HSBC: PIB deve crescer 3,7% em 2012, mas inflação ainda pode pressionar

Previsão do banco é de balança comercial menos relevante no ano que vem, com fuga de investidores estrangeiros

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Começando em ritmo lento no ano que vem, a economia brasileira deve começar a ser impulsionada pelas medidas adotadas pelo Governo a partir do segundo semestre, segundo análise do HSBC. Para 2012, a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no País é de 3,7%, contra alta de 3% neste ano.

Apesar da percepção de que o corte na taxa básica de juros pelo Banco Central e os alívios tributários impedem que a ativida entre em maior desaceleração, o banco crê que o avanço dos preços volte a ser problema para o Brasil no próximo ano. A estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial, é de 6,5% em 2011, ou o teto da meta, e de 5,4% em 2012.

Por falar em Selic, a instituição segue o consenso de mercado e já projeta os juros em 9% ao fim das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do próximo ano. A volatilidade do real no mercado de câmbio também deve trazer desafios ao BC, de acordo com o relatório, e a probabilidade de que a autoridade monetária ofereça financiamento se utilizando das reservas internacionais é grande, para contornar as dificuldades de captação no exterior.

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Fuga de dólares
A divisa norte-americana pode ser um problema principalmente por conta dos investimentos estrangeiros direitos. Se nesse ano a expectativa é de forte avanço frente aos anteriores, alcançando US$ 60 bilhões, em 2012 a cifra pode baixar a US$ 45 bilhões, nível parecido ao pré-crise.

Para o analista Constantin Jancsó, do HSBC, a mudança recairá sobre a balança comercial do País, que, após fechar dezembro em algo próximo a US$ 33,2 bilhões positivos, é esperada em US$ 23,4 bilhões no ano que vem. A demanda interna também já vem deteriorada, com menores investimentos e contenção do orçamento das famílias, mas as isenções fiscais para a linha branca, por exemplo – “a cartilha de 2008”, nas palavras do especialista – trará uma desaceleração menor que a esperada do consumo.

Eventos para 2012
Por fim, Jancsó cita uma reformulação do gabinete do Governo como uma das principais medidas a serem anunciadas no próximo ano. Além disso, o HSBC aguarda cortes nos gastos públicos para 2012, a fim de conter o déficit público brasileiro. Neste ano, a projeção é de conta negativa em US$ 47,1 bilhões, e em US$ 50,4 bilhões daqui a 12 meses.