Investidores divergem sobre nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff

Em enquete da InfoMoney, maioria dos usuários dá nota zero aos nomes anunciados, mas médias 5 e 7 também têm votos expressivos

Anderson Figo

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SÃO PAULO – Em meio a diversas especulações, finalmente a equipe de transição de governo anunciou no último mês os nomes que irão compor a equipe econômica da presidente eleita Dilma Rousseff, do PT, nos próximos quatro anos. Sem surpreender, os anúncios dos nomeados dividiram a opinião dos investidores.

Em enquete elaborada pelo Portal InfoMoney, essa indefinição de opniões foi evidenciada nos 1.761 votos coletados ao longo da última semana. Quando questionados sobre qual nota dariam para a nova equipe econômica nomeada para o próximo governo, a maioria dos leitores respondeu zero. Foram 295 opiniões para esta alternativa, representando 16,75% do total apurado.

Apesar disso, com apenas 39 votos a menos, a média 5 foi a segunda resposta com maior número de votos na enquete, representando 14,54% do total apurado. Também com um número expressivo de votos, 236, a média 7 fechou o ranking das três respostas mais escolhidas pelos leitores na avaliação da InfoMoney.

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Nova equipe econômica
A equipe de transição do governo confirmou no dia 24 de novembro o convite da presidente eleita Dilma Rousseff para que Guido Mantega permaneça à frente do Ministério da Fazenda. O ministro aceitou exercer a função por mais quatro anos. Em nota, o grupo ainda confirmou a indicação de Miriam Belchior para liderar o Ministério do Planejamento e de Alexandre Tombini para presidir o Banco Central. As nomeações já eram alvo de rumores.

Vale ressaltar que o nome de Tombini, que atualmente exerce o cargo de diretor de Normas do Banco Central, foi aprovado em votação no Senado na tarde desta quarta-feira.

Com a votação promovida pela InfoMoney já encerrada, nesta tarde também saíram os nomes da equipe do Ministério da Fazenda que vão compor o novo governo.

Nomes não surpreendem
Uma vez divulgada, a composição da equipe econômica do governo de Dilma Rousseff nos próximos quatro anos não trouxe surpresas para os economistas. “Os três me parecem muito cheios de boas intenções”, disse André Perfeito, economista chefe da Gradual Corretora. “No entanto, ainda temos que ver a funcionalidade das três pastas. Os desafios são grandes: conduzir uma política monetária que controle a inflação e ao mesmo tempo faça cair o juro, uma política fiscal rígida que ainda faça gerar investimentos”, completou.

Segundo o economista-chefe da Planner, Rodney Otero Melhados, as mudanças com a nova equipe são poucas. “A principal mudança que vai trazer impacto, principalmente para a política monetária, é o Banco Central, que está um pouco mais enfraquecido”, disse.

O economista também revelou sua análise sobre os cargos de Mantega e Belchior. “Na outra ponta, o Ministério da Fazenda ficará igual com o Mantega. O Ministério de Planejamento estará um pouco mais fortalecido, principalmente porque eles vão drenar um pouco do poder da Casa Civil e colocar na mão do Ministério do Planejamento, especialmente no que se trata ao PAC (Programa de Aceleração do Desenvolvimento)”, avaliou Melhados.

De acordo com os economistas ouvidos pela InfoMoney, a política fiscal deverá ser um dos principais pontos de atenção no governo de Dilma, especialmente no primeiro ano de mandato. “Eu vi que o Mantega disse que pretende cortar gastos. Ele não demonstrou neste ano que isso é um fato. Pelo contrário, ele adotou uma política fiscal frouxa no ano em que ele não precisava fazer isso”, argumentou Melhados.

Em geral, os economistas não possuem consenso sobre a taxa básica de juro, mas há quem acredite que ela iniciará o próximo ano sendo elevada já na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em janeiro.

“Por enquanto, nós temos trabalhado com uma elevação um pouco mais para frente, até por conta do cenário internacional, mas existe tal hipótese. Eu acho que vai depender muito do desenvolvimento das expectativas de inflação até o final do ano, e também do desenrolar dos preços das commodities no mercado internacional e os impactos que isso vai ter sobre o mercado nacional”, argumentou, por sua vez, Thais Zara, economista chefe da Rosemberg & Associados.

Confira o resultado completo da enquete:

Que nota você dá para a equipe econômica
nomeada para o próximo governo?
Respostas Votos
Representatividade
0 295 16,75%
1 40 2,27%
2 78 4,43%
3 73 4,15%
4 125 7,10%
5 256 14,54%
6 188 10,68%
7 236 13,40%
8 183 10,39%
9 85 4,83%
10 202 11,47% 
Total 1.761 100%