Impeachment está quase totalmente precificado, diz Goldman; então, por que é preciso prestar atenção?

Passado o impeachment, o mercado irá, provavelmente, se focar no desejo e na capacidade da administração Temer acelerar e aprofundar ajuste fiscal

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O julgamento final de Dilma Rousseff no Senado começou nesta quinta-feira e, de acordo com o Goldman Sachs, a saída definitiva da petista do cargo de presidente está quase totalmente precificada pelos mercados. 

Porém, de uma certa forma, os mercados voltarão os seus olhos para outras questões do governo do até agora presidente interino Michel Temer caso o impeachment seja confirmado. Segundo o economista-sênior do Goldman, Alberto Ramos, o mercado irá, provavelmente, se focar no desejo e na capacidade da administração Temer acelerar e aprofundar ajuste fiscal, além da capacidade de a base aliada no Congresso se engajar nos seus objetivos.

Segundo Ramos, o mercado pode reagir positivamente a três sinais: i) fim das concessões a presssões de grupos por gastos governamentais adicionais e outras concessões com custo fiscal; ii)  aprovação rápida no Congresso da PEC do teto de gastos e iii) uma forte reforma na previdência social. 

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

“No geral, o fim da saga do impeachment pode encorajar o governo Temer a acelerar o ajuste e propor medidas de ajuste mais profundas, mas o grau de apoio no Congresso para as medidas politicamente sensíveis e impopulares permanecem obscuras. Na verdade, nós não ficaríamos surpresos em ver o conteúdo/espinha dorsal de alguma lei de ajuste fiscal ou reforma sendo enfraquecidas no Congresso”, diz o economista do Goldman.

Além disso, há outras questões: as ameaças de rompimento de partidos como o DEM e o PSDB da base aliada do governo Michel Temer, que estão sendo constantes. Primeiro foi Ronaldo Caiado (DEM-GO) e depois foi Tasso Jereissati (PSDB-CE), que falaram em sair da base caso o governo trabalhe pela aprovação do projeto que aumenta o salário dos ministros do STF. 

Porém, de acordo com a LCA Consultores, essas “não são ameaças críveis”. Isso porque o PSDB tem três ministérios (Relações Exteriores, Justiça e Cidades) e outros cargos importantes no segundo escalão do governo. “Não parece disposto a abrir mão desses espaços tão cedo”, dizem os consultores. Já o DEM possui o Ministério da Educação; além disso, após passar tempos difíceis na oposição, “dificilmente deixará o abrigo governista”, diz a LCA. 

Continua depois da publicidade

A consultoria ainda aponta que, mesmo se houver o rompimento, PSDB e DEM não vão deixar de votar a favor das reformas fiscais após se apresentarem como defensores ferrenhos do ajuste das contas públicas.

Porém, aponta a consultoria, a relação entre PSDB, DEM e o PMDB do Senado está mesmo abalada. “São ecos de 2018 já se manifestando. Os diferentes projetos de poder para 2018 ainda parecem manejáveis dentro da coalizão governista. Porém, serão um crescente desafio à unidade do governo Temer”, afirma a LCA.

Vale destacar que, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o reajuste no STF não será capaz de fazer com que o PSDB rompa com o governo. O grande teste de governabilidade será a votação da PEC que estabelece um teto de gastos. Caso a medida não passe no Congresso ou se sair dele totalmente desfigurada, o PSDB deve pular do barco.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.