menciona a necessidade de se fazer mais acordos multilaterais e bilaterais de livre comércio com outros países asiáticos, como a China e a Coréia do Sul. A queda das barreiras comerciais favorece a competição, assim como retira recursos das áreas de baixa produtividade.
A saída destes recursos pode colocar um fim ao “velho Japão”, pois deve prejudicar setores menos competitivos como o têxtil, por exemplo, que compete diretamente com produtos chineses de custo de produção muito menor. Porém, deve beneficiar setores baseados em serviço e de tecnologia de ponta.
Os acordos de livre comércio viriam, assim, favorecer a melhor alocação de recursos, o que permite que os países atuem nas áreas onde são mais competitivos. No Japão uso significa investir em tecnologia, o que traria ganhos de produtividade que poderiam sustentar o crescimento da economia. Porém, para que o Japão avance nas negociações comerciais com China e Coréia do Sul é preciso que esteja preparado para superar os conflitos políticos com os seus vizinhos.