Ipespe: Sem Doria, Lula e Bolsonaro mantêm polarização, e “terceira via” segue atrás dos dois dígitos

Dupla concentra 79% das intenções de voto em cenário estimulado, e reduz espaço para "centro" mesmo após saída de candidatos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma semana após João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo, desistir de sua candidatura à Presidência da República, os nomes da chamada “terceira via” seguem sem apresentar melhora de desempenho na corrida ao Palácio do Planalto e ameaçar o quadro de polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A nova rodada da pesquisa Ipespe, divulgada nesta sexta-feira (3), mostra que, a quatro meses do primeiro turno, as promessas de que a redução na oferta de nomes alternativos à polarização para a disputa naturalmente traria mais competitividade para representantes da “terceira via” não se confirmam.

Segundo o levantamento, no cenário estimulado – quando os entrevistadores apresentam aos eleitores nomes de candidatos – Lula segue na liderança com 45% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, que aparece com os mesmos 34% da semana anterior.

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A dupla sustenta vantagem de 25 pontos percentuais sobre Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, que oscilou positivamente 1 p.p. em uma semana e agora conta com o apoio de 9% dos entrevistados ‒ 2 p.p. a menos que seu maior patamar registrado na série histórica.

Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que tenta se firmar como a representante da “terceira via” na disputa, mantém os 3% da semana passada ‒ o que indica que, ao menos por ora, não conseguiu se beneficiar diretamente da desistência de Doria, que aparecia com não mais que 2% das intenções de voto na última pesquisa.

A parlamentar está em situação de empate técnico com André Janones (Avante), Vera Lúcia (PSTU) e Pablo Marçal (Pros) ‒ os três com 1% das intenções de voto.

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Outros nomes como o do deputado Luciano Bivar (União Brasil), José Maria Eymael (DC), Felipe D’Avila (Novo), Leonardo Péricles (UP) e Sofia Manzano (PCB) não pontuaram.

O Ipespe mostra que o grupo que apresentou a maior oscilação da semana passada para cá foi o de eleitores que dizem que não votariam em nenhum dos nomes apresentados, votariam em branco ou anulariam o voto. Eles agora respondem por 7% do eleitorado – ainda assim, 5 pontos a menos do que o maior patamar registrado neste ano.

No cenário espontâneo (quando o eleitor aponta seu candidato sem que nomes sejam apresentados pelo entrevistador), Lula e Bolsonaro concentram 68% dos votos – o que reforça a percepção de disputa polarizada.

Neste caso, Ciro Gomes tem 5%. Simone Tebet e André Janones aparecem com 1% cada. Votos em branco, nulos e indecisos somam 7% do eleitorado.

O levantamento foi realizado entre os dias 30 e 31 de maio e contou com 1.000 entrevistas telefônicas. Foram ouvidos eleitores com 16 anos ou mais, de todas as regiões do Brasil, respeitando a proporção da população. O levantamento contou com cotas de sexo, idade e localidade; e controle de instrução, renda e recall do voto presidencial 2018.

A margem de erro estimada é de 3,2 p.p.. Já o intervalo de confiança é de 95,5%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro do limite da margem de erro.

A pesquisa Ipespe foi feita a pedido da XP Investimentos e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-02893/2022.

Segundo turno

O levantamento apresenta cinco simulações de segundo turno. O nome de Lula é testado em três delas. Na primeira, o líder petista derrotaria Bolsonaro por 53% a 35% se a disputa ocorresse hoje – cenário idêntico ao da semana passada.

No segundo cenário, Lula supera Ciro Gomes por 54% a 26% – diferença menor em 1 ponto percentual em relação à pesquisa anterior. Já no terceiro, contra Simone Tebet, o petista teria 56% dos votos, em uma vantagem de 36 pontos percentuais.

Uma quarta simulação mostra que Bolsonaro e Ciro Gomes estariam em situação de empate técnico, próximo ao limite da margem de erro. O ex-governador, porém, aparece em vantagem numérica de 5 pontos: 45% a 40%.

Bolsonaro também aparece em empate técnico quando a disputa ocorre com Simone Tebet. Neste caso, no entanto, o presidente conta com uma vantagem numérica de 4 pontos percentuais: 41% a 37%. Como a margem de erro é de 3,2 p.p., Bolsonaro pode ter no mínimo 37,8%, e Simone no máximo 40,2%.

Probabilidade de voto

O Ipespe também testou a probabilidade de voto para sete dos candidatos mais bem posicionados. O ex-presidente Lula conta com o mais elevado percentual de eleitores que dizem que poderiam votar nele ou com certeza votariam (56%). Na sequência, aparecem Ciro Gomes (55%), Bolsonaro (41%) e Simone Tebet (32%).

Do lado da rejeição, Bolsonaro é quem concentra o maior percentual de eleitores que dizem que não votariam nele de jeito nenhum: 59%. Ele é seguido por Lula (43%), Ciro Gomes (40%) e Luciano Bivar (38%).

Questionados sobre a importância de determinados atributos para o próximo presidente, os entrevistados deram destaque para “honestidade” (81% “muito importante”, e 16% “importante”), “preocupação com as pessoas” (77% “muito importante”, e 21% “importante”), “competência” (72% “muito importante”, e 25% “importante”), e “inteligência” (66% “muito importante”, e 31% “importante”).

Ao associar as características com os principais candidatos, Lula lidera em todas elas com vantagem superior a 6 pontos percentuais, menos em relação a pulso firme. Neste caso, Bolsonaro aparece com 36% – 3 pontos percentuais a mais que o petista.

No atributo “competência” – que costuma ser a característica mais associada a gestores –, Lula aparece com 43% das menções, contra 31% do atual mandatário. Ciro Gomes se destacou em características como “inteligência” e “ideias novas e modernas”, ambas com 18%, e “pulso firme”, com 15% das menções.

Já Simone Tebet tem seus melhores registros em “equilíbrio”, “ideias novas e modernas” e “honestidade”, com 10%, 7% e 6% respectivamente.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.